Greca prometeu a extinção dos radares e trocá-los por lombadas| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Cronograma das sabatinas

• Quinta-feira (13) – Luciano Ducci

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A Gazeta do Povo iniciou na segunda-feira (10) a série de sabatinas com os candidatos a prefeito de Curitiba. O primeiro a ser entrevistado foi Rafael Greca (PMDB).

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Ele contou sobre sua trajetória política: a experiência como ministro do Esporte e Turismo, a mudança do grupo político de Jaime Lerner para o de Roberto Requião. E falou sobre seus planos para Curitiba. Sua prioridade, disse ele, será deixar a cidade limpa no aspecto "físico e no moral".

FOTOS: Veja a galeria de imagens da sabatina de Rafael Greca

VÍDEO: Assista alguns trechos da sabatina com Rafael Greca

O senhor administrou Curitiba [na década de 90], saiu da prefeitura bem avaliado, se elegeu deputado federal mais votado do Paraná. Depois, foi ministro do Esporte e Turismo [do governo FHC]. Mudou então de partido, deixou o grupo político de Jaime Lerner e migrou para o PMDB de Roberto Requião. Após tudo isso, não conseguiu mais resultados eleitorais tão expressivos. A que atribui isso?

O fato de eu ter mudado de partido em 2003, é uma coisa que já foi assimilada pela população. O então governador Jaime Lerner não quis o meu nome para sua sucessão. É sabido que votaram contra mim. O fato de eu entrar no MDB me fez ver os dois lados do processo político curitibano, acho que isso é um ponto ao meu favor. Eu posso fazer um resumo do que o lado da política ligada ao Jaime Lerner tem de melhor e o que com o lado da política curitibana ligada ao Requião tem de melhor. Mas, não era eu. Eu sou único e singular. E sou eu que sou candidato de a Prefeito de Curitiba.

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Essa postura de desvinculação partidária é um fenômeno da política brasileira. No caso do senhor, qual é sua convicção partidária?

O berço dos Richa era o PMDB, eles criaram asas e viraram tucanos ou ‘demotucanos’. Esse é o processo político. Eu fiquei dez anos no PDT, fiquei uns anos no PFL e agora estou há dez anos no PMDB. A minha convicção partidária é social democrata. Eu trago o que há de melhor na minha trajetória política para essa minha proposta de novo mandato. E o PMDB me deixa muito a vontade, pois eu não tenho nenhuma restrição ao programa do PMDB. Por exemplo, quando o PMDB propõe redução de impostos, participação popular, eu gosto disso. Eu, na verdade, preciso de um partido para ser candidato a prefeito, mas não me faltaria disposição para ser candidato avulso, se a lei permitisse. Eu quero ser prefeito para servir a cidade, para tomar de volta a minha história.

O senhor quer dizer, então, que o PMDB seria uma mera necessidade?

O PMDB é o partido que me deu a legenda. Agora, o fato de eu ser candidato a prefeito de Curitiba é muito mais que um serviço ou uma legenda. É um serviço a minha história e a história da minha adorada Curitiba. Será um serviço para Curitiba quando eu despoluir os rios, iluminar as ruas, quando eu reascender os faróis do saber, quando eu retomar a ideia de fazer parques em fundos de vale, quando eu mandar lavar com água e sabão a calçada de petit-pavé da Rua XV, que hoje gruda o pé da gente de tanta sujeira; quando eu jogar cal nos bueiros para que eles não fedam. Percebem que Curitiba fede, agora? Fede por excesso de potencial construtivo. Nos últimos quatro anos, o potencial construtivo da cidade aumentou em 125% e quem criou o potencial construtivo fui eu, no IPPUC, para salvar casas históricas e bosques. A ideia nós chamávamos de solo criado. Eu fiz um croqui e levei ao então prefeito Jaime Lerner que o aprovou, depois eu coloquei isso como deputado federal no estatuto das cidades e, hoje, o excesso de potencial construtivo está despejando na rede de água pluvial o esgoto desses prédios novos no lugar que a rede de esgoto não suporta. Não há porque feder a Rua D. Pedro II com a Coronel Dulcídio. O Batel "Soho" virou Batel Socorro. A cidade está perdendo suas conquistas de urbanismo e é por isso também que eu sou candidato.

Mas não se governa sozinho. Quem vai governar com o senhor, qual o papel do Requião na sua gestão?

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O Requião continua sendo senador da República, felizmente, reinante em Brasília. Deixa ele lá. Quem vai governar comigo é o povo de Curitiba. Vou abrir a internet todo dia 29 para todo mundo dar palpite e o Requião também pode dar um palpitezinho, de vez em quando. Ele tem uma experiência política que não é desprezível, mas ele é senador, presidente do parlamento do Mercosul e ele não precisa de mim para fazer voos políticos dele. Ele foi três vezes governador sem mim. Com quanto menos aliados tiver, mais Rafael eu serei. Da outra vez eu tinha poucos aliados, é por isso que eu governei bem. Se eu loteasse previamente a prefeitura já estaria tudo dominado e eu não poderia ser o Rafael que sou. Eu nunca criei um comitê de lealdade em toda minha história, também não sai no Fantástico.

