Bergisch Gladbach – "Se vocês precisam de manchete, diga que dessa vez será o duelo de Ronaldo e Zidane, mas agora com os dois inteiros." Zagallo, técnico da seleção na Copa de 98, aqueceu ontem a rivalidade entre Brasil e França. As duas seleções se enfrentam sábado, às 16 horas (de Brasília), pelas quartas-de-final da Copa.

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Ao concentrar a partida eliminatória entre os dois astros, o atual coordenador-técnico também tirou do baú a convulsão do atacante brasileiro horas antes do 3 a 0 para os franceses – resultado que culminou no triunfo dos Bleus, investigação na Câmara do contrato entre CBF e Nike, instauração da CPI do Futebol no Senado, além de inúmeras versões conspiratórias para justificar o tropeço.

Na ocasião, ainda sem um parecer médico definitivo, o Fenômeno chegou a ir até uma clínica fazer exames, voltou à concentração e pediu para jogar. O então treinador acatou a decisão do atleta e o manteve durante os 90 minutos em campo. O Stade de France viu o Brasil cair sem reação para os donos da casa – justamente com dois gols do meia francês.

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"Aquele resultado foi conseqüência daquilo que se passou com o Ronaldo. Hoje temos esse atleta em perfeitas condições e que vai fazer diferença nesse jogo", anunciou o Velho Lobo.

Mesmo sem substituir o atacante na partida final ocorrida há oito anos, o ex-comandante manteve firme a posição de que o tropeço se deu graças à crise ocorrida com o centroavante. "Não sei se teríamos condições de ganhar, mas se não fosse esse problema médico não teria sido 3 a 0, com um Brasil tão apático. Seria um futebol de alegria", cravou.

Foco das entrevistas realizadas ontem, Zagallo falou seguidamente que a perda do título foi fruto desse suposto infortúnio. Também evitou fazer um paralelo entre os dois embates. "Não há comparação. Há jogadores que se confrontaram naquela partida, só isso. Mas o Ronaldo participou em uma situação completamente diferente. Teve um problema de saúde", reiterou.

Ele também evitou ao máximo o termo revanche, mas deixou escapar uma evidente ponta de mágoa. "Talvez seja mesmo a nossa forra", revelou, após insistentes perguntas sobre o tema.

Em relação à proposta de um duelo entre o camisa 9 e o maestro francês, o braço-direito de Parreira novamente abandonou o lugar-comum. Questionado sobre a possível aposentadoria de Zidane, soltou sem vacilar: "Espero que seja o último jogo dele nessa Copa. Agora se depois ele vai continuar eu não sei. Mas estou torcendo muito para ser a despedida dele aqui", anunciou, sem diplomacia.

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Colegas de Real Madrid, Zizu e Roni – como eles mesmo se chamam no dia a dia – têm outras histórias em comum. Ambos são garotos-propaganda do Programa das Nações Unidas de Desenvolvimento (grupo com a finalidade de erradicar a pobreza e a fome).

A dupla também surgiu junta no cenário internacional. Em 1996, o atacante trocava o PSV, da Holanda, pelo Barcelona. Era o salto para na mesma temporada ser eleito o melhor do mundo. Já o apoiador trocava o modesto Bordeaux pela Juventus, conquistando o título italiano daquela temporada.

Na edição 98 do torneio da Fifa, o brasileiro chegou como grande sensação, teve um início fulminante, mas fracassou no fim – ao contrário do amigo, que começou vacilante e levantou a taça como grande herói. O troco veio em 2002, quando o desacreditado artilheiro chegou ao penta – já o cerebral apoiador tornou-se símbolo do fiasco (sua seleção caiu na primeira fase, sem marcar gols).

Para o encontro do fim de semana, a chance de calar os críticos move as estrelas. O "velho" Zidane, 34 anos, encara o "gordo" Ronaldo, 90,5 quilos. Um vai deixar a Copa.

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