A sustentabilidade em hospitais foi tema do encontro Paraná S/A Presença, que aconteceu na sede da Gazeta do Povo e reuniu representantes do Hospital da Cruz Vermelha, Hospital do Rocio e Composta Mais. A proposta era apresentar os cases das instituições que, juntas, já deixaram de emitir quase 350 toneladas de CO2 no meio ambiente.
O Hospital da Cruz Vermelha Brasileira – filial Paraná, foi o primeiro a iniciar a destinar seus resíduos para compostagem. A ação foi coordenada pela nutricionista coordenadora do hospital, Taciana Gutierrez. “Sempre tivemos em mente nosso compromisso ambiental e social, além de uma diretoria engajada a respeito destes temas. Ao conhecer o trabalho da Composta Mais, vimos a oportunidade de destinar corretamente os resíduos orgânicos que geramos no hospital”, conta Taciana. Em 42 meses de compostagem, quase 164 toneladas de resíduos orgânicos foram compostados, e mais de 17.500 sacos de lixo deixaram de ser usados. A nutricionista conta que o maior desafio é cultural, já que muitas pessoas não fazem o descarte de maneira correta e tem hábitos já estabelecidos. Hoje, o hospital tem outras ações sustentáveis, como reciclagem dos enxovais – enviados para costureiras voluntárias fazerem novas peças – eco ponto para coleta de recicláveis, óleo de cozinha e outros materiais, e a implantação de uma horta.
Dados de resíduos gerados
Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) entre 65% e 70% dos Resíduos Sólidos de Saúde (RSS) gerados no Brasil podem ser reciclados. A quantidade de resíduos orgânicos depende das especificidades de cada estabelecimento de saúde.
A própria RDC 306 da Anvisa, que regulamenta o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, prevê a compostagem de parte dos resíduos do Grupo D, como “sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resto alimentar de refeitório e resíduos de varrição, flores, podas e jardins”.
O Hospital do Rocio, um dos maiores da região, com circulação de quase quatro mil pessoas/dia, assumiu o compromisso com a sustentabilidade. Hoje, ele faz parte da campanha global da ONU, a Race to Zero (Corrida para o Zero). A iniciativa une organizações e empresas em prol do desafio de eliminar por completo as emissões de gases do efeito estufa até 2050. Entre as metas do hospital está o corte de 50% das suas emissões de gases do efeito estufa até 2030. Para isso, o Hospital do Rocio passou a enviar para compostagem os resíduos orgânicos gerados pelas 2.300 refeições diárias. Em dois anos de parceria com a Composta Mais, foram mais de 100 toneladas de resíduos orgânicos enviados para compostagem.
O diretor de marketing do Hospital do Rocio, Felipe Muller, conta que o próximo desafio é implantar uma forma de reciclar os resíduos que retornam das refeições dos pacientes servidas nos leitos. “Temos o olhar voltado para a sustentabilidade e devemos avançar em outras frentes, como economia de água, geração de luz, entre outros”, conta Felipe.
Por que sustentabilidade em hospitais?
Investir na preservação ambiental, com ações que promovem a reciclagem, redução e reutilização trazem resultados que vão além dos resultados sustentáveis. O hospital pode ser uma organização verde. Este movimento começou em 1999, com o lançamento da certificação Leadership in Energy and Environmental Design – LEED – para construção de edifícios – e U.S. Green Building Council (USGBC).
Entre as ramificações da certificação LEED está o LEED for Healthcare, especificamente dedicado aos hospitais sustentáveis, que passaram a ser denominados de green hospitals.
“Só em Curitiba são mais de três mil toneladas de resíduos orgânicos gerados todos os dias. Apenas 2% desse montante é reciclado. Existe um grande caminho para percorrer, mas a adesão de empresas com tanta representatividade nos mostra que estamos na direção certa”, finaliza Igor Oliveira, sócio da Composta Mais.