"Criei um vínculo com o Atlético que não se desfaz, vai durar para sempre." A declaração do atacante Washington acaba com qualquer dúvida que possa existir sobre o que a temporada defendendo o Furacão representou na sua vida. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, por telefone, o Coração Valente fala sobre suas peripécias para acompanhar a campanha rubro-negra na Libertadores, analisa os seus sucessores no ataque e sugere como a equipe deve se comportar diante do São Paulo, no Morumbi lotado, para conquistar o maior título da história do clube.
Gazeta do Povo Você está acompanhando o Atlético na Libertadores?
Washington Claro. Mais pela internet. Consegui ver apenas o último jogo. Aqui foi às 9h45 da manhã e eu tinha treino regenerativo. Havia levado uma pancadinha no dia anterior e não era nada, mas pedi para ficar fazendo gelo e assim assistir ao jogo no departamento médico.
O que você achou da transferência da partida para Porto Alegre?
O Atlético foi prejudicado, seria muito mais forte dentro da Baixada, se fosse em casa ganhava com certeza. A torcida inflama os jogadores, incentiva, é especial.
No Japão a torcida é muito diferente. Você tem saudade dos torcedores atleticanos?
Acho que teria saudade deles em qualquer lugar. Nunca, jamais na minha vida vou esquecer o tratamento que recebi dos torcedores, me transformaram em um ídolo. Era impressionante jogar na Arena lotada, recebíamos uma força imensa. Aqui a cobrança é menor, a torcida é mais fria, bate palma até para o adversário (risos).
O fato de o Atlético jogar a decisão no Morumbi prejudica muito a equipe?
Acho que o São Paulo pode levar vantagem por isso e por estar jogando há mais tempo junto. O Atlético mudou bastante desde o ano passado, mas a vontade dos jogadores pode compensar, equilibrar o jogo.
Qual comparação entre os times vice-campeão de 2004 e finalista da Libertadores em 2005?
A equipe hoje é muito determinada. Vi na final o quanto os jogadores se doaram. Não é tão entrosada como no ano passado. O time era tecnicamente melhor. Mas agora é muito guerreira e a Libertadores é isso. Às vezes tem de deixar a técnica de lado e jogar na vontade.
Qual a sua opinião sobre o atual ataque rubro-negro?
São grandes jogadores. O Lima superou um começo de ano ruim, quando pegaram muito no pé dele por ter vindo do Coritiba. O Aloísio é um goleador, tem sido fundamental nesta Libertadores.
Ainda consegue manter contato com os ex-companheiros de clube?
Infelizmente é muito difícil por causa da distância e dos horários (12 horas a mais no Japão). Mas tenho muita saudade. Estive aí em junho para fazer exames de rotina e estava louco para visitá-los. Mas eles estavam viajando e também não tive tempo. Uma pena. De certa forma, estou perto porque sempre acompanho tudo.
Você gostaria de estar aqui vivendo este momento do Atlético?
Claro que dá vontade. Participei diretamente para colocar o clube na Libertadores. Estou feliz aqui, mas por tudo que vivi aí, eu adoraria participar desse momento. Criei um vínculo com o Atlético que não se desfaz, vai durar para sempre.
Se pudesse falar com os jogadores, que recado daria às vésperas desse jogo tão importante?
É o jogo de uma vida. Há chance sim, de serem campeões. Eu estou torcendo muito e se os jogadores se unirem e levarem isso para o campo esse sonho é possível. Estou esperando eles aqui ... (o Mundial de Clubes será disputado no Japão, em novembro)
Qual a situação do Verdy Tóquio na J-League?
Apesar de estar brigando pela artilharia, tenho 10 gols em 14 jogos (mais da metade dos 18 marcados pela equipe), não estamos bem, somos o 15.º (entre 18 participantes). Agora acho que vai melhorar com a chegada do Gil (atacante do Corinthians). Será bom para mim também fora de campo, pois era o único brasileiro na equipe.
A adaptação está difícil?
Eles são extremamente atenciosos, sou muito bem tratado. Já estou acostumado. A saudade é complicada, mas estou fazendo isso pelo futuro da minha família. Difícil mesmo é a língua, dá até para falar algumas palavras. Mas é impossível ler, já desisti de tentar aprender.