Entre Lerner e Requião, qual foi o melhor prefeito na sua opinião?

Cada um a seu modo foi bom prefeito. O Jaime estruturou a cidade dando um desenho de conformidade com os antigos caminhos. Ele escolheu o caminho da Graciosa, que entrava na cidade pelo Cabral pra traçar a estrutural norte; escolheu o caminho do Portão e da Fazendinha pra traçar a estrutural sul; respeitou, em termos, o núcleo histórico da cidade; fez um único rasgo, que a meu ver não precisaria ter feito, entre a Catedral e a Igreja da Ordem na Ru Nestor de Castro, ali estragou um pouco o tecido urbano tradicional da cidade, mas ele teve muitos acertos e foi um grande prefeito. Também vimos no Requião um prefeito muito voltado ao social, principalmente por valorizar a ideia de administrações regionais, das freguesias, das escolas em integral, ao começar o programa das creches, ao fazer os armazéns de família, que na época ele chamava de mercadões populares, foi um prefeito voltado a estar aonde o povo está. Os dois deram sua contribuição à cidade e não se pode dizer que o Requião tenha destruído o plano do Jaime Lerner. O Requião não fez mal algum ao planejamento de Curitiba, com toda sua oposição ferrenha ao Lerner. Agora, esse prefeito atual e os outros prefeitos que me sucederam estão pondo a perder o plano da cidade e é por isso também que eu sou candidato.

O senhor e o Requião tinham brigas famosas, por exemplo, na questão dos bingos, em que um chamou o outro de "mafioso". O senhor disse também que ele era um homem triste. Com esse passado, o que o senhor pode dizer dele hoje?

Depois nós nos reconciliamos, nós dois temos formação cristã, rezamos o pai nosso. A vida não é um baú de rancores. O passado é o que ficou de bom do passado. Eu passei a apreciar no senador um bom estrategista de políticas públicas para classe populares. Sou muito grato a ele por ter me permitido ser secretário de habitação. Nós juntos fizemos 32 mil casas. O que sobra da vida da gente é o bem que a gente faz. Eu sou o bem que eu consegui fazer para meu povo ao longo da minha trajetória pública. Eu não quero mal o presidente Fernando Henrique [Cardoso], eu não quero mal o presidente Lula e também conheci o presidente Itamar Franco de perto. Eu tenho a qualidade de ter estado em vários governos, de ter visto vários cenários políticos por isso sou o mais experiente e o mais preparado para governar a nossa adorada cidade de Curitiba.

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Como é seu relacionamento com Jaime Lerner?

O melhor possível. Nós somos bons amigos e conversamos muito sobre Curitiba, nos encontramos frequentemente. Tenho carinho pelo Jaime Lerner. Não tenho nenhum problema com ele e nenhum rancor também. Ele conhece meu coração e sabe que sou incapaz de guardar más memórias.

Quanto ao atrito em torno dos bingos, o senhor acha que foi um acerto ou um erro seu ter legalizado os bingos no país? Como o senhor avalia?

Eu fui uma vítima. Eu não legalizei. Tentei mandar para o Congresso uma medida provisória que obrigada 7% do jogo de bingo ser imediatamente recolhido na conta dos sindicatos e federações esportivas e o congresso jamais votou essa medida provisória, porque o congresso tinha lá dentro essas mesmas forças que frequentaram a irresoluta CPI do Carlinhos Cachoeira. O que não havia era o interesse do dinheiro ir para as federações esportivas. O Presidente Fernando Henrique deu uma carta atestando a minha lisura quando eu pedi demissão e quando eu disse a ele "vamos enfrentar essa turma?", ele disse "eu não posso, Rafael. Eu não tenho maioria no Congresso, lá está tudo dominado". Eu fiz tudo que devia e Brasília fez tudo que costumava. E na ocasião que eu brilhei no Senado, os grandes jornais do Brasil não disseram nem ‘fá nem fú’ sobre mim, porque ganhavam dinheiro dos bingos.

Hoje, qual sua opinião sobre os bingos?

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Eu acho que é uma lavagem de dinheiro e se for para ver algum custeio ao esporte, deve ser controlado pelo governo federal, recolhido pela Caixa Econômica Federal. Mas eu acho que permitir uma pessoa que recolha dinheiro sem saber quanto é criar um salão de lavagem de dinheiro.

Se o senhor for eleito prefeito, qual será sua primeira ação na Prefeitura?

