Contratado há poucas semanas como técnico do CSKA, de Moscou, Zico está na Inglaterra em um momento em que treinadores brasileiros estão em baixa no país após a demissão de Luiz Felipe Scolari do Chelsea. O brasileiro dirige o time da Rússia contra o Aston Villa nesta quarta-feira, no Estádio Villa Park, em Birmingham, pela primeira rodada da fase eliminatória da Copa da Uefa. Pela segunda vez, o Galinho vive a experiência de comandar um clube europeu - levou o Fenerbahçe ao título turco em 2007 e, pela primeira vez na história, às quartas-de-final da Liga dos Campeões no ano passado. Ele tenta construir sua carreira como treinador de clubes em um continente onde outros além de Felipão (como Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid) tiveram menos sucesso:
"Eu acho que há um preconceito muito grande com o treinador brasileiro em países como Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha. Eles têm na cabeça que o treinador brasileiro tem uma tarefa muito fácil porque quem ganha jogo é o jogador brasileiro, não o treinador. Isso é um erro muito grande. Então, o treinador brasileiro, nesses grandes centros, não tem o tempo suficiente para trabalhar que o treinador de outros países tem. Eles querem que o treinador brasileiro, em dois meses, três meses, seja campeão logo, ganhe todos os clássicos e ganhe tudo. Então, não dão esse tempo ao treinador brasileiro que dão em outros lugares. Por isso, a dificuldade de os treinadores brasileiros trabalharem em grandes centros, como aconteceu com o Felipão, com o Vanderlei, Parreira e outros mais".
Diante da imprensa inglesa, Zico defendeu Scolari e afirmou que sua dispensa do Chelsea após cumprir apenas sete meses de um contrato de dois anos foi precipitada.
"Na maioria das vezes, quase todos os clubes deixam, pelo menos, você terminar a temporada para poder fazer uma avaliação. Ele estava classificado para a Copa da Inglaterra, estava em quarto lugar no campeonato, estava disputando a Liga dos Campeões. Quer dizer, a não ser pelos maus resultados nos clássicos, ele não tinha perdido nenhuma competição ainda. Então, não se pode fazer nenhuma avaliação se ele vai ganhar ou se ele vai perder. Ele perdeu jogos, não perdeu competições. Eu acho que deveriam ter, pelo menos, deixado ele terminar a temporada", afirmou o Galinho, que se disse triste com a notícia.
"Tenho muita amizade com ele. A gente, como brasileiro, ficou muito chateado com isso, quando vê um profissional de gabarito, da qualidade dele, não conseguindo continuar o seu compromisso. Eu, particularmente, que sou amigo dele, gosto muito dele, não fiquei nada satisfeito com isso".
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