Alunos da Escola Pedro Apóstolo aprendem a fazer a separação dos resíduos orgânicos para compostagem.| Foto: Divulgação
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A produção de lixo é um dos grandes desafios dos centros urbanos em qualquer lugar do mundo. Em Curitiba, a coleta seletiva já é uma prática incorporada ao cotidiano das famílias locais desde a década de 1990 e inclusive se transformou em um negócio para muitas pessoas que trabalham com reciclagem. Porém, o lixo orgânico até pouco tempo era destinado quase que em sua totalidade aos aterros sanitários – ou, pior ainda, lançado no meio ambiente sem preparação alguma para receber esse tipo de material. Em Curitiba, uma única escola conseguiu fazer a compostagem de mais de 13 toneladas de resíduos orgânicos em 24 meses.

Atualmente, só a população da capital paranaense produz uma média mensal de 38,7 mil toneladas de lixo orgânico. Esse número só não é maior graças a iniciativas como as da Composta +, startup que atua com serviços de coleta e compostagem de resíduos orgânicos para reduzir impactos ambientais e sociais junto a empresas de diversos segmentos, instituições e residências.

Os colégios de Curitiba estão entre os espaços que vêm adotando a compostagem como forma sustentabilidade e de economia. Na Escola Pedro Apóstolo, localizada no bairro Capão Raso, o trabalho de compostagem é realizado desde 2019. No balanço dos últimos 24 meses, a diretora geral Carolina Paschoal diz que o resultado foi bastante surpreendente.

No total, foram 13,46 toneladas de resíduos orgânicos compostados. Na prática, pode-se dizer que a ação realizada por uma única escola foi equivalente a 34,7% da produção mensal de lixo orgânico toda a população de Curitiba. “Se apenas uma instituição consegue um resultado desses, quanto mais empresas aderirem a essa prática, ficará muito mais fácil para os órgãos públicos tratar o lixo e cuidar do meio ambiente”, destaca Igor Gonçalves Oliveira, diretor de marketing e co-fundador da Composta +.

Além do lixo que deixou de ir para o aterro sanitário, o trabalho de compostagem também trouxe outros resultados positivos: 21,35 toneladas de CO2 (gás carbônico) deixaram de ser lançados na atmosfera, além de 1.224 unidades de sacos plásticos que foram economizadas – e, posteriormente, não descartadas no meio ambiente.

Igor Gonçalves explica que, além das contribuições ambientais, a operação de compostagem facilita o trabalho dos colaboradores da instituição, uma vez que todo o processo é realizado pela Composta +. No lugar dos sacos plásticos, é instalada uma nova lixeira onde será destinado o lixo orgânico – um recipiente de 50 litros, ou “bombona”, como é chamada geralmente. “O profissional ganha em produtividade, pois não tem mais o trabalho de tirar o lixo”, comenta o diretor, ressaltando ainda a redução nos gastos com os materiais de limpeza em função do processo de decomposição do lixo. Outra vantagem, ressalta, é um maior controle dos alimentos que não são aproveitados, reduzindo o desperdício.

Na Escola Pedro Apóstolo, a diretora conta que toda semana a Composta + deixa quatro bombonas – os recipientes de 50 litros - e todo resíduo orgânico produzido no local é recolhido e encaminhado para compostagem. “Essa é uma das ações que a escola realiza com objetivo de tornar nosso cotidiano menos impactante para o planeta”, salienta.

Carolina destaca que o objetivo é conscientizar tanto os estudantes quanto os outros profissionais que atuam na instituição sobre a importância da coleta seletiva para a ampliação da vida útil dos aterros sanitários, além de evitar a disseminação de doenças e a poluição do solo. “Todos são muito ativos e participantes. Eles sabem que nossa maneira de lidar com os resíduos é diferente”, pontua.

Entenda a diferença entre os tipos de lixos

Lixo orgânico: resíduos de origem biológica que podem ser decompostos/reaproveitados por micro-organismos e transformados em substâncias naturais. São restos de alimentos; materiais vegetais como folhas, galhos, flores e plantas em geral; guardanapos usados; dejetos de animais.

Lixo comum: resíduos que não são considerados recicláveis ou orgânicos, compostos por materiais não que não podem ser reutilizados ou reciclados. É o caso de alguns plásticos não-recicláveis; vidros quebrados, espelhos, lâmpadas incandescentes; metais não-recicláveis como panelas danificadas, ferramentas quebradas; fraldas descartáveis; restos de materiais de construção.

Lixo reciclável: materiais que podem ser coletados, processados e transformados em novos produtos. É o caso de vários tipos de papeis e papelão; vidros; plásticos como garrafas PET, embalagens, sacolas; baterias, entre outros.