Tudo limpo, Curitiba. Lavar, varrer, pintar, recolher as podas de árvore, desentupir os bueiros, evitar as enchentes de janeiro e fevereiro. Tudo limpo no físico e no moral, nas questão das terceirizações, auditorias nas contas dos contratos terceirizados. Uma cidade de cara limpa, com prefeito de alma limpa. Tudo limpo.

Na área de saúde o senhor tem focado nos programas de TV, o senhor trocaria a atual gestão da saúde? Como gestão, o que o senhor faria para melhorar?

É preciso um serviço público com uma gestão pública. E o meu entendimento é que os médicos devem ganhar bem. A gente deve pagar R$1 mil por plantão, por exemplo, deve-se levantar o patamar salarial dos médicos públicos municipais e manter aberto o serviço que possa suportar a demanda. E atrás de cada posto 24h, eu posso falar de cadeira, pois fui eu quem os criou, colocar uma reserva de leitos. Se você tem um posto 24h com 21 leitos, você tem que ter atrás pelo menos cinco vezes mais, resultando em 105 leitos reservados para receber a demanda do posto 24h. Assim era o Centro de Saúde 24h do Boa Vista, que tinha atrás de si o Hospital de Clínicas; o Centro de Saúde do Campo Comprido tinha o Hospital Evangélico; o Centro de Saúde do Boqueirão tinha o Hospital Cajuru. Eu não gosto de Hospital do Idoso, da Mulher, daqui a pouco vai ter ‘Hospital da Loira’, ‘Hospital do Manco’, não precisa. Na minha cabeça, hospital é hospital geral, no máximo dividido em hospital infantil e hospital de adulto. A minha visão é que a cidade precisa de bons hospitais gerais, como o Sírio Libanês [em São Paulo]. Como ela [a cidade] é gestora plena do SUS, tem que por dinheiro firme para garantir a gestão dos centros 24h. Para aliviar a pressão, em cada oito centros, nós criaremos um centro sentinela e um centro 16h, que funcionará das 8h às 24h. Ele vai atender as demandas clínicas e vai deixar as urgências apenas para o 24h apenas com o Samu. As emergências eu vou fazer direto com o Siate e direto nos Hospitais da rede de apoio. Eu vou aumentar os centros de especialidades médicas. A cidade precisa de pelo menos 12, pode ter oito aqui e quatro na RMC. Eu vou ser muito generoso com a saúde.

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Como o senhor instalaria centros de saúde na RMC?

Instalaria junto com os prefeitos locais através de um pacto de SUS, também com o governo federal e o governo municipal. O pacto existe. Hoje, a prefeitura pega o dinheiro para pegar a demanda metropolitana, mas não atende nem os curitibanos nem os metropolitanos. Eu andava no Cajúru e encontrei um hipertenso que disse que não tem mais remédio no posto da Solitude. O povo está vendo isto e está dizendo que o dinheiro que falta para o remédio sobra para bandeiras e cavaletes da eleição.

De onde o senhor tirará a verba para esses projetos na saúde?

Tudo isso custa muita vontade política. Quando eu fui prefeito a cidade tinha um orçamento um pouco menor que hoje, pois aumentou o padrão de arrecadação da população. Eu fui prefeito sem o apoio federal, nós estávamos no rescaldo da era Collor. Para o Bairro Novo, me deram R$1 milhão, o resto eu fiz sozinho. Só eu dos três candidatos tem vontade e experiência para mudar Curitiba para melhor. Tirarei o dinheiro do orçamento municipal, já que está sobrando do excesso de terceirizações. O ICI [Instituto Curitiba de Informática] funciona em um prédio que era público. É o CPD do IPPUC, que eu construí. Eu vejo com tristeza o prédio que eu criei para uso do povo ser sede de uma empresa particular. Os particulares se sentaram nas mesas públicas e viraram donos. Alguma coisa tem que ser terceirizada, mas eu não aceito a usurpação do patrimônio público.

Quanto aos médicos, percebe-se que eles não têm vontade de permanecer no serviço público, como o senhor avalia essa situação?

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Com um bom salário e segurança eles permanecem. Eu conseguia ter seis médicos por turno no posto 24h. Nós podemos ter bons médicos e reestabelecer serviços se tivermos interesse e o único lucro da cidade é o bem estar da população.

Em Curitiba, existem 2100 mil pessoas com dependência química que sofrem com a falta de leitos, o que é possível fazer?

