O Brasil é um dos países que mais gera resíduos sólidos no mundo – atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cada brasileiro produz, em média, 343 quilos de lixo por ano. Isso resulta em 80 milhões de toneladas de resíduos a cada ano. Nesse cenário, o mais agravante é que apenas 4% desse volume é reaproveitado ou reciclado.
Na contramão dessas estatísticas, empreendimentos e instituições de diversos setores da economia vêm desenvolvendo ações próprias para estimular o reaproveitamento e a reciclagem de todos os tipos de resíduos, criando ambientes sustentáveis.
Curitiba, por exemplo, conta com o Galeria Laguna, edifício que recebeu o título de ser o mais sustentável do mundo pela USGBC (US Green Building Council – organização não governamental voltada para fomentar a indústria de construção sustentável. Empreendimento responsável pela área administrativa e comercial do Grupo Laguna, o local faz o aproveitamento de todos os tipos de materiais, inclusive os resíduos orgânicos, em parceria com a Composta +, startup que atua com serviços de coleta e compostagem de resíduos orgânicos para reduzir impactos ambientais e sociais junto a empresas de diversos segmentos, instituições e residências.
Somente no Galeria Laguna foram compostados 2,74 toneladas de resíduos orgânicos. Isso significa ainda que 4,35 toneladas de CO2 (gás carbônico) deixaram de ser lançadas na atmosfera e 294 unidades de sacos plásticos não precisaram ser utilizados para embalar o lixo– algo que depois também impactaria o meio ambiente. “A tecnologia é uma premissa muito importante nesse projeto. Com ela, ganhamos espaço e conseguimos demonstrar, de fato, como a sustentabilidade está empregada nos empreendimentos”, conta André Marin, diretor de incorporação da Laguna.
Se for considerar todos os empreendimentos da Laguna em Curitiba, os números são bem maiores. Desde que o trabalho de compostagem começou, em novembro de 2021, nos cinco edifícios onde o processo é realizado, o impacto positivo chama a atenção pelos resultados: 23,51 toneladas de resíduos orgânicos compostados; 37,3 toneladas de CO2 deixaram de ser emitidos e 2.462 sacos plásticos deixaram de ser consumidos.
Transformação
Para Igor Gonçalves Oliveira, diretor de marketing e co-fundador da Composta +, o Grupo Laguna é um exemplo de como é possível fazer o aproveitamento dos materiais em todos os segmentos da economia, inclusive em áreas como escritórios e o setor de construção civil.
Oliveira explica que a diferença é o público a ser trabalhado. Em uma obra, o trabalho de educação ambiental é feito com a equipe de colaboradores para orientar sobre o descarte adequado dos resíduos. “Em geral, são empresas que já estão investindo na pauta ESG, que é um tema que nos últimos tempos vem ganhando muita relevância no mercado e agregando valor às marcas que já estão preocupadas com isso”, pontua.
Já em edifícios comerciais e condomínios residenciais, o diretor ressalta que o trabalho precisa ser feito junto aos condôminos e moradores, que devem participar do processo e perceber as vantagens tanto ambientais quanto financeiras. Segundo ele, a separação passa a ser feita de forma mais correta nesses locais. Hoje, explica, geralmente a separação é feita em duas categorias: recicláveis e lixo comum, que é a mistura dos rejeitos e dos resíduos orgânicos. “A economia ocorre de várias formas, inclusive na mão-de-obra dos profissionais, que podem dedicar o tempo para outras tarefas”, analisa.
Compromisso ambiental
A 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que aconteceu no Egito, em novembro de 2022, trouxe um recado importante para as empresas e governos: a necessidade de se adaptar à chamada economia verde, a partir de ações para reduzir a emissão de carbono, eficiência no uso de recursos naturais e a busca pela inclusão social.
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No Grupo Laguna, a Galeria Laguna simboliza a síntese dos valores e atributos presentes nos projetos da construtora, como sustentabilidade, inovação, conforto e arquitetura autoral. O processo de compostagem de resíduos orgânicos faz parte do propósito de todo o projeto da Galeria Laguna em ser um empreendimento capaz de zerar a produção de lixo e resíduos, assim como a emissão de carbono, consumo de água e de energia das redes públicas. O foco, desde o começo, era oferecer um espaço capaz de causar o menor impacto possível para o meio ambiente.