O petista Tadeu Veneri questionou a falta de especificações da lei de isenção: “Quem montar uma fábrica que produzirá camisetas alusivas à Copa irá receber esses incentivos? Eu não sei. Ninguém sabe”| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo
Política e Copa: Veja os benefícios do poder público passo a passo

Unanimidade e polêmica. Foi no que resultou a aprovação ontem por parte da Assembleia Legislativa do Paraná de dois projetos de lei relacionados à Co­­pa do Mundo de 2014. Pelo texto, a construtora que vencer a licitação poderá recorrer a recursos do Fundo de Desenvolvi­­mento Econômico (FDE) do estado para bancar as obras de adequação da Arena da Baixada ao padrão exigido pela Fifa (leia mais nesta página).

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Ficou determinado também que os "fatos geradores" relacionado à Copa das Confederações (2013) e ao Mundial ficarão isentos de impostos estaduais (ITCMD, IPVA, ICMS e taxas) até 31 de dezembro de 2014. Por uma questão meramente protocolar, os projetos serão apreciados mais uma vez nesta semana (3.ª discussão) antes de a redação final chegar ao Palácio Iguaçu para ser sancionada pelo governador Orlando Pessuti.

"Estamos todos apoiando esta iniciativa", disse Élio Rusch (DEM), que a partir de 1.º de ja­­neiro migrará para a situação, integrando a bancada de apoio ao governador eleito Beto Richa (PSDB). "É necessário", emendou Caíto Quintana (PMDB), líder do governo Pessuti na Casa, repetindo o discurso pa­­drão.

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Houve apenas uma baixa no "pacotão da Copa". A emenda proposta pelo deputado Jocelito Canto (PTB), que tentava fazer de Ponta Grossa uma espécie de subsede de Curitiba durante os eventos Fifa, foi derrubada em plenário. "Parece que é ilegal. Fazer o quê? Fiz a minha parte", resumiu o parlamentar, cuja ba­­se eleitoral é justamente a Re­­gião dos Campos Gerais.

Apesar da concordância ir­­restrita durante a votação, a futura lei da isenção fiscal já gerou as primeiras polêmicas. Para o deputado Tadeu Veneri (PT), é preciso deixar muito claro quais setores serão beneficiados, evitando dúvidas durante o processo.

"Tinha de existir um memorial descritivo do que a lei contempla ou não. Por exemplo: quem montar uma fábrica que produzirá camisetas alusivas à Copa irá receber esses incentivos? Eu não sei. Ninguém sabe na verdade", ressaltou o parlamentar petista, associando a condução dos preparativos para o torneio à organização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. "Os erros se repetem."

Para o líder do governo, o texto não gera controvérsias. O incentivo, de acordo com ele, se resume às obras do complexo esportivo atleticano e a projetos de infraestrutura relacionados ao Mundial. "É para tijolo, ferro, o que a Arena precisar. Quem abrir um estacionamento em frente do estádio terá de pagar os impostos normalmente", explicou Caíto Quintana. O peemedebista não soube detalhar o valor que o estado irá abrir mão para receber a Copa – nem se a conta final irá compensar o sacrifício fiscal. "É muito cedo."

Ainda de acordo com a proposição, o Poder Executivo irá constituir uma comissão que deliberará sobre o assunto, fiscalizando a execução da lei.

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