Nós estamos perdendo meninos de rua para a morte. A Praça Eufrásio Correia, a da Estação, está totalmente ocupada pelos excluídos. Eu só pude senti rum nó na garganta da impotência da Prefeitura que largou mão do resgate social. Eu, pessoalmente, comandava o resgate social junto com a Margarita. Tínhamos uma fazenda, Solidariedade, em Campo Magro, que chegou a acolher 800 moradores de rua. Tínhamos uma casa de acolhida e de regresso na rodoviária, para que as pessoas do interior, que consumindo suas poupanças pudessem ter a passagem de volta para não terem que ficar na cidade se prostituindo. Nós tínhamos um ônibus da linha Sopão, a gente fazia a triagem do serviço social, as assistentes sociais conversando com a população de rua dentro do ônibus, na praça dos travestis, na praça da prostituição feminina, na praça Tiradentes, nós cuidávamos pessoalmente do resgate social. Quase todos os mendigos eu conhecia pelo nome. Nós trabalhamos fortemente no resgate social. Isso tem que ser retomado. Hoje, se pegarmos os moradores de rua em surto, leva-se para o CRAS, depois para o CAPS I e CAPS II. O [Luciano] Ducci, orgulhoso, baseado em um programa da presidente Dilma, diz que vai fazer um CAPS III, depois eles soltam na rua. Não tem aonde levar. O Bom Retiro está perdendo espaço com o silêncio da cidade. Nele, eu montaria um Bosque da Saúde, um grande programa de acolhimento social. Só que ainda não tenho a caneta na minha mão. Curitiba, põe a caneta na minha mão para ver o que eu faço.

Qual sua opinião em relação à internação compulsória de dependentes?Em casos graves de risco, tem que haver. A cidade não pode ser madrasta, tem que ser mãe.

Em relação ao tamanho das casas da COHAB, o senhor acha razoável o tamanho das casas? O senhor se compromete com o tamanho de 44 m²? Acha esse valor muito pouco para o morador?

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Eu gosto da residência familiar em terreno grande, que permita ampliação. Gosto mais do loteamento popular com infraestrutura, com financiamento de lote, em que a família possa fazer a casa de acordo com o seu gosto. A solução Bairro Novo me parece muito melhor do que a solução da casa pronta. Também podemos falar em ocupação dos prédios abandonados do centro, com qualidade, sem expropriação, usando esses espaços para fazer moradia aos jovens estudantes sem carro, a alguns casais, por exemplo. A Cohab pode se encarregar disso. O que salva uma cidade é a ocupação humana, do ponto de vista do urbanismo. Uma das bandeiras que salvará o centro é um varal de roupas lavadas em cada janela.

Como o senhor trabalharia para a revitalização do Centro?

Gente morando vida pulsando no centro. Muita luz, não essa luz que parece do IML. Muita música, muita limpeza, vida no centro e se pudermos a volta das vitrines.

Por que não se faz hoje uma política de ocupação do Centro em prédios desocupados e sim loteamento na periferia, nos quais precisa se levar infraestrutura?

Nosso Centro Histórico padece do mesmo mal que o centro histórico de Veneza. A excessiva valorização. Dinheiro demais também mata. É preciso uma medida de virtude. O centro de Veneza ficou muito elegante, muito caro, muito disputado e de repente lá não morou mais ninguém. Virou uma cidade fantasma. O que salva uma cidade é a moradia e vou insistir na volta da moradia. O antigo Hotel Eduardo VII poderia ser um bom começo para moradia de estudantes, juventude, mas por aluguel social para que a prefeitura possa mudar o morador inconveniente.

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Uma das suas propostas é resgatar uma ação do ex-prefeito Roberto Requião de inaugurar uma creche por semana. Com que dinheiro o senhor pretende construir essas creches, já que cada custa R$ 1,5 milhão, e quantas creches o senhor pretende construir e quando?

Construir não me assusta, manter me assusta. A partir do segundo ano do governo dá para começar isso. Eu deixo as crianças lactantes, de zero a três anos, nas creches existentes. As crianças de 3 a 6 anos, a metade eu coloco nas escolas de ensino fundamental, criando o maternal nas pré-escolas já existentes. Eu de cara ganho mais cem vagas em cada creche, são 26 mil vagas.

Não são creches novas?Na época do Requião precisava construir novas. Agora não precisa ajudar os construtores, gastar com cimento.

A estimativa da prefeitura é de uma demanda de 9.300 crianças em creches. É possível zerar a fila?

Tem o número do Ministério Público, não sei quantas são. Preciso conhecer a realidade. Na escola tem alimentação, será preciso adaptar horários e banheiros. O que não podemos deixar de fazer é deixar de acenar com a possibilidade da mudança, sendo refém da impossibilidade. O raciocínio de que tem um custo e não dá para construir é aquele de quem não quer construir, nada com urgência. Eu faço um pouco de cada vez e no fim das contas terei feito o impossível.

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As creches ou maternal funcionariam em período integral e horário estendido?

Sim, período integral. Agora, sobre horário estendido é preciso estudar se a prefeitura aguenta contratar duas turmas de cuidadores. É um bom discurso eleitoral, mas precisa ser estudado. Mas é uma boa ideia.

Na periferia da cidade há problema sério de habitação precária, inclusive em margens de rios com situações de enchentes. Como resolver?

