Os traços da comunidade judaica são bastante marcantes em Curitiba, que recebeu os primeiros imigrantes judeus em 1889, vindos principalmente de países como a Polônia, na Europa Oriental. Em novembro de 2011, foi inaugurado na cidade o primeiro Museu do Holocausto do Brasil, com o objetivo de lembrar toda a sociedade da importância de se combater o antissemitismo.
A estrutura, pioneira no país, transcende a visão do genocídio, ao trazer ao debate a questão do preconceito, e mostra o respeito que existe no Brasil à diversidade. A construção traz uma reflexão sobre tempos sombrios vividos durante a era Hitler na Segunda Guerra Mundial e toda a perseguição pregada contra povos e minorias em todo o mundo.
A capital paranaense, que hoje abriga em sua população mais de 50% de pessoas nascidas fora do município e que migraram para a cidade em busca de melhores condições, seja de estudo, trabalho ou qualidade de vida, prova que da sua pluralidade surgiu também um espaço que representa a história que não deve ser esquecida.
Para o professor Luiz Gustavo de Andrade, titular no curso de Direito Constitucional do UniCuritiba, contar com um espaço como esse em Curitiba é algo que leva todos à reflexão e extrapola os limites da cidade. “É de suma importância manter viva na memória das pessoas o que foi esse momento de holocausto, perseguição e assassinato. O museu mostra, de maneira bastante atual, que é preciso colocar fim ao preconceito, seja de raça, credo ou opção sexual”, pontua.
POLÊMICA
Nos últimos tempos, com a forte polarização política que o Brasil vem vivendo, não raro as minorias acabam voltando ao radar de pessoas desinformadas e mal esclarecidas. Foi o que ocorreu, recentemente, com o comunicador Monark, bastante popular nas redes sociais, ao afirmar que era necessário dar espaço e voz a um partido nazista no Brasil. Para Andrade, esse tipo de fala equivocada costuma surgir justamente da necessidade de mais entendimento e aprofundamento sobre o tema.
“Nenhum direito é absoluto, nem mesmo a liberdade de expressão. Defender o nazismo é desconhecer o que ele foi. Essa é uma ideologia que pregou e levou ao holocausto. Então, como é possível que se propague perseguição, morte e ódio? Isso é completamente inconstitucional”, reforça, citando o artigo 3° da Constituição Federal que destaca como objetivo a promoção do bem de todos, sem qualquer discriminação.
“Como é possível evitar que a humanidade incorra novamente neste tipo de erro? Somente através da educação e com o ensino da tolerância. Sabemos que, muitas vezes, só o pensamento contrário em uma determinada ocasião já é motivo para violência. Por isso, de forma adequada, acredito que a existência do museu traga este tipo de prática educacional necessária”, analisa Andrade.
O Museu do Holocausto de Curitiba está localizado na Rua Coronel Agostinho Macedo, 248, no bairro Bom Retiro. As visitas são realizadas mediante agendamento. Informações no site da Federação Israelita do Paraná.