Em menos de uma década o modelo de cursos de preparação para provas e concursos passou por grandes mudanças: o EAD – ensino à distância se consolidou como ferramenta para uma boa preparação. Entre as vantagens estão o fim da barreira da distância; a otimização do tempo, evitando o deslocamento; a possibilidade de personalização; a autonomia e a democratização da educação com o acesso facilitado aos melhores professores.
Em um novo momento, o ensino à distância se firma também como opção para um público mais novo: adolescentes e jovens que frequentam o Ensino Médio e buscam conteúdo para provas específicas, a mais importante delas, o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. “Os cursos à distância surgem como complementar para alunos que buscam reforçar um conteúdo, ou como uma possibilidade de preparação para quem já terminou o Ensino Médio e irá realizar a prova”, observa Igor Pelúcio, que é CEO do Desenrolado, startup de educação online.
As plataformas de ensino digital com foco em educação básica surgiram de uma revolução que foi puxada, principalmente, pelo comportamento do próprio público. “A grande maioria dos estudantes já usa a internet, em especial o Youtube, para buscar videoaulas, independente da escola oferecer”, observa. Nesse contexto, as plataformas surgem muito mais com o intuito de oferecer o conteúdo ao aluno de uma maneira mais organizada.
Millennials e o fim do ensino “engessado”
Pelúcio observa, ainda, que essa nova geração já nasceu em meio à tecnologia, com acesso a celulares e tablets desde muito pequenos, fazendo com que a busca pelo digital seja algo mais natural. Isso tem provocado uma mudança de comportamento e forçado as instituições a se adaptarem. “As escolas perceberam que precisam conversar melhor com seus estudantes. A interação dos cursos físicos com a videoaula já é algo consolidado, a isso chamamos de ensino híbrido: a combinação das práticas presenciais e dos métodos online de aprendizagem. A demanda por materiais digitais para complementar os materiais físicos tende a ser cada vez maior”, ressalta.
Para os alunos, o estudo à distância – seja ele complementar ou exclusivo – implica autonomia. “Você passa a estudar da sua forma sob diversos aspectos: no seu horário, no seu ritmo e na frequência que você quer”, observa Pelúcio. É possível repetir as aulas que o aluno tem mais dificuldade, o que é inviável nos cursos presenciais, que precisam seguir uma grade de conteúdo.
Rafael Gama, que leciona há 20 anos, e que trabalha tanto em cursos presenciais quanto com EAD conta todos seus alunos de aulas presenciais já assistem às videoaulas. “Essa flexibilidade, de parar e retomar um tema que está com dificuldade, e a possibilidade de estudar conforme seu horário são fatores que atraem os jovens. É o que chamamos de on demand, ou seja sob demanda. Os alunos não se adaptam mais a uma grade engessada.”, pontua.
Por outro lado, a principal virtude é também o maior desafio: a autonomia gera uma responsabilidade maior ao estudante. “Isso nem sempre é algo fácil porque é uma mudança de paradigma. As práticas de educação tradicionais ainda são passivas, nas quais somos consumidores à espera da informação. ”
Outro fator que deve ser considerado é a questão da linguagem. “Esse público tem uma ligação muito próxima com os canais digitais e estão acostumados a essa comunicação mais fluida. Eles já não se encaixam mais no padrão maçante de assistir 5 ou 6 aulas seguidas”, diz Pelúcio. Nas aulas online, a duração média dos vídeos é de 8 a 10 minutos, e o aluno pode ir montando seu plano de estudo como melhor se encaixar em seus objetivos”, ressalta.