Cinco mil córregos formam o rio Iguaçu. A cidade cresce e os pobres e os sapos são empurrados para cada vez mais longe. O programa da Cohab tem de ser preferencialmente pela erradicação de moradias na beira do rio, pelo rebatimento da habitação de cima do rio para a rua. É preciso fazer a requalificação urbana, agindo na área. Onde houver terreno se desapropria e constrói e onde não há, muda-se a rua de lugar. Agora para evitar enchentes é preciso fazer reguladores de vazão. São tubos armados de 2 ou 3 metros de diâmetros que funcionam como reservatórios de água, para aguentar a chuva. Nada de piscinões, tudo na esquina, recebendo a água para ser drenada. Ao invés de ficar a enchente na rua fica embaixo da rua até essa água poder ser escoada. Vamos ter bueiros e rios limpos. As chuvas de Curitiba acontecem concentradas em um determinado ponto e a cidade se impermeabilizou.

A construção de trincheiras e binários têm sido solução para tentar resolver o problema do trânsito. O que o senhor propõe para melhorar o fluxo de Curitiba?

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Fim do sinaleiro de três tempos, a extinção dos radares com substituição por lombadas eletrônicas, trincheiras ou viadutos conforme solução mais correta, escalonamento de horário negociado com a sociedade, com comércio, escolas, indústrias para acabar com concentração de carros no mesmo horário, melhora de transporte coletivo e o metrô aéreo, mas não no trajeto do expresso, ou do biarticulado e sim em outro arruamento, ligando as principais vias com as cidades da região metropolitana.

Quando Jaime Lerner era prefeito ele estudou a instalação de veículo leve sobre trilhos, que foi abandonado na sua gestão. Por que?

O BID me mostrou que se comprasse aquele bonde não iria solucionar o problema. Abandonei porque o pessoal do BID me convenceu que os biarticulados eram o que existia de melhor do mundo e queríamos copiar o que existia em toda a parte. Daí eu troquei esse dinheiro que seria aplicado no trecho de veículo leves sobre trilhos entre o Juvevê e Centro por asfalto, ruas de cidadania e extensão dos ligeirinhos a todas as cidades da Região metropolitana.

O projeto da atual gestão o senhor não levaria adiante? Mesmo que o financiamento seja para um projeto específico?

A presidente Dilma deu dinheiro para um projeto de mobilidade urbana de Curitiba, não para um túnel. A Dilma não é um tatu, não é uma toupeira. Eu sento com ela e resolvo essa questão, mostro que meu projeto é melhor. É um contrassenso dizer que o metrô vai aumentar em 100 mil passageiros do eixo Pinheirinho-Centro. Precisam gastar R$ 2,3 bilhões para transportar só mais 100 mil passageiros? O meu projeto acrescenta 1 milhão de passageiros com o mesmo recurso. No meu projeto será aéreo no trecho de maior velocidade, mas quando tiver linhas ferroviárias podemos usá-las. Não vamos fazer um metrô que faça sombra nas casas, usaremos ruas largas e que não têm habitação. A minha ideia é construir um metrô lindo e com pouco barulho, de muito bom gosto. Vale a pena fazer a linha até a região metropolitana porque vai trazer as pessoas de outros bairros e cidades para Curitiba, para as fábricas. E faremos a pesquisa de origem e destino para provar que é mais viável do que destruir a canaleta de expresso.

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A prefeitura vem subsidiando a tarifa de transporte. Ela é cara para a população. Como fazer para não aumenta-la ainda mais?

Mudando a matriz energética dos ônibus para energia solar com hidrogênio. Será preciso um investimento de R$ 400 milhões com financiamento, daí eu libero a tarifa do peso do óleo diesel.

Mas hoje a tarifa está R$ 0,30 defasada. Só isso resolve?

Transporte coletivo não pode ser moeda política. É preciso ter coragem para expor a real situação para a população e aplicar os custos reais se a cidade não puder dar subsídio. Há muita coisa que pode ser corrigida, mas não na queda da qualidade do serviço. Sem moeda política com coisas técnicas porque é equivocado isso. É preciso haver responsabilidade quando se trata de serviços públicos. Não quer dizer que a tarifa vai subir e sim que farei um grande esforço para ver se as contas estão corretas, se é possível mudar a matriz energética, vou diminuir a taxa de administração da Urbs, que pode ser de 3%.

A cidade também perdeu em número de passageiros, o que ajuda a majorar a tarifa, não?

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Não podemos culpar a administração pela perda. O povo melhorou de vida, passou a poder comprar seu carro. Toda casa tem seu carrinho e não podemos proibir o povo de andar de carro. Mas dá para fazer correções, como os custos e a taxa de administração. Eu pensava que fariam correções do sistema na época da licitação do sistema, mas foi bem no período eleitoral de 2010, que reelegeu o governador e isso é ruim.

O senhor acha que o planejamento da cidade mudou o foco, deixou o urbanismo de lado?

