Quanto tempo você fica no trânsito para chegar ao trabalho ou levar os filhos na escola? Quantas vezes é pego pensando na sua segurança e da sua família? Isso sem falar em questões que afetam diretamente a sua saúde, como a poluição e condições de saneamento, além da dificuldade de acesso a serviços básicos. Problemas urbanos ocupam inevitavelmente parte do nosso dia a dia. Embora eles pareçam inerentes a grandes centros, o planejamento urbano deve entender cada um dos entraves e propor projetos para eliminá-los ou ao menos minimizá-los.
Uma cidade planejada – seja ela erguida do zero ou não – tem maiores chances de atender os anseios da sociedade e postergar o aparecimento de novas situações que gerem desconforto à população. As necessidades são operacionalizadas e espaços e funções urbanos são ordenados racionalmente, visando sempre a dinâmica e a qualidade de vida dos habitantes. O planejamento tem o intuito de atuar sobre os usos da cidade, seu crescimento e suas construções, em conjunto com outras políticas públicas, como saúde, infraestrutura, educação e transporte.
Cidade inovadora e inteligente
Identificar problemas e potencialidades, além de prever desafios, é parte do processo de planejamento urbano. “Planejar uma cidade é algo vivo. O planejamento e a execução devem obedecer uma constante, já que a cidade é viva e sempre haverá pontos de melhorias”, afirma o engenheiro Glavio Leal Paura, professor do curso de Engenharia e da pós-graduação em Cidades Inteligentes e Inovadoras da Universidade Positivo.
Hoje, o planejar se mistura com o conceito que abrange a ideia de cidade inovadora e inteligente. “Cidades inovadoras incluem no cardápio a ênfase na educação, inovação tecnológica, sustentabilidade ambiental. Temas atuais que podem diferenciar uma cidade em relação a suas perspectivas de desenvolvimento humano e econômico”, explica Beatriz Couto, professora de planejamento urbano e regional da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Nesse contexto, a tecnologia também passa a ser uma aliada do gestor público, já que dispõe de ferramentas que possibilitam acompanhar e mapear, constantemente, a evolução de gargalos da cidade em diversos níveis. Entre os principais desafios urbanos de hoje estão a falta de serviços básicos adequados ao tamanho da população, habitação informal em áreas de risco, segregação espacial, saneamento básico, poluição, segurança e mobilidade.
Exemplos mundiais
Muitas cidades planejadas nasceram ou foram expandidas a partir de um projeto abrangente e estruturado com alguma finalidade administrativa, social ou econômica.
Localizada em uma região que fica abaixo do nível do mar, Amsterdã (Holanda), por exemplo, foi expandida com a proteção de grandes barreiras que impedem o avanço do mar e um sistema de canais que contribui com a drenagem urbana – além de serem importantes vias de transporte que dividem a cidade em ilhas. Já o projeto da cidade suíça Zurique, deu prioridade a ruas e avenidas voltadas ao transporte público e a um sistema organizado de tratamento de resíduos.
Entre os exemplos internacionais de cidades planejadas, também se destacam Las Vegas, nos Estados Unidos, construída no meio do deserto norte-americano como um grande centro de entretenimento; Canberra, fundada para ser a capital da Austrália e minimizar a disputa entre Sydney e Melbourne; e Nova Déli, conhecida pelos arborizados e amplos bulevares e por sediar inúmeros monumentos indianos.
Para Paura, o planejamento urbano também pode ser usado para resgatar e melhorar localidades já existentes. Exemplo disso é Barcelona, na Espanha, que era “suja e esquecida”, foi modernizada para a Olimpíada de 1992 e hoje é uma das cidades com maior qualidade de vida na Europa.