Um pouquinho acima do peso, fumante e péssimo no trato com a bola. Esse é o Lothar Matthäus brasileiro. Bem distante do original, que foi atleta exemplar e é reconhecido mundialmente como um dos grandes craques da história do futebol. Ou melhor, esse é Klaus Junginger, 31 anos, curitibano, muito de tradutor, intérprete e um pouco de dublê do comandante do Atlético. Contratado apenas para auxiliar nas entrevistas – quando da chegada do alemão ao Furacão, dia 31 de janeiro –, Klaus transformou-se na identidade tupiniquim do técnico, e se não possui alguns atributos do treinador, tem demonstrado a mesma personalidade forte.

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A parceria de pouco mais de um mês está firme dentro e fora de campo. Basta ver a moral de Klaus com o chefe. "A tradução tem sido exemplar, posso afirmar para vocês que nos entendemos muito bem e a relação profissional é ótima", disse o alemão. E às vezes exemplar até demais. A fúria de Matthäus contra a arbitragem – no jogo contra o J. Malucelli (1/3) – ganhou versão nacional instantânea e com a mesma ênfase na voz de Klaus.

Não é a primeira vez que Matthäus necessita de tradução como técnico, o que já aconteceu quando trabalhou na Hungria, dirigindo a seleção; e na Sérvia, pelo Partizan. "Preciso de alguém do meu lado o tempo todo para que eu possa falar com a equipe", disse.

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Com os atletas, que muitas vezes tomam broncas indiretas de Klaus, também está tudo tranqüilo. Tanto que apelidos já foram trocados. Para os jogadores, Klaus é o "Agustinho", pela semelhança física com o integrante do programa Big Brother Brasil 6, da Rede Globo; enquanto para o "Tinho" do Rubro-Negro, Dagoberto é o "Tio Patinhas" pois, na Alemanha, o nome do pato endinheirado da Disney é "Onkle Dagobert".

A passagem de simples tradutor para a função de dublê de "profesor" não o assustou, que aproveitou o estágio – na semana que antecedeu a chegada de Jost Vieth, que assumiria o cargo, já demitido – para sacar como seria. "Participei de uma semana de treinamento, já tinha uma idéia", declarou. Empurrar traves, distribuir coletes e cones não tem sido problema. "É um conceito do Lothar, de que todos devem atuar em conjunto".

Problema mesmo só quando Klaus arriscou alguns chutes despretensiosos. "Pare já! Isso não é jeito de chutar uma bola", reagiu com bom humor Matthäus, indignado com as "bicudas" do tradutor. "Ele disse que é uma cena esquisita quando eu chuto. Então parei e fico na vontade vendo um monte de bolas espalhadas no campo", revelou o "Mateus" brasileiro, que jogou futebol pela última vez aos 14 anos.