Alviverde veta material de torcidas organizadas
O Coritiba manteve a decisão de não permitir a entrada de torcedores com vestimentas e adereços de qualquer torcida organizada na partida de amanhã, contra a Portuguesa, na volta do Alviverde ao Alto da Glória. Para isso, o clube agirá sozinho e contratará entre 270 e 300 seguranças particulares. A PM afirma que não pode ajudar o clube na ação, pois, de acordo com o novo Estatuto do Torcedor, as organizadas foram reconhecidas como entidades legítimas.
O Coritiba está em festa, o torcedor também. Mas, para alguns, a volta do Alviverde ao Couto Pereira ainda não será suficiente para apagar as marcas deixadas pela tarde do dia 6 de dezembro de 2009. O apito do árbitro Leandro Vuaden selou o rebaixamento do Coxa para a Segunda Divisão, e deu início também a uma das páginas mais lamentáveis da história centenária do clube.
Membros da torcida organizada invadiram o gramado e travaram uma batalha contra a Polícia Militar. Com pedaços de pau, alguns vândalos espancaram o soldado Luís Ricardo Gomide, deixando-o desacordado. Em contrapartida, os policiais atiravam com balas de borracha em direção às arquibancadas. Um desses disparos acertou a cabeça do estudante de Gastronomia Anderson Rossa de Moura.
Os dois foram hospitalizados na época, mas ainda hoje convivem com as sequelas. Apesar de afirmar ter dado a volta por cima, o policial conta que sofre ao voltar ao Couto Pereira. Ele foi escalado para o Atletiba que decidiu o título do Estadual. "Tive dores de cabeça no dia do jogo. Parecia que tinha apanhado tudo de novo", conta Gomide, que não imagina que um dia conseguirá esquecer completamente o que passou. "Jamais vou superar tudo."
Situação bem mais difícil vive Anderson, hoje com 20 anos. Depois de 17 dias na UTI, ele voltou para casa com perda parcial da audição e visão periférica, dificuldades de fala e problemas na coordenação do braço direito. Sem data para uma recuperação total, vive às voltas com fisioterapeutas e fonoaudiólogos. "Pelo que passou, ele está bem melhor. Nos próximos dias, deverá fazer uma cirurgia para recompor o osso da cabeça", conta o irmão mais velho, André Moura.
Vítimas e familiares, no entanto, têm uma reclamação comum: o afastamento do Coritiba no processo de recuperação. "Nunca falaram comigo. Nem uma ligação para saber como eu estava", reclama o soldado Gomide. "O Coritiba até envia a fisioterapeuta do clube para tratar o meu irmão, mas já avisou que irá cortar. Ele também precisa de fonoaudiólogo, que custa caro", acrescenta André.
As cirurgias de Anderson foram realizadas pelo SUS. Como a mãe é diarista, as consultas fonoaudiólogas só ocorrem quando algum amigo resolve ajudar. A assessoria de imprensa do clube se limitou a dizer que tem ajudado Anderson desde o início com as sessões de fisioterapia.
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