Acho sim que as últimas gestões não têm a medida do urbanismo. Elas têm a medida da oportunidade política. A prefeitura está com essa ideia de estacionamento subterrâneo. A cidade não precisa disso. Ela precisa impedir os carros de vir para o Centro, as pessoas devem ir ao Centro de ônibus e ter o convívio humanitário nos calçadões. Veja, essa visão acabou. Todo lugar agora tem estacionamento e onde tinha gratuito, nos shoppings, universidades e igrejas agora têm estacionamentos pagos. Os estacionamentos dos shoppings viraram um negócio maior do que o próprio shopping. Hoje estamos tendo de verdade uma cidade do automóvel, esquizofrênica, que não serve a ninguém. Prometem uma vistosa ponte estaiada que vai resolver o problema. Você tem certeza que o problema será resolvido por uma única ponte?

Sobre o asfaltamento da cidade. A população reclama do antipó. Seria possível mudar esse modelo?

Muito difícil. Antipó não é antiburaco. O nome é honesto. Para não haver buracos é preciso ter um asfalto de fato, mas isso tem um custo alto de manutenção. Acho que as ruas onde passam ônibus devem ter asfalto, prioritariamente. Devemos procurar avançar no sentido de servir ao transporte coletivo.

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Uma das maiores reclamações da população é o barulho, sendo uma das maiores solicitações para a Polícia nos finais de semana. O que é possível fazer para regular essa situação?

A mocidade tem que ter direito de ter seus pontos de encontro, mas o carro com som alto de madrugada é sinal de uso de drogas. Três horas da manhã um carro passa com som alto em pleno Batel Socorro, ou Batel Soho. Isso é um sinal que está tudo dominado, sinal do crime. É obrigação da polícia de coibir isso e obrigação da Guarda Municipal coibir, com uma ampla campanha de educação para não acabar com a liberdade dos jovens. É preciso ter cuidado, sem coibir o protagonismo jovem importante para a cidade.

Curitiba parece ter perdido a capacidade de planejar, de ter uma visão de futuro. O que ocorreu?

É preciso que o prefeito se sente no Ippuc e também precisa de técnicos que interajam não com empresas e sim com a cidade. Hoje ficou mais fácil telefonar para uma empresa e encomendar um projeto. Nós fazíamos projetos dentro do Ippuc, os prefeitos pessoalmente intervinham no planejamento da cidade, que seja capaz de traçar diretrizes, falta diálogo com a cidade e esse diálogo precisa ser feito com a cidade também, com audição da população. A palavra pesquisa do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano não é do Ibope ou Datafolha. É ouvir a cidade sobre a sua demanda.

O senhor pretende reavaliar os contratos de potencial construtivo?

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A cidade está sucumbindo ao interesse imobiliário, está se usando o potencial construtivo e o pretexto da Copa do Mundo para isso. Uma coisa é usar o potencial construtivo para preservar prédios históricos e outra é liberar um potencial descomunal para a Arena da Copa do Mundo. É um equivoco em nome de pressa da Copa do Mundo. Quando vocês me puserem prefeito eu buscarei o que for melhor com a mais absoluta transparência. Eu fiz a visita do Papa em 1980, a pedido do Lerner, recebemos 2 milhões de visitantes na cidade e não gastamos quase nada, gastamos verbas normais do orçamento e a cidade recebeu todos esses visitantes com grande êxito e agora para receber 40 mil pessoas temos que nos endividar até a morte? A cidade até está se preparando para a Copa, mas poderia ter se preparado com mais criatividade com mais inteligência e com menos gasto. As calçadas que foram feitas em nome da Copa, acho que não chegam até a Copa porque estão muito mal feitas. Se chover tudo alaga. Haverá um serviço de gôndola durante a Copa se chover? Colocaram os painéis de aviso de trânsito, aqueles caríssimos dos espanhóis e não fizeram a necessária drenagem dos rios que passam por ali.

Que legado o senhor deixaria para a Copa?

Em dois anos vou preparar a cidade para festa, mas tornando-a boa para seus habitantes. A cidade mais limpa e bem organizada do país.

Sobre os contratos de concessão dos espaços públicos, como a Pedreira. O senhor acha adequado, ou pretende rever?

A cidade que não tem R$ 15 milhões para salvar a Opera de Arame e a Pedreira tem R$ 120 milhões para colocar na Arena da Copa. É esquisito. Precisaria ver o contrato, a vantagem que dão para a cidade, mas se não deixarem usar a Pedreira por minha conta, eu faço outra muito melhor. Curitiba tem umas 50 pedreiras.

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O senhor está se propondo a criar 50 parques. É possível, não é muita pretensão em quatro anos construir tantos parques?

Curitiba tem 99 bosques particulares cadastrados. Depois tem todos os fundos de vale de 18 grandes rios, tem áreas não aproveitadas. Podemos negociar. O Tingui não custou nada para a cidade. Faço um acordo, permito o loteamento da encosta e absorvo o fundo de vale.

Como seria o parque dos seus sonhos?

