A ideia de criar uma fábrica de cerveja no próprio bairro já pode ter passado pela cabeça de muitos apaixonados pela bebida, que entre aquelas com algum nível de teor alcoólico está no topo das mais consumidas no mundo e é uma das mais antigas da humanidade. Segundo o Anuário da Cerveja, divulgado em 2020, o Paraná está entre os maiores produtores brasileiros, ocupando o quinto lugar no número de empresas do ramo. Já Curitiba tem apresentado um crescimento exponencial de negócios. No ano em que a pandemia começou, já contava com cerca de 20 negócios de cervejeiros na cidade.
Foi nesse ritmo que Everton Delfino, Diego Nery e Paulo Matulle, três apaixonados pela cultura cervejeira, decidiram colocar em prática um antigo projeto: a criação da Joy Project Brewing, localizada no bairro Xaxim.
Representando os amantes de cerveja, eles chegaram logo após as marcas que abriram os caminhos para esse tipo de empreendimento na capital, como a cervejaria da Bodebrow, do curitibano Samuel Cavalcanti. “Nós somos a segunda geração. Aprendemos com eles e agora estamos trilhando esse caminho no mercado artesanal”, afirma Delfino, explicando que a fábrica surgiu de um hobby que acabou crescendo significativamente.
O desenvolvimento da cervejaria ocorreu de forma rápida, segundo o empresário, que considera o mercado curitibano bastante receptivo. Ele destaca, no entanto, o fato de terem optado por investir fora da região central, como foi o caso do Xaxim, onde nasceram e cresceram. “A gente nasceu e cresceu no bairro, conhecemos as pessoas e a ideia foi estar perto delas. Tanto que dentro da fábrica nós criamos um bar, que é para ter essa proximidade”, pontua.
Um pouco mais experiente, fundada em 2013, a Bastards Brewery hoje é considerada uma das referências na cena da cerveja artesanal de Curitiba. Inclusive foi por causa dela que o mineiro Humberto Gonçalves adotou a capital paranaense como sua cidade. “Aqui é um polo cervejeiro. É um lugar bom, com estrutura e fui muito bem recebido pelos curitibanos. Acho que não pensaria em outro lugar melhor para abrir a cervejaria”, destaca Humberto que, aos 40 anos, considera-se estabelecido na terra das araucárias.
Tanto que ele, junto com os sócios curitibanos Francisco Seegmuller, Richard Buschman e Alessandro Reis, resolveram que era necessário um espaço de entretenimento para “casar” com o consumo das cervejas especiais. Com isso, o conceito de bar da fábrica foi aberto há cinco anos, mas em um espaço com mais de 2 mil metros quadrados, com 15 torneiras de chopp artesanal e que reúne, em um mesmo ambiente, música, gastronomia, drinks e até cafés.
Entre os empreendedores do ramo, acaba sendo uma unanimidade classificar o morador de Curitiba como um boêmio e verdadeiro apreciador da cerveja artesanal. Delfino, da Joy, comenta que somente em sua fábrica são comercializados, por ano, mais de 100 mil litros da bebida. A fábrica aposta em uma ampla variedade de rótulos, com novidades periódicas e parcerias cervejeiras inéditas. Além disso, o empresário destaca que a cervejaria se preocupa em oferecer um bom custo-benefício ao consumidor, sempre com o objetivo de apresentar esse universo para os curiosos no assunto, na tentativa de resgatar a cultura e a arte de beber cerveja artesanal.