A célebre frase "os Estados Unidos são a terra das oportunidades" é um mito que leva pessoas de todas as regiões do planeta para buscar uma vida melhor na terra do Tio Sam. No mundo do MMA (Mixed Martial Arts, o popular "vale-tudo"), a história não é diferente, e vários brasileiros já tentaram a sorte no país mais poderoso do mundo. Dentre dois deles, destacam-se Royce Gracie pioneiro na modalidade, e um dos que propagou o "Brazilian Jiu-Jitsu" na América do Norte e Gabriel "Napão" Gonzaga, um dos maiores nomes da atualidade entre os pesos-pesados do Ultimate Fighting Championship (UFC).
Em Curitiba, o lutador curitibano Wanderlei Silva vai pelo mesmo caminho e já acerta os últimos detalhes para sua mudança em definitivo para os Estados Unidos. O motivo? O "Mr. Pride" explica. "É lá que tudo acontece. É onde os negócios e as principais lutas estão rolando, e eu também quero ficar mais perto disso", afirmou Silva em entrevista à Gazeta do Povo Online.
Muito popular no Japão, onde costumava ser sediado o Pride, o maior evento de MMA do mundo (ao lado do UFC), o lutador "perdeu" o seu principal público após a venda do torneio japonês para os norte-americanos do Ultimate. Ainda muito conhecido na Terra do Sol Nascente, Silva quer percorrer o mesmo caminho de outrora, só que desta vez no UFC. "O UFC é mais antigo, é uma honra poder lutar lá. Já fiz três lutas no octagon no passado, e acho que é um evento muito parelho, os melhores lutadores estão indo para lá, e eu quero lutar com os melhores", avaliou.
E o pontapé inicial para "conquistar os EUA" deve acontecer no estado da Flórida ou em Las Vegas, cidade que fica em Nevada, neste mês de agosto, quando o lutador muda-se em definitivo para lá. "Ainda não defini, estou indo para lá para ver isso, verei umas casas, e eu vou decidir com a minha família onde vou ficar. Depois disso vou buscar um bom lugar para eu treinar, me preparar para o meu retorno", assegurou, para complementar que não está saindo da Academia Chute Boxe, de Curitiba, que o revelou. "Nunca vou deixar a escola. Os meus mestres e a melhor equipe estão aqui, só não sei como vamos fazer para treinar".
Silva já cogita abrir uma academia com a sua marca nos Estados Unidos, mas por ora a idéia é apenas uma possibilidade.
Quando Wanderlei volta?
Estava quase tudo certo para o já mitológico confronto entre Wanderlei Silva e o norte-americano Chuck Liddell (ex-campeão do UFC) acontecer no dia 22 de setembro, na Califórnia. Estava. Isto porque o curitibano acabou declinando a possibilidade de enfrentar o rival em setembro, preferindo que a luta saísse em novembro. A posição gerou polêmicas, com Silva sendo cobrado por supostamente "amarelar". Mas o lutador refuta tal fato, e explica o que ocorreu.
"Recebi um contrato deles (UFC) para voltar a lutar em setembro ou novembro. Eu poderia escolher. Então optei por novembro, já que agora estou ocupado com a minha mudança e não estou podendo treinar como eu gostaria. Tem muita coisa acontecendo, e não teve nada disso de amarelar, eles me deram a opção e eu escolhi. Nunca corri de ninguém e não seria agora que faria isso. Espero que essa luta contra o Liddell ainda saia neste ano", comentou. Especula-se nos bastidores que o curitibano irá lutar sim neste ano, mais precisamente no mês de dezembro. O adversário segue indefinido.
Até lá, a torcida vai para os irmãos Murilo "Ninja" Rua e Maurício "Shogun" Rua, que irão voltar a lutar em setembro. Enquanto Ninja irá colocar o cinturão que ganhou no Strikeforce/EliteXC em jogo contra Robbie Lawler, enquanto Shogun, considerado o número 1 do mundo entre os Meio-Médios, encara Forrest Griffin no UFC 76. "Fiquei muito feliz pelo Murilo, porque o acompanha há muito tempo. É o único atleta que conheço que já lutou em três pesos diferentes, realmente tenho um grande respeito por ele. O Maurício é, sem dúvida, o melhor na categoria. Desde que começou, sempre desbancou os melhores".
Recomeço
Com 31 anos recém-completados em junho, Silva admite que já está passando do meio para o fim da sua carreira, e desta forma ele crê que a próxima luta pode lhe dar a oportunidade de tentar voltar ao topo, ou ainda enterrar qualquer chance dele reaver o seu título do Pride (perdido neste ano para Dan Henderson) ou conquistar o cinturão do UFC (o qual pertence a Quinton Jackson, lutador que perdeu duas vezes para Silva).
"Estou considerando essa oportunidade um reinício da minha carreira. É uma nova oportunidade, uma nova luta, contra algum atleta muito bom. Não tenho dúvida que a minha próxima luta, independente do adversário, será muito difícil, e eu vou lutar como sempre fiz, indo pro tudo ou nada. Se eu entro no ringue é pra derrubar ou cair, gosto deste show, é o que os fãs querem ver no evento. Sou kamikaze, sempre fui", confidenciou o atleta.
Até o retorno, Silva promete trabalhar a sua principal deficiência: o emocional. "Treino de tudo, o que eu gosto mesmo. É aquela história, luto porque gosto, mas tenho que me controlar pra não perder o foco e o emocional, ficar naquela gana de acertar o cara. Isso pode fazer com que eu cometa erros. Com o (lutador croata Mirko) Cro Cop, levei uma pancada, ai fiquei louco, e assim ficou fácil pra ele. Se eu tivesse esperado mais, talvez o resultado tivesse sido outro".
Outro aspecto que Wanderlei Silva não deixará de priorizar é o fortalecimento da sua marca. Para quem não sabe, o lutador possui uma linha de roupas que leva o seu nome, e os negócios com os norte-americanos estão a todo vapor. "Estou muito animado com essa reestréia no UFC, quero fazer com que o evento cresça tanto quanto conseguimos no Pride. Estou otimista com essa troca de ares, espero conseguir tantos fãs lá como nos EUA quando tenho no Japão", finalizou Silva.
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