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Quando se fala em governança corporativa muitos pensam que é uma prática apenas para empresas maiores, com acionistas ou conselhos de administração. Contudo, este pensamento está equivocado. A governança corporativa é importante para todas as organizações, independentemente do seu porte ou ramo de atuação.

A governança corporativa nada mais é do que um conjunto de práticas e princípios que regem a maneira como uma empresa é administrada e controlada. Essas diretrizes visam garantir transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa em todas as operações e decisões.

Ter uma boa governança pode ser um diferencial neste mundo empresarial cada vez mais complexo e interconectado, desempenhando um papel crucial no sucesso de uma organização, principalmente em empresas familiares, em ascensão ou que buscam uma maior profissionalização.

Quais são os benefícios da Governança Corporativa?

Agora que você já sabe do que se trata a governança corporativa, conheça os seus principais benefícios:

1. Melhoria da Gestão Empresarial:

  • Clareza de papéis: ao se definir de forma mais clara quais são as responsabilidades e obrigações de cada pessoa da alta gestão, fica mais fácil de cada um cumprir com seu papel, bem como de cobrar que ele seja cumprido. Essa simples organização direciona melhor o trabalho a ser realizado por todas as partes.
  • Redução de conflitos: quando cada um sabe o seu papel e o que deve fazer, a comunicação melhora e, automaticamente, reduzem-se os conflitos.
  • Tomada de decisões estratégicas: A governança proporciona um ambiente mais seguro e transparente para a tomada de decisões, com base em informações precisas e análise de riscos.
  • Planejamento estratégico de longo prazo: A organização se prepara para o futuro com uma visão clara de seus objetivos e metas, estabelecendo planos estratégicos sólidos.
  • Gestão de riscos eficaz: A empresa identifica, avalia e mitiga os riscos que podem afetar seu desempenho, garantindo maior previsibilidade e segurança.

2. Transparência e Prestação de Contas:

  • Maior confiança dos stakeholders: A empresa demonstra compromisso com a transparência, ética e responsabilidade, conquistando a confiança de clientes, investidores, parceiros e demais stakeholders.
  • Melhores relações com investidores: uma boa governança demonstra maior maturidade e profissionalismo da alta gestão, o que traz credibilidade e maior interesse de investidores. 

3. Ambiente mais Favorável para um Crescimento Sustentável e Valorização da Empresa:

  • Reputação sólida no mercado: A alta gestão com uma boa governança acaba refletindo suas ações para toda empresa e possui um impacto positivo na sua reputação como um agente ético e responsável, construindo uma reputação positiva que atrai talentos, investimentos e oportunidades.
  • Longevidade e sustentabilidade: A boa governança é um fator que pode ajudar a manter a perenidade da empresa, pois a sua tomada de decisões passa a ser baseada em dados, permitindo adotar estratégias para momentos de crise e de oportunidades apresentadas pelo mercado.

4. Ambiente de Controle e Conformidade:

  • Redução de riscos de fraudes e desvios: Com maior transparência e prestação de contas, a governança cria mecanismos de controle interno que minimizam os riscos de fraudes, de desvios de recursos e outras práticas irregulares.

5. Responsabilidade Social e Ambiental:

  • Compromisso com a sustentabilidade: A governança incentiva a empresa a adotar práticas sustentáveis, contribuindo para a proteção do meio ambiente e para o bem-estar da sociedade.
  • Atração e retenção de talentos: Profissionais talentosos, principalmente da nova geração, se identificam com empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade, bem-estar de seus colaboradores e com os valores éticos.

Como se pode perceber, a governança corporativa é um investimento no futuro da empresa. Seus benefícios se traduzem em solidez, crescimento sustentável, valorização da empresa, confiança dos stakeholders e um ambiente de trabalho mais ético e transparente.

Quais são as melhores práticas da governança corporativa?

Diversas práticas podem ser adotadas para melhorar a governança corporativa na organização: “Dizer quais são as melhores práticas de uma forma geral é complicado, pois muda para cada empresa a depender do momento e grau de maturidade que ela se encontra, da cultura, e do que ela precisa focar naquele momento. Contudo, existem práticas básicas que devem sempre ser implementadas e revistas para que a organização esteja sempre evoluindo”, explica Juliana Naves, sócia do BCA.

Algumas práticas que toda empresa deve sempre estar atenta e procurar se desenvolver, são:

  1. Deliberação e tomada de decisão: Ter claro o organograma e a estrutura da empresa, se existem órgãos diretivos, consultivos, decisórios, comitês, etc. Entender quais as funções e qual alçada cada membro da alta gestão possui. Importante saber quem pode tomar cada tipo de decisão, se é necessária uma deliberação, se existem quóruns de aprovação, se existem reuniões próprias para determinados temas. Essa organização é extremamente importante para manter um alinhamento entre as pessoas, evitar o conflito de interesses e desavenças, manter a transparência e ter uma cultura em que as decisões são baseadas na missão, visão e valores da empresa.
  2. Liderança e cultura: Cabe aos líderes e gestores da organização serem exemplo para as suas equipes, seguindo a missão, visão e valores da empresa, pois é a única forma da cultura se enraizar. Uma empresa é feita de pessoas; por isso, é importante cuidar com a forma que elas se portam e dar atenção às necessidades e anseios delas, cuidando para que os relacionamentos sejam construídos com confiança.
  3. Transparência: ter uma boa comunicação entre todos os níveis da empresa, a começar do topo. A alta gestão precisa agir conforme aquilo que está escrito, precisa dar o exemplo. É importante manter os acionistas ou sócios atualizados daquilo que está acontecendo, seja positivo ou negativo, para que decisões sejam tomadas com base em informações reais. Trabalhar com indicadores e dados ajudam a enxergar melhor a situação como um todo e auxiliam na tomada de decisões de forma mais eficaz e direcionada.
  4. Compliance: ter um programa capaz de garantir que a empresa esteja conforme a legislação que se aplica a ela, e que as pessoas cumpram não só as leis, mas também as normas e os procedimentos internos da empresa. Traz maior segurança para as relações com parceiros, fornecedores e terceiros, zelando pela reputação da empresa do mercado e pela cultura interna.
  5. Gestão de riscos: busca pela prevenção e minimização de riscos. Identificar, avaliar e gerenciar riscos por meio de sistemas de controles internos, com o propósito de manter a imagem e a reputação da empresa, é uma preocupação bastante relevante. Essa análise deve envolver riscos financeiros, reputacionais, regulatórios, operacionais, fiscais e/ou ambientais. A partir dessa compreensão, é necessário ter um plano de ação e mitigar os riscos para proteger a integridade e saúde da organização, tanto para atingir suas próprias metas quanto cumprir com os compromissos assumidos com os investidores, parceiros e clientes.

Para que algumas dessas práticas sejam bem implementadas, pode-se exigir investimento, por exemplo, para contratação de profissionais que irão auxiliar neste trabalho, mediar conflitos e trazer conhecimento técnico necessário, como consultorias ou escritórios de advocacia.

Quais os principais problemas gerados pela falta de uma boa governança corporativa?

Segundo o BCA, existem diversos casos nacionais e internacionais de empresas que enfrentaram crises reputacionais, financeiras e até falência ante a ausência de uma boa governança corporativa, seja pela falta de controle e prestação de contas transparente com os stakeholders, ou pela falta de um planejamento estratégico para lidar com as adversidades do mercado. 

A sócia Juliana Moura Naves destaca que é evidente que ter uma boa governança corporativa por si só não vai resolver todos os problemas das empresas, mas com certeza isso pode ajudar a evitar problemas ou criar formas mais eficientes de resolvê-los. Para ela, a falta de uma boa governança comumente ocasiona:

  1. Falta de profissionalização da gestão
  2. Lideranças sem autonomia
  3. Desalinhamento entre departamentos
  4. Ausência de prestação de contas
  5. Maior vulnerabilidade a riscos e variações do mercado

E, cada um dos itens acima podem levar a consequências diversas que vão impactar nas equipes, no clima organizacional, na qualidade do serviço/produto e na satisfação do cliente final.

Implementar boas práticas de governança é um passo fundamental para construir um futuro próspero para a empresa e para a sociedade, o que normalmente ocorre com a implementação de um projeto que passa por várias fases, como, por exemplo, conhecer melhor os interesses dos agentes envolvidos por entrevistas individuais, treinamentos específicos sobre o tema, definição do melhor modelo para prestação de contas, desenvolvimento de alguns documentos como matriz de alçadas, acordo de sócios, protocolo de família e política de benefícios e criação de uma nova cultura de reuniões, feedbacks e tomadas de decisão.

Como o projeto é complexo, além de envolver diversos interesses dos envolvidos, é aconselhável que o projeto seja acompanhado por uma consultoria especializada.