Um ano após reviver os seus bons momentos, o basquete masculino brasileiro conheceu o fundo do poço. Ontem, em Caracas, na Venezuela, em um dos maiores vexames da história da modalidade no país, o time comandado pelo técnico argentino Rubén Magnano conseguiu a façanha de perder da Jamaica por 78 a 76. Pela primeira vez na história, encerrou uma Copa América sem vitórias.
A tragédia só não é maior por causa do regulamento esdrúxulo do Campeonato Mundial. Vão à Espanha no ano que vem 24 equipes, mas só 18 delas sairão de torneios classificatórios como a Copa América os donos da casa e os Estados Unidos, atuais campeões, têm vaga garantida. Assim, outros quatro times receberão convites Federação Internacional de Basquete (Fiba).
Quarto maior campeão da história do Mundial (apesar de não ganhar medalha desde 1978) e país-sede da próxima edição dos Jogos Olímpicos, o Brasil tem tudo para receber um convite para estar na Espanha. Caso contrário, será a primeira vez que em 17 edições que o Brasil não disputará a competição.
Apesar das derrotas para Porto Rico, Canadá e Uruguai, o Brasil ainda tinha chances de se classificar para a segunda fase da Copa América. Bastava vencer a Jamaica. Diferente do Uruguai, que há duas décadas era saco de pancadas da seleção, os jamaicanos nem esse status tinham. A falta de tradição era tanta que os caribenhos nunca haviam chegado a competições onde pudessem enfrentar o Brasil.
Mas o que parecia impossível aconteceu. Sem Rafael Hettsheimer, Arthur e Rafael Luz, o Brasil mais uma vez foi irreconhecível. Marcelinho Huertas, de quem ainda se espera alguma coisa, deu 12 assistências, mas anotou apenas seis pontos.
O aproveitamento dos arremessos dos principais chutadores do time foi pífio: Larry Taylor (30%), Huertas (25%) e Benite (33%). Foi assim também na última bola do jogo, que caiu na mão de Benite, na zona morta. Mas o arremesso foi no aro, decretando talvez o maior vexame da história do basquete bicampeão do mundo.