Seria um parque de Gondwana, do continente perdido, da África unida com a América. Esse parque guardaria o acervo de Reinhard Maack [geólogo que contribuiu para a preservação ambiental no Paraná], que esteve tanto na África como aqui no Rio Iguaçu, observando e cuidando da natureza. Quero fazer o parque de antes do dilúvio, quando os pinheiros cobriam nossa terra, antes de abrir-se a fenda que virou o Oceano Atlântico. Esse parque unindo acervo do museu de história natural, antigo acervo Museu Paranaense, com as memórias de formação geológica do Paraná, do Rio Iguaçu. Esse parque seria a lembrança de um tempo que o mar não nos separava, a terra nos unia. Seria na beira do Rio Iguaçu. Já reservei o acervo com a filha do rei Reinhard Maack, me aguardem.

Qual sua política para reajuste dos impostos municipais?

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A arrecadação está num bom patamar, acho que dá até para diminuir a alíquota do ISS [Imposto sobre Serviços] de 5% para 3%, de forma parelha. Se puder, vou retomar a isenção das viúvas, aposentados que ganham salário mínimo. Faremos uma política tributária honesta, comandada pelo secretário Heron Arzua. O nomeio desde já secretário, porque ninguém entende mais de tributos do que ele no Paraná. Serviu tanto o Jaime Lerner como o Requião. Mas ele é o único nome que tenho de secretariado. Porque não sou bobo, preciso de dinheiro para funcionar depois.

Alguma proposta quanto ao funcionalismo?

Tenho um profundo respeito. São meus colegas. Sei que estão torcendo por mim, mesmo quando são obrigados a empunhar os panos amarelos da situação. Vamos ser companheiros.

E os cargos comissionados no poder municipal? Alguma mudança?

Vai haver também. A cidade tem de ter carreiras públicas, sólidas, mas os governos precisam de comissionados, nem todos talentos querem seguir carreira pública.

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Qual a expectativa de governar com poucos vereadores do seu partido? O PMDB atualmente tem dois vereadores e tem uma chapa que dificilmente fará maioria. Quando o senhor governou, pelo PDT, tinha uma ampla maioria.

Tu dizes. Nossos vereadores são muito bons, têm muito consciência. Devemos fazer entre 4 e 7 vereadores. Chegaremos a um consenso dentro do interesse público, sem barganhas inconfessáveis. Quando eu governei eu construí a maioria. Inclusive os vereadores do PT votavam comigo e eu não os corrompia. Quando se apresenta programas de interesse público não há esse problema.

Atualmente o prefeito Luciano Ducci devolve 30% do salário que recebe, que é de R$ 26,7 mil, assim como Beto Richa fazia na prefeitura. O senhor pretende fazer isso?

Acho uma bobagem isso. Posso avaliar, se for um momento de grande dificuldade para o país. Mas não deviam fixar tão alto, para evitar essa cena, "olhe como sou generoso, estou tirando meus anéis". Carreira publica tem que ter boa remuneração. Vou avaliar se a cidade tiver dificuldade.

Há algum mecanismo de participação popular que não é usado atualmente e que o senhor gostaria de implantar?

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O Bairro total, com a presença do prefeito nos auditórios das Ruas da Cidadania sempre que possível. Também imagino uma espécie de consulta mensal, através da internet, todo dia 29.

O senhor então propõe sistemas mais consultivos do que deliberativos.

É louco quem não ouve o povo, claro que vou aplicar as boas ideias que forem sugeridas. Mas não vou abrir mão do meu mandato. Se você quer mandar na prefeitura se candidate a prefeito. Eu estou aqui, tendo dificuldade para concorrer, e você quer mandar em mim sem correr a eleição? É fundamental exercer a autoridade.

Uma situação da cidade que provoca muitas reclamações são as pichações. O senhor tem alguma proposta para isso?

Sim. Vou convidar a firma francesa que produz tinta não poluente e contra a pichação para que instale uma fábrica em Curitiba. Certamente virão numa pata só, porque Europa está em crise. O programa se chamará "Curitiba de Cara Limpa", vamos pintar a cidade toda nos primeiros três meses. Tudo que estiver pichado vai desaparecer. Não só prédios públicos. Imóveis particulares também, depois mando a conta no IPTU do ano seguinte. Roma faz isso. Vou governar aplicando Ouvidor Pardinho, que em suas Ordenações, já em 1721 dizia para não deixar nada abandonado, baldio. Isso não resolve a causa do problema, a atitude dos jovens em pichar. Juventude pode e deve ser educada. Podemos criar um meio de expressão da juventude. Mas não podemos consentir que tudo que é bonito na cidade seja destruído. Eles picham, eu pinto. Eles picham, eu pinto. Um dia desistem de pintar.

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Recentemente Curitiba tem visto muitos de seus prédios históricos serem demolidos. O que o senhor pensa sobre isso?