A estudante Natalia Santos Nascimento, que tem 20 anos e é da cidade de Maracás, na Bahia, estudou por dois anos por meio do ensino à distância e aprovou o método. “Consegui sanar melhor minhas dúvidas. Eram assuntos que eu não tinha conseguido entender no ensino médio”, conta. A mesma opinião tem a vestibulanda Janderlande de Fontes Fernandes, que tem 21 anos e mora na cidade de Bananeiras, na Paraíba. “O fato de poder focar nas minhas dificuldades durante as videoaulas é a grande vantagem. Na sala de aula é mais difícil parar e interromper o professor a todo momento”, opina a estudante, que irá fazer a prova do Enem e o vestibular para Direito na Universidade da Paraíba, no final desse ano.
Motivação
Tornar as aulas digitais cada vez mais interessante para os alunos e evitar à evasão é o principal desafio para as plataformas de EAD, já que o caráter “obrigatório” das aulas presenciais não está mais presente. Um dos recursos que traz resultados bastante positivos são as aulas ao vivo, que ajudam a criar rotina e estabelecer vínculos. “Não existe mais isso de pensar que o aluno fica isolado, pois existe muita interação. Os alunos se comunicam e interagem continuamente com a instituição e com os professores, seja por email, mensagens, rede social ou pelos fóruns”, diz Rafael Gama.
COMO ESTUDAR EM CASA PARA O ENEM
A primeira dica é estudar as características da prova. No caso do Enem, é uma prova que é dividida por área e que cobra muito contexto e atualidades, então o aluno precisa entender como isso cai na prova. Analisar os temas mais recorrentes e que são comuns a mais de uma área é uma forma de otimizar o estudo, em especial na reta final. “Cada grande área tem alguns assuntos que sempre são cobrados. “Na geografia, por exemplo, cinco tópicos são responsáveis por mais de 60% da prova. Além disso, alguns temas, como meio ambiente, também figuram entre os mais cobrados de outras disciplinas, como química e biologia. Com base em informações como essa o aluno consegue montar um plano de estudos mais eficaz ”, aconselha Rafael Gama.
Antes de começar a estudar é preciso montar o plano de estudos, que precisa ser personalizado. O aluno deve analisar o tempo disponível, as horas diárias que conseguirá se dedicar e o conteúdo que precisa ser visto, focando sempre nos temas mais cobrados. Depois, é preciso montar efetivamente o plano de estudo, que pode ser mensal, semanal ou mesmo diário. Além disso, é preciso reservar um tempo antes da prova para rever o conteúdo. “Se o aluno começou a estudar no começo do ano, aconselhamos a deixar os últimos dois meses apenas para uma revisão completa”, observa Gama.
Muitas plataformas de estudo sugerem um calendário semanal de estudo, para servir como um guia para o aluno. “É uma prática muito comum. Os calendários sugerem os temas e o que o aluno deve estudar naquela semana. Em um dashboard (quadro) é possível atualizar os temas já estudados e saber o que era esperado para aquele momento, em termos de assunto e percentual de estudo. Tudo isso pode ser personalizado”, observa Igor Pelúcio.
A sugestão do professor Rafael Gama é de que o aluno inicie o estudo sempre pela leitura do tema, para então, assistir às videoaulas, e depois testar os conhecimentos com os simulados. “Na parte da leitura, a tendência é usar ebooks interativos, que têm a possibilidade de trazer mais imagens, infográficos, animação e hiperlinks para ajudar a reter a atenção do aluno”, diz Gama.
Os simulados servem para testar o conhecimento e ajudam também a fixar o conteúdo. Quando o aluno observar que não foi bem em um simulado, então é hora de usar o grande benefício do EAD: rever as aulas.
O conselho é deixar para fazer as provas dos anos anteriores do Enem quando o aluno estiver mais preparado, para não ficar desmotivado. Então, tente resolver as provas dos últimos cinco anos. Com base nos resultados, defina seus próximos objetivos.
Segundo Rafael Gama, o local de estudo deve ser organizado e possibilitar fácil acesso a todo material que o aluno precisa. O grande desafio, entretanto, é manter o foco e a disciplina no momento de estudo. “O mais difícil para os jovens de hoje em dia é fugir das distrações mais comuns como celular e a internet.”
O aluno