Fachada da loja BeanGo!, na Praça Osório. Negócio inova em produto, produção e comercialização
Fachada da loja BeanGo!, na Praça Osório. Negócio inova em produto, produção e comercialização| Foto: Divulgação

Quem passa pela Praça Osório, no Centro de Curitiba, notou uma nova portinha com serviço to go no final de 2022. O modelo de negócio ficou famoso na capital paranaense pelas franquias de café que funcionam em menos de 10 m2; mas a surpresa é notar que especificamente naquele pequeno balcão, os copos térmicos contêm feijão.

No cardápio da BeanGo!, feijoada, dobradinha, carreteiro, feijão com um toque mexicano ou norte-americano. No total são 14 receitas com leguminosas, a maior parte delas um dos símbolos da alimentação brasileira, o feijão. "Se o negócio pegar, acho que muda a qualidade da alimentação fast food no Brasil", avalia Alexandre Stival, CEO da Caldo Bom. A indústria, que completou 52 anos, tem dez tipos de feijão no portfólio – a leguminosa representa 45% do volume comercializado pela empresa.

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Foram investidos R$ 5 milhões em  desenvolvimento, análise e estudo de produtos, linha específica de maquinários, consultorias e primeira loja teste da BeanGo!. A estrutura simples e pré-preparos vindos prontos de fábrica permitem que a BeanGo! possa funcionar em terminais de ônibus, aeroportos, quiosque de shopping, dentro de outros comércios. "Não tem fogo, não tem chaminé. Só precisa usar energia elétrica e o vaporizador. E ainda leva o perfume da feijoada sem engordurar a parede", brinca Stival.

As porções de 470 gramas são preparadas com os ingredientes cozidos, porcionados e embalados a vácuo. O pulo do gato é o aproveitamento do maquinário industrial para produzir as porções em menor peso, bastando o cozinheiro da franquia abrir o pacote de feijão-base da receita – o da feijoada vem com as carnes curadas; o vegano com linguiça vegetal; a lentilha, com calabresa, bacon e lombo defumado.

O aquecimento é feito por uma espécie de vaporizador de leite mais robusto, um cano metálico inserido no copo e cujo calor aquece a comida por igual, mantendo o preparo quente por mais tempo do que o aquecido no micro-ondas. Arroz e macarrão são porcionados crus para serem cozidos na hora em uma panela elétrica.

O desperdício de alimentos, questão importante ao abrir um negócio em gastronomia, é outro ponto em que a BeanGo! se destaca: como são embalados a vácuo, os produtos podem ser estocados sem necessidade de refrigeradores, e o prazo de validade se multiplica. "O único desperdício é quando o cliente não come a porção inteira", afirma.

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Porções de 470 gramas de pratos à base de feijão são comercializadas na BeanGo, inaugurada no final de 2022 na Praça Osório| Divulgação

O movimento da Caldo Bom em diversificar seu investimento é uma visão de futuro do CEO. "A oferta de produtos industrializados práticos, de fácil cocção, como pizza e lasanha, tem tirado o feijão da alimentação do dia a dia do brasileiro. A panela de pressão não é mais um utensílio tão comum nas cozinhas de casa, e as famílias estão menores, não vale a pena fazer uma panela de feijão sempre", contextualiza Stival. Com a expansão da BeanGo!, o empresário espera ver o crescimento do ingrediente crescer de novo entre os brasileiros.

"Acredito que vá ser um crescimento parecido com o dos cafés to go no Brasil. E aposto muito no mercado externo, em países com colônias de brasileiros. Quem sabe daqui a dois anos não estamos em Nova York vendendo feijoadinha no copo?", diverte-se. Até março, duas franquias estavam em vias de abrir em Curitiba e Ponta Grossa e outras dez se encontravam em negociação. A estimativa da empresa é terminar 2023 com 100 unidades em todo o Brasil.

Gestão de qualidade é a marca da Tainá Alimentos

Quando uma carga de matéria-prima chega à fábrica da Tainá Alimentos, as caixas são acondicionadas em um espaço à parte para ficar "em quarentena". No portfólio da marca, são mais de 300 produtos, e todos passam pelo mesmo processo: ainda do lado de fora da unidade de beneficiamento, é feito um teste para detectar a presença de glúten. Dez minutos depois, caso o resultado seja positivo, a carga volta ao fornecedor.

Tainá Alimentos tem laboratório próprio para testar a qualidade dos produtos que recebe
Tainá Alimentos tem laboratório próprio para testar a qualidade dos produtos que recebe| Divulgação

Desde 2019, a Tainá Alimentos trabalha apenas com produtos sem glúten, uma mudança que foi sugestão de fiscais e auditores externos, que notaram que a empresa destacava-se na gestão de qualidade. O rigor inclui testar as mãos dos manipuladores de matéria-prima para garantir que não estão com traços de glúten. Antes de colocar o selo "sem glúten" em suas embalagens, a equipe passou um ano executando os mesmos processos e testando a mercadoria para ter certeza de que não havia mais resquícios da proteína do trigo no ambiente.

"Todos os produtos chegam com laudos, mas fazemos questão de testar para ver se não houve contaminação cruzada", revela Talita Knupp Souza, sócia-proprietária da empresa. Quando o resultado é negativo para glúten, uma amostra do insumo vai ao laboratório interno para verificar se aspectos físicos e sensoriais – cheiro, aparência, crocância, sabor, tamanho – condizem com a descrição enviada pelo fornecedor.

O rigor de qualidade da Tainá Alimentos fez auditores e fiscais externos sugerirem que eles estavam prontos para virar uma empresa livre de glúten
O rigor de qualidade da Tainá Alimentos fez auditores e fiscais externos sugerirem que eles estavam prontos para virar uma empresa livre de glúten| Divulgação

O procedimento pode parecer padrão para uma indústria de alimentos, mas no caso de uma distribuidora, como é o caso da Tainá, a construção da gestão de qualidade é uma preocupação desde o início, há 12 anos. "A maioria dos produtos naturais não têm conservantes e podem se degradar muito entre o fornecedor e o consumidor. Quem compra produtos nem sempre se pergunta por onde aquele produto passou, em que condições ele foi embalado para a revenda", diz Talita.

A procura por um padrão de qualidade também fez Talita decidir por produzir alguns mix de ervas e temperos, cuja composição e características eram irregulares. A empresa também produz as próprias farinhas de lentilha e grão-de-bico, o que garante a composição 100% de grãos e o frescor do produto na gôndola.