Ao longo de 329 anos, Curitiba obteve diversas denominações. De “cidade sorriso” à capital ecológica, pelo menos um deles é incontestável: Curitiba continua sendo verde.
A cidade da Família Folha fez escola. A campanha, criada em 1989 pelo então prefeito Jaime Lerner, utilizava personagens com cabeça de folha verde e corpo humano. Extensamente divulgada nas mídias da época, o simpático clã verde ensinava conceitos básicos de sustentabilidade. Como resultado, curitibanos passaram a automatizar gestos de descarte eficientes, entre outros aprendizados. Afinal, “lixo que não é lixo, não vai pro lixo” -, frase que ficou gravada na memória das pessoas com mais de 35 anos, graças aos jingles publicitários da época. E prova disso é passados 30 anos, o Prefeito Rafael Greca anunciou a volta da educativa Família Folha.
ECOLÓGICA X SUSTENTÁVEL
Capital ecológica ou cidade sustentável? Embora pareçam definições similares, é importante ressaltar que uma cidade “ecológica” nem sempre é sustentável. E que o conceito utilizado por Curitiba no final do século 20 e amplamente divulgado seu aniversário de 300 anos difere muito do emprego do termo atualmente. Entretanto, é inegável que os esforços municipais para controlar a ocupação da cidade com o surgimento de secretarias, a criação de parques, o estabelecimento da Secretaria do Meio Ambiente na década de 1980 e um entendimento superficial sobre a relação entre áreas verdes e ocupação urbana, levaram, de fato, a Curitiba ser reconhecida como “Capital Ecológica”.
Hoje, pelo menos 320 mil árvores margeiam as vias públicas de Curitiba, o que representa uma árvore para cada seis habitantes. Em outras palavras, isso significa 60 metros quadrados de área verde por habitante.
“Pesquisas já mapearam que a área verde em Curitiba aumentou desde 1980. E isso é fácil de constatar, pois, de fato, o número de parques (que servem para proteger e conservar) em Curitiba destaca-se quando comparado às outras capitais do país”, analisa o pesquisador José Edmilson de Souza Lima, professor do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento do UniCuritiba.
MANUTENÇÃO DO TÍTULO
Nem toda área verde do mundo é suficiente para tornar uma cidade sustentável, isso porque cidades são habitadas por homens. E, para cada ação individual, o impacto no meio ambiente é global.
Medidas como controle da emissão de dióxido de carbono (CO2) e fornecimento de oxigênio (O2), utilização e reaproveitamento de água e até mesmo a redução no consumo de energia elétrica tem efeito no impacto ambiental – num grau muito maior e veloz do que se imagina.
O uso de energia solar na sede da Prefeitura Municipal de Curitiba – o Palácio 29 de Março –evitou a emissão de 40 toneladas de gás carbônico na atmosfera desde meados de março de 2019.
Além da sede do Governo Municipal, Curitiba conta com painéis solares instalados na Galeria das Quatro Estações do Jardim Botânico e no Salão de Atos do Parque Barigüi. Também está em andamento o projeto para instalação da Usina Solar do Caximba (Pirâmede Solar), no aterro desativado. Além disso, está em fase de os painéis a serem colocados em três terminais de ônibus.
A geração de energia renovável está presente, também, na Central Geradora Hidrelétrica Nicolau Klüppel, na queda d’água do Parque Barigüi. Ações como estas, junto a outras iniciativas como o plantio de 100 mil árvores por ano, com a ajuda da população, estão entre as medidas da cidade para conter o avanço da temperatura.
INICIATIVAS VOLUNTÁRIAS
Curitiba é constantemente reconhecida como “cidade mais sustentável” ou “mais verde”. Em 2010, a capital paranaense foi eleita “a cidade mais sustentável do mundo” em um fórum na Suécia. Em 2015, o relatório Green City Index (Índice Verde de Cidades), produzido pela Siemens e Economist Intelligence Unit, indicou Curitiba como a “cidade mais verde da América Latina”.
No relatório Green City, destaca-se o desempenho excepcional de Curitiba e sua longa história de preservação, citando ações e melhorias realizadas principalmente nas décadas de 1960 e 1980. “Parte do cenário atual é resultado do conjunto de ações derivadas inicialmente dos grupos ecológicos globais da década de 1970. Esses grupos foram decisivos, pois influenciaram a realização de conferências internacionais que, por sua vez, influenciaram em marcos normativos locais sensibilizados com o tema da sustentabilidade em perspectivas multidimensionais (econômica, social, ambiental, jurídica, ética)”, aponta o documento.
IMPACTO GLOBAL
Nenhuma decisão individual, por menor que pareça, é isenta de responsabilidades num planeta comprometido ambientalmente. Sendo assim, desde a opção por sacolas reutilizáveis para ir às compras do dia a dia até a escolha do imóvel para se morar, nada passará despercebido.
À medida que as cidades se tornam mais verdes, há indicativos de que os homens passem até 90% de suas vidas em construções, seja em casa, no trabalho ou em ambientes de lazer. Nesse aspecto, faz todo sentido que o setor da construção civil esteja alinhado ao meio ambiente.
É o caso da Construtora e Incorporadora Laguna, que trabalha há anos com o conceito de luxo, conforto e sustentabilidade. Pioneira e líder em construção verde no mercado brasileiro, a Laguna, que tem o maior número de selos sustentáveis da Região Sul do Brasil, desenvolve cada projeto pensando no bem-estar do futuro morador e como será sua relação com a casa.
André Marin, diretor de incorporação da Laguna, conta que a preocupação vai além da relação edifício ambiente. “Colocamos as pessoas como foco e, por isso, vamos além dos princípios de sustentabilidade. O selo é uma consequência do trabalho, cultura, princípios e valores da Laguna”, afirma.
ECONOMIA DE ENERGIA
Para se ter uma ideia, entre os empreendimentos da Laguna entregues recentemente, o LLUM Batel (2019), localizado próximo à Praça do Japão, foi o primeiro prédio residencial a conquistar a pré-certificação ambiental LEED-CS nível Ouro. As residências consomem 25% menos energia e 20% menos água, em comparação ao padrão construtivo estabelecido pela norma brasileira de desempenho de edificações.
O ALMÁA, no Cabral (2021), foi um dos primeiros empreendimentos do mercado a fazer uso extenso de energia renovável, com a utilização de placas fotovoltaicas, tomadas para carros elétricos e estação para recarga de bicicletas elétricas.