Eu jamais teria deixado demolir o prédio do Matte Leão. Jamais perderia um bosque de 700 pinheiros e uma nascente de água do Bom Retiro para um shopping center. Porque eu sou o Rafael. De Curitiba. Uma alternativa seria a prefeitura desapropriar, a bem do interesse público. Como prefeito eu chegaria e perguntaria: vocês querem vender? Se não derem o uso adequado, eu desaproprio. Exerceria o poder de prefeito. Eu salvei vários prédios de Curitiba da demolição. A Sociedade Garibaldi, a Igreja do Bom Jesus, o Convento do Bom Jesus. É dever do prefeito agir para salvar o patrimônio cultural da cidade.

Outro problema que as administrações recentes vêm enfrentando são as questões de licitações, que não saem do papel ou demoram muito. Por que isso ocorre, na sua opinião, e o que pode ser feito?

A questão do lixo é muito grave. Estamos pagando R$ 40 milhões em dois anos para um terreno alugado, onde a prefeitura coloca o lixo. Fiquei pensando se não entregaria a chácara San Rafael, mas eu teria pena dos meus pinheiros. Mas por R$ 1,8 milhão por mês qualquer cristão balançaria. A pergunta que não quer calar é por que não se viabilizou o terreno para depósito de lixo e por que não se trabalhou em uma bateria de mini-usinas de compostagem. Evidente que há uma disputa muito interesseira com o destino do lixo. Mas se investirmos em modernas soluções de compostagem. Há coisas modernas que podem ser feitas com muito entusiasmo e vamos retomar isso com muito empenho. Para as licitações terem sucesso, precisamos ter um bom corpo de procuradores e trabalhar sempre em nome do interesse público, construir as propostas de forma solida, para uqe sejam incontestáveis. E, sobretudo, diminuir o tamanho do bolo. Quando fui prefeito perguntei ao falecido Cecílio Rego Almeida que obra ele queria ele falou: "menos de R$ 5 milhões não quero". Então chamei o Augusto Canto [secretário de Obras] e disse que não teríamos nenhuma obra acima de R$ 4 milhões. Que era para não termos nenhuma grande empreiteira em Curitiba. Vamos fazer uma coisa de interesse público e não do interesso dos grandes grupos econômicos. Verdadeiro destino da cidade precisa ser o povo, não o ganho de grupos econômicos. O tamanho do bolo da Linha Verde trouxe a Construtora Delta [envolvida em suspeitas de corrupção com o bicheiro Carlinhos Cachoeira] para Curitiba. E eles comeram metade da obra. Era para ter 20 quilômetros tem 9. Era para ter 15 trincheiras, tem duas. Eu faria lotes menores, e não obras de tão grande escala. Nunca fiz obras assim, sempre busquei o empresariado local.

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Mas a sua obra do metrô aéreo, por exemplo, seria de larga escala.

O metrô tem que ser, mas temos que organizar uma licitação internacional para buscar o melhor preço. Mas acho que esse bilhão que a dona Dilma vai nos mandar a fundo perdido devia ser usado para fundar uma companhia metropolitana, onde cada curitibano ganharia uma ação, para ser dono dela. E aí, com dinheiro da prefeitura, do governo, montaríamos uma companhia pública para contratar a obra e gerir o transporte. Porque se vier uma empreiteira que não presta, a gente a manda embora. Agora, se a gente entrega o bilhão para os empreiteiros, nos termos de uma parceria público-privada, a gente fica esperando que eles entreguem. Que tal que dá um soluço em Brasília e acontece o que aconteceu com a construtora Delta, do prestigiado Fernando Cavendish. Daí a cidade fica esperando o metrô e não vem. O pior, ficamos com um grande buraco do Capão Raso até o centro da cidade e nós chorando, sentados na beira do buraco, em lágrimas, maldizendo a terra escavada e o dinheiro perdido. Acho que a cidade tem que se cercar de grandes garantias. A operação construção e propriedade pública com operação privada do metrô é um bom caminho para se começar. E é por isso que sou candidato. Para salvar Curitiba do buraco.

Para finalizar, de forma resumida: porque o senhor quer ser prefeito?

Para tomar de volta minha história, que foi sempre de bom serviço, experiência e amor por Curitiba, e promover a necessária inovação. Os curitibanos querem isso, estava na Gazeta do Povo deste domingo. Quero trazer Curitiba de volta ao futuro. Fiz o panfleto falando isso antes da reportagem, viu? Aliás, não tenho marqueteiro. Tudo que vocês ouvem, leem e veem a meu respeito, sai desta cabeça e deste coração.

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Vida Pública | 4:55

Jornalistas da Gazeta do Povo entrevistaram o candidato à prefeitura de Curitiba Rafael Greca (PMDB). O Peemedebista foi o primeiro dos quatro principais concorrentes à prefeitura a ser sabatinado.

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Sabatina com Rafael Greca