Uma projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o número de idosos deve superar crianças e jovens de até 14 anos em 2031. Já em 2050, o Brasil deve ser o sexto país do mundo com mais longevos. Por isso, um dos pontos incentivados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 2020 e 2030, é a promoção do estímulo ao envelhecimento saudável. Entre os aspectos citados está o age in place, que é o fato de você conseguir envelhecer no meio onde já está habituado. Porém, às vezes, isso não é possível por uma série de fatores.
Ao mesmo tempo, há um preconceito da população com instituições de longa permanência para idosos. Segundo a médica geriatra e professora de Medicina na PUCPR, Uiara Ribeiro, esse fato se dá porque as pessoas têm em mente aquele modelo de asilo no qual se deixava a pessoa idosa, ela era mal cuidada e a família não estava disponível para dar acolhimento.
“A instituição de longa permanência não é isso. Ela é um lugar de envelhecimento com dignidade, com atividades para o idoso fazer, que favorece sua liberdade religiosa, sua liberdade afetiva, que respeita seus valores e que promove um convívio saudável para os moradores. O idoso deve estar sempre sendo incentivado e estimulado a fazer novas atividades”, explica.
Em Curitiba, segundo Uiara, a prefeitura conta com eventos voltados para a população idosa, “no site da prefeitura, eventualmente, é possível encontrar eventos para esse público”, afirma. Além disso, existem instituições privadas que são voltadas para atividades de convivência durante o dia, oferecendo atividades físicas, artes, jardinagem, etc.
Um exemplo é a São Lourenço Senior Living, um espaço com infraestrutura construída especialmente para cuidados voltados à qualidade de vida e bem-estar de idosos com mais de 60 anos. O empreendimento conta com opções de moradia de curta e longa permanência ou para passar o dia, aproveitando a convivência com outros idosos ou usufruindo da programação dos serviços, que incluem musicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia, sessão de filmes, oficinas de arte, jogos recreativos, danças, grupos de passeios externos e eventos recreativos.
Também há o Recanto das Hortênsias, com atendimento especializado em Alzheimer, o local tem ótimas opções de hospedagem, provisória ou permanente, para pessoas com mais de 60 anos. O grande diferencial é que fica localizado em uma região de preservação ambiental com área verde, contando com pomar, amplo jardim, além de pôneis, coelhos, chinchilas e aves ornamentais de estimação. O que, por meio do programa de Pet Terapia, proporciona interações, supervisionadas por profissionais, entre os moradores e estes animais. Criando momentos de lazer, descontração, relaxamento e felicidade aos hóspedes. “Fazer novas amizades nesse período da vida é possível e é fundamental”, explica a médica.
Além disso, pensando em atividades para o cotidiano, existem academias a céu aberto e algumas unidades de saúde que têm profissionais da educação física que fazem trabalhos em grupo para estimular o exercício físico. “É importante não ficar em casa sem realizar nenhuma atividade, mas sempre recomendamos que no envelhecimento ela seja feita com um profissional, de forma direcionada, para que não tenha risco de lesão”, alerta a médica.
Por fim, Uiara explica que é importante que se entenda o que o idoso que está perto de você gosta, pois não há uma única atividade que vai agradar a todos. “Tem idosos que vão gostar de crochê, outros não, então o círculo familiar tem que ficar atento no que a pessoa idosa gosta de fazer, o que é importante para ela".
Outros nichos do mercado
Algumas empresas enxergam na longevidade um nicho em potencial a ser explorado e começam a se preparar. Como é o caso da Construtora Laguna, que entregará até 2025 no Juvevê um empreendimento com duas torres voltada ao público com mais de 60 anos, uma residencial e outra com um hub de escritórios e consultórios médicos. De acordo com André Marin, diretor de incorporação da Laguna, a intenção foi unificar saúde, bem-estar e medicina em um só lugar, para oferecer mais qualidade de vida para as pessoas, especialmente para o público mais maduro.
Entre as diversas adaptações necessárias para melhor atender estão as tomadas inteligentes com desligamento automático para fogão elétrico, botão S.O.S nos apartamentos, sensor de fumaça que automaticamente corta a energia elétrica da unidade particular, porta com 1,10 m de largura, exaustão no banheiro, fechadura eletrônica e piso aquecido.
Os detalhes pensados para as áreas comuns também são pensados para o público, trazendo contraste de cores para melhor visualização; iluminação adequada e indicativa; área de descanso no hall dos elevadores dos subsolos; banheiros em todos os pavimentos; e corrimão nos corredores e espaços de permanência.
Além disso, as áreas comuns contam com sala de massagem, sala de piano, academia, sala de leitura, petplace, praça da lareira, piscina, horta, sala para artesanato, entre outras áreas que estimulam o convívio.