Weverton foi o último a chegar na seleção olímpica. Convocado às pressas para assumir a posição do lesionado Fernando Prass, o atleticano se apresentou apenas três dias antes da estreia brasileira contra a África do Sul. Assumiu o posto de titular com segurança e, até a final no Maracanã, não havia sofrido um gol sequer na Olimpíada do Rio. Neste sábado (20), ele se transformou em herói nacional. Com uma defesa fundamental na decisão por pênaltis, garantiu a vitória do Brasil sobre a Alemanha e a conquista do tão esperado e sonhado ouro olímpico no futebol.
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No tempo normal e na prorrogação, os times empataram por 1 a 1. Nas penalidades, Weverton pegou o chute de Petersen, o último dos alemães. Neymar converteu a cobrança do título. O estádio explodiu em vibração e gritos de “é campeão”.
A inédita medalha dourada tem gosto ainda mais especial. A vitória foi contra os alemães, algozes no traumático 7 a 1 da Copa de 2014. Desta vez, a festa é verde amarela. Enfim, estamos no lugar mais alto do pódio.
QUADRO DE MEDALHAS: veja a classificação nos Jogos Olímpicos do Rio
O futebol masculino brasileiro marcou presença em uma Olimpíada pela primeira vez em Helsinque-1952. Depois deste Jogos, foram mais 11 participações, sempre marcadas por muita expectativa que se transformaram em decepção. O Brasil acumulou três pratas (Los Angeles-1984, Seul-1988 e Londres-2012) e dois bronzes (Atlanta-1996 e Pequim-2008). Agora em casa, chegou o esperado título. Era o único que faltava ao Brasil na modalidade.
Neymar, o grande nome do time, apagou as más lembranças olímpicas. O craque do Barcelona era o único do elenco que já havia passado por um revés em Jogos – estava em campo no vice-campeonato diante do México em Londres-2012.
A histórica conquista consagra ainda o técnico Rogério Micale. Radicado em Londrina, o técnico foi goleiro do Tubarão entre o fim da década de 1980 e começo dos anos 1990. Encerrou a curta carreira aos 23 anos, criou uma escolinha na cidade e depois começou a trabalhar nas categorias de base de diversos clubes do interior paranaense. Ganhou destaque nacional no Figueirense e no Atléitco-MG até chegar à seleção sub-20.
Após a demissão de Dunga, em junho, a difícil missão de conduzir o time olímpico ao ouro caiu sobre seus ombros. Deu conta do recado e agora tem um ouro no currículo como um belo cartão de visitas para futuros trabalhos.
O jogo
A final olímpica começou nervosa e o Brasil viu no travessão seu principal aliado no primeiro tempo. Logo aos 10 min, Julian Brandt chutou colocado e a bola explodiu no poste. A seleção tinha dificuldade em atacar, mas uma falta na entrada da área resolveu os problemas. Na verdade, Neymar resolveu o problema. O atacante bateu colocado de forma certeira e abriu o placar: 1 a 0.
A Alemanha não abdicou do ataque. Aos 30 min, após bola cruzada na área brasileira, desvio contra de Marquinhos, a bola quicou e resvalou travessão. Na sequência do lance, Weverton fez grande defesa em chute de Meyer. Mais quatro minutos se passaram e o Brasil voltou a contar com a sorte: após cobrança de falta alemã, a cabeçada de Bender explodiu na trave. Foi o terceiro ‘quase’ dos europeus.
No segundo tempo, o time da casa não escapou. Logo aos 14 minutos, a Alemanha acertou rápida troca de passes, a bola foi cruzada na área e Meyer chutou de primeira para empatar o jogo. A partir daí, o Brasil dominou a posse de bola e passou a pressionar. Gabriel Jesus, Neymar e Felipe Anderson criaram boas chances. Os visitantes apostaram nos contra-ataques e assustaram. Mas ninguém mais balançou a rede.
Na prorrogação, a melhor chance foi brasileira. Aos 16 min, Neymar deixou Felipe Anderson cara a cara com o goleiro Horn, mas o meia desperdiçou e o empate persistiu.
Tudo ficou para os pênaltis. Nas quatro primeiras cobranças dos times ninguém errou, mas Weverton acertou o canto três vezes. Na última cobrança alemã, o atleticano não deixou escapar: pegou o chute de Petersen. Restou para Neymar a cobrança final e ele marcou o histórico gol para o futebol brasileiro.