A segurança nas rodovias brasileiras é um assunto que demanda constante atenção e debate. De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), somente no primeiro semestre do ano houve 44.904 acidentes em rodovias federais brasileiras, dos quais foram computadas vítimas em 64,4% dos casos. São quase 9 mil condutores e passageiros que foram gravemente feridos e mais de 3 mil vidas perdidas.
Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, 90% dos acidentes são decorrentes de razões comportamentais do motorista, 5% derivam de falha técnica – também relacionada ao condutor, responsável pela manutenção do veículo – e os 5% restantes estão associados a problemas estruturais das vias. Entre as falhas humanas estão o excesso de velocidade, o uso do celular ao volante, a falta de equipamentos de segurança, a embriaguez e o cansaço ao conduzir.
Uma parcela da responsabilidade que recai sobre o condutor teria origem em problemas viários, na avaliação do engenheiro civil Mário Henrique Furtado Andrade, professor do Departamento de Trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com a saturação das rodovias, por exemplo, com mais carros disputando menos espaço, a chance de ocorrer um acidente aumenta. “A falta de estrutura é um agravante muito intenso, muitas vezes difícil de mensurar”, pondera, referindo-se à falta de conservação, manutenção e sinalização das rodovias.
Para a engenheira civil Jocilene Costa, doutora em segurança viária, pistas bem projetadas e em condições adequadas impactam no comportamento do condutor. “Se a rodovia apresentar um bom projeto estrutural, o motorista tende a desenvolver o trajeto com mais atenção, contribuindo para a sua segurança e de outros usuários da rodovia”, afirma a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Necessidades
Curvas projetadas corretamente, pavimentação e drenagem do asfalto adequadas ao fluxo de veículos, pontes e viadutos bem executados e sinalizações vertical e horizontal visíveis, entre outros aspectos, garantem maior segurança aos usuários de rodovias, pontua Jocilene. Já Andrade reforça a lista indicando algumas das principais deficiências das rodovias brasileiras que necessitam de solução: saturação de fluxo, ausência de terceira faixa, falta de vias marginais em áreas urbanas, carência de estruturas que eliminem cruzamentos e retornos em mesmo nível.
“O investimento deve ser feito permanentemente, com o horizonte definido e acompanhando o crescimento do tráfego. O planejamento permite verificar as oportunidades de investimento”, afirma Andrade. O especialista explica ainda que, além de oferecer mais segurança ao motorista, a conservação e as melhorias das vias devem garantir que o custo de transporte seja menor, contribuindo com operações mais econômicas.
Exemplo
No Paraná, melhorias implantadas pela concessionária CCR Rodonorte nos trechos rodoviários que gerencia, por exemplo, impactaram em uma queda significativa no índice de vítimas fatais. Dados auditados pelo Laboratório de Pesquisa sobre Transporte e Rodovia (TRRL), da Inglaterra, mostram que a taxa caiu de 15,96 mortes em cada 100 milhões de quilômetros rodados nas rodovias da concessionária, em 1998, para 3,96, no ano passado – uma redução de 75%. Em quase duas décadas, a empresa investiu cerca de R$ 2,6 bilhões nas rodovias BR-277, 376 e 373, na PR-151 e na PRC-373.
O gestor de Atendimento da concessionária, Mauro Bertelli, usa as obras feitas no contorno de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, para explicar como projetos estruturais refletiram na segurança dos usuários da BR-277 e das vias da cidade. A segregação dos trânsitos urbano e rodoviário com viadutos e pistas em diferentes níveis minimizou o risco de colisões nos cruzamentos, melhorou o fluxo dos veículos e permitiu que manobras sejam feitas com maior tranquilidade. Desde que a obra foi concluída, em 2014, o número de acidentes naquela região caiu 83%.
“Todas as nossas ações são voltadas para dar maior segurança para as pessoas e prevenir acidentes. Quando fazemos uma duplicação, por exemplo, além de ampliar a capacidade da rodovia e aumentar o conforto do usuário, praticamente eliminamos o risco de colisão frontal”, afirma Bertelli. O monitoramento constante das rodovias é outra ferramenta usada pela CCR Rodonorte para identificar necessidades dos usuários e das vias, indicar prioridades de investimento e contribuir com a prevenção de acidentes.
Confira 10 dicas para aumentar a sua segurança e prevenir acidentes nas rodovias:
1. Use a sinalização do veículo sempre que precisar. Essa é a forma de se comunicar com os outros motoristas na rodovia. Dê a seta para que os outros acompanhem suas ações. Dirija com o farol baixo ligado.
2. Atenção ao dirigir com chuva ou neblina. Reduza a velocidade e aumente a distância com o veículo da frente.
3. Respeite os limites de velocidade. Dirigir acima do permitido ou menos da metade do estabelecido torna a sua condução perigosa.
4. Mantenha uma distância segura. Não fique muito próximo do veículo da frente para que você tenha chance e tempo de manobra caso necessário.
5. Esteja seguro para fazer uma ultrapassagem. Confira a sinalização horizontal da pista, dê a seta e só ultrapasse se tiver certeza de que a pista contrária está livre. Na dúvida ou insegurança, espere outro momento.
6. Animais e objetos na pista merecem cuidado redobrado. Reduza a velocidade e dê sinal-alerta antes de fazer qualquer manobra. Movimentos inesperados podem causar acidentes.
7. Mantenha a atenção na rodovia. Ao volante, não use o celular e evite outras distrações.
8. Não dirija pelo acostamento. Quando precisar parar nele, deixe o sinal-alerta ligado e opte por uma reta ou área com boa visibilidade.
9. Respeite seus limites. Pare para descansar, alimentar-se e hidratar-se sempre que necessário.
10. Confira os equipamentos de segurança do carro e veja se seus documentos estão em dia. Inspecione o macaco, triângulo de segurança, estepe, setas, luz de freio, faróis e parabrisa. Além disso, calibre os pneus, abasteça o tanque, teste os freios e confira a água do radiador e o nível do óleo.