Você tem uma boa relação com a sua casa? A pandemia da Covid-19 e o isolamento social fizeram com que muitas pessoas fossem obrigadas a ficar dentro de suas próprias residências. Quando a rotina é limitada por paredes e janelas, começam a surgir novos comportamentos que, consequentemente, despertam novas tendências e formas de morar.
O período pós-pandêmico é repleto de mudanças. Muitas das adaptações criadas nas mais diversas áreas da vida, como trabalho e estudo, ‘vieram para ficar’. E não tem mais como separar a relação criada entre o ser humano e seu lar. Por isso, o que acontece externamente respinga, de alguma forma, na moradia.
O corretor imobiliário e diretor comercial da Alamo Imóveis, Tiago Fonseca, percebeu um aumento na busca por terrenos em condomínios depois da pandemia. Com o home office se transformando em uma realidade cada vez mais comum, algumas lógicas de funcionamento foram alteradas. “Existem clientes, por exemplo, que moravam em apartamento e, como agora trabalham de forma remota, pensaram em buscar um imóvel na praia. É uma forma de unir a qualidade de vida com o trabalho.”
A quarta edição da pesquisa “A influência do Coronavírus no mercado imobiliário brasileiro”, lançada pelo DataZap (inteligência imobiliária da ZAP+), realizada em abril de 2021, aponta que 4 em cada 10 brasileiros afirmam que a busca por um imóvel aumentou. O estudo também mostra que a procura por casas ganhou mais força e, para a maioria dos respondentes, ter um espaço de home office no imóvel é importante ou muito importante.
A sócia e coordenadora de projetos especiais da consultoria Brain Inteligência Estratégica, Tiziana Weber, aponta alguns movimentos interessantes gerados pela pandemia, como a migração para o horizontal e para áreas mais afastadas e próximas à natureza.
“A modalidade de trabalho flexível, flexibilizou, também a moradia”. A saúde mental é outro tópico de destaque, que também influenciou na busca por uma maior qualidade de viver e de morar.
A professora Alessandra Maria está inserida nessa onda de mudanças. Depois de 4 anos morando em um apartamento, ela decidiu se mudar para um sobrado. “O apartamento era muito bom, mas eu precisava de mais espaço, tanto físico quanto psicológico.” A liberdade e a vivacidade foram os principais pontos oferecidos pelo novo lar.
A mudança de imóvel também se transformou em uma mudança de estilo de vida para a professora, que agora consegue aproveitar melhor seu tempo e espaço.
“Recebo mais visitas, uso a área da churrasqueira para fazer minhas pinturas, descanso na rede – que fica na sacada –, cuido das plantas no jardim e fico vendo meus gatinhos interagindo nesse ambiente, que antes eles não tinham.”
Tiziana menciona que um dos highlights do mercado imobiliário em constante crescimento é o universo pet. “Essa convivência do pet como membro da família, também tem um impacto na moradia.” A sustentabilidade e as compras online são outros destaques.
Um outro olhar
A pesquisa do Sebrae sobre os novos comportamentos e hábitos do consumidor após a pandemia do coronavírus, aponta a ressignificação da casa como um dos tópicos. Com o isolamento social, o trabalho, a academia e o lazer foram trazidos para dentro das residências. Isso gerou um novo olhar aos espaços e, mesmo com a volta da rotina, a tendência é que essa relação morador-casa seja mantida.
Sobre essa nova forma de enxergar os cômodos, a sócia da Brain, Tiziana Weber, comenta que muitos banheiros, por exemplo, se transformaram em espaços de relaxamento e autocuidado. "O banheiro, a varanda gourmet com churrasqueira e a cozinha colaborativa são peças que ganharam relevância durante a pandemia. Uma valorização que provavelmente será permanente."
Para o corretor de imóveis Tiago Fonseca, o isolamento social, de certa forma, acelerou alguns processos e trouxe outra perspectiva ao consumidor imobiliário.
“Se antes o cliente pensava em comprar uma chácara, agora ele efetivamente aplica isso, tenta achar esse lugar para viver melhor e continuar gerando renda.”
Apesar das mudanças causadas pela fase pandêmica, o perfil do consumidor imobiliário também passou por uma espécie de movimento natural. Um exemplo disso é o desejo de compra de imóveis pela geração Z – um público que nasceu em um contexto digitalizado, está entrando no mercado de trabalho, ganhando poder aquisitivo e apresentando intenção de compra de residências. “É um consumidor que tem uma preocupação com alinhamentos éticos, morais e ambientais, e que valoriza a sustentabilidade.”, comenta a sócia da Brain, Tiziana Weber.
A qualidade de vida se transformou em um termo chave para as novas formas de viver e de morar. Conceitos como o wellness building, que trazem a ideia de uma construção preocupada com aspectos da saúde e bem-estar dos moradores, serão cada vez mais recorrentes, e logo vão se consolidar como critérios essenciais para a escolha de uma moradia.
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