Arena de basquete na Eppinghaus
A praça Eppinghaus, no Juvevê, é um verdadeiro ‘point’ dos basqueteiros de Curitiba.| Foto: Divulgação

Muitas vezes esportes como o basquete, o futebol e o vôlei são associados apenas à prática física – e essa relação faz total sentido, afinal, é o que, de fato, “enxergamos”. Mas, para além da vertente dos exercícios, campeonatos e jogos coletivos, os esportes também são uma força que alcança aspectos sociais e educacionais de uma cidade.

A prática de atividades físicas nas escolas, por exemplo, pode trazer resultados positivos aos estudantes. A partir de uma análise de resultados educacionais, a ‘Pesquisa de contexto da Educação Física escolar no Brasil’, realizada pelo Instituto Península, em 2019, aponta que a escola com maior e melhor oferta esportiva, provavelmente terá alunos com melhor desempenho escolar.

Em Curitiba, o esporte e a educação caminham lado a lado, e o basquetebol é um exemplo disso. As aulas de basquete existem desde a criação da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ), em 1995. Atualmente, a cidade tem 20 turmas com aproximadamente 400 alunos.

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O diretor de esporte de Curitiba, Adriano França, comenta que, além dos programas de contraturno escolar de basquete oferecidos pela SMELJ, também são formadas equipes com os estudantes que se destacam na modalidade. "Esses alunos vão treinar com a professora Dalila Bulcão, que foi campeã mundial de basquete em 1994, na mesma equipe da Hortência e 'Magic' Paula."

Outro programa de incentivo é o ‘Escola + Esporte = 10’ que apresenta extrema importância e necessidade de constante aperfeiçoamento. O projeto, implantado pela Secretaria Municipal de Esporte, contempla a faixa etária de 6 a 17 anos, visando democratizar e direcionar a prática esportiva.

Muito além das quadras

Primeiro time da Quebrada do Basquete, em 2017.
Primeiro time da Quebrada do Basquete, em 2017.| Divulgação

A Quebrada do Basquete (QB) é um time de basquetebol com sede em Quatro Barras - PR, na região metropolitana de Curitiba. O time foi criado em 2017 para participar de um campeonato e, com o tempo, a equipe foi crescendo. Começaram a dar aulas de basquete e a desenvolver projetos. Atualmente, a QB tem cerca de 250 membros de idades variadas, e se transformou, também, em uma organização filantrópica, que realiza ações dentro e fora das quadras.

O consultor e coordenador do time, Rafael Rech, ressalta a importância do movimento no incentivo ao esporte. “Uma das ideias, aqui, é criar oportunidades através da prática esportiva.” A QB oferece treinos de basquete gratuitos em Quatro Barras, Curitiba e região.

Além das aulas, a organização também desenvolve ações sociais relacionadas ao esporte. Realizam um projeto de basquete - que envolve as aulas, a manutenção do espaço e o cuidado com os atletas - no Lar Hermínia Scheleder, em Colombo - PR. Conseguem se aproximar da educação por meio de ações como o 'aulão de inglês' focado no basquete, organizado e desenvolvido por voluntários. E, também, são grandes apoiadores do basquete sobre rodas, visando estimular a prática do esporte por Pessoas com Deficiência (PcDs).

Maior evento de 3x3 feminino de basquete do Brasil, realizado na comemoração de 1 ano do time feminino, em 2019.
Maior evento de 3x3 feminino de basquete do Brasil, realizado na comemoração de 1 ano do time feminino, em 2019. | Divulgação

A partir de suas atividades, QB já se transformou em uma referência do esporte no estado. Dentre outras coisas, foram responsáveis pela realização de três edições do Festival do Basquete de Quatro Barras, estimulando o esporte e a cultura local. Também atuam como uma espécie de plataforma de conteúdos sobre o assunto no podcast ‘Quebrada do Basquete’, que aborda diferentes temas relacionando o esporte com a cidade.

Para quem quer contribuir e incentivar o time, existem várias formas de ajudar. O coordenador da QB, Rafael Rech, comenta que, seguir as redes sociais da organização, como o Instagram, o Facebook e o YouTube já é uma grande ajuda. Mas as pessoas e empresas que estiverem interessadas em contribuir por outros meios, podem realizar doações financeiras ou materiais pelo picpay ou pix do time (quebradadobasquete@gmail.com).

Os apoiadores e patrocinadores também podem colaborar mensalmente e, como retorno, a QB vincula a marca em seus canais de divulgação, dentre outras ações. A compra de camisetas e outras formas de incentivo também são bem-vindas. Interessados em saber mais informações, parcerias e projetos podem entrar em contato com a equipe.

O 'point' dos basqueteiros em Curitiba

Quadra de basquete na Eppinghaus.
Praça Eppinghaus, no bairro Juvevê. | Divulgação

Antes da existência de times e organizações de basquete, as pessoas já se reuniam para jogar em diferentes espaços da cidade. A Praça Brigadeiro do Ar Mário Calmon Eppinghaus, no Juvevê, em Curitiba, é um exemplo disso. Considerada por muitos como um refúgio para os basqueteiros, as partidas na Eppinghaus tradicionalmente reúnem jogadores de todas as idades.

Quando criança, o produtor de eventos Felipe Melo (Fifo) era um observador assíduo do jogo dos mais velhos, mas dificilmente conseguia entrar em quadra. “Antigamente, existia um certo ‘bullying’ com os mais novos. Hoje, a gente tenta mudar isso, e inclui todo mundo que quer jogar.”, comenta.

Arena da praça Eppinghaus antes da reforma.
Arena da praça Eppinghaus antes da reforma.| Divulgação

Há 30 anos ele joga basquete na Eppinghaus, e já percebe uma transição na geração que vai dar seguimento à manutenção da praça. Ele e os amigos sempre cuidaram muito bem do espaço, como se fosse o quintal de suas próprias casas. Com o tempo, e com as marcas de desgaste cada vez mais visíveis, o grupo percebeu que a quadra precisava de uma reforma.

Felipe foi um dos principais organizadores do movimento, criando ‘vaquinhas’ e buscando formas de ajuda para repaginar o espaço. “Se a gente fosse depender apenas do cuidado público, talvez demoraria muito tempo para algo acontecer. Então, ‘colocamos a mão no bolso’ e começamos a reformar a quadra.”

Arena de basquete na Praça Eppinghaus.
Jogadores se reúnem para reformar a praça Eppinghaus. | Divulgação

Desde a década de 1990 os jogadores da praça mantinham, de forma independente, cuidados com o espaço. Mas a ideia de uma reforma geral surgiu em 2017, e foi concretizada em 2018. Com uma força tarefa, que incluía quem jogava e quem gostava da praça, todas as revitalizações de pintura e equipamentos foram feitas em aproximadamente quatro dias.

A ‘nova Eppinghaus’ também se transformou em um marco para as próximas gerações de basqueteiros. Com todas as ações e atividades que circulam pelo universo do basquete em Curitiba e região, também é possível perceber uma formação de atletas mais preocupados com questões sociais e educacionais da cidade. Dessa forma, de lance em lance, o esporte se apropria cada vez mais do seu papel de agente transformador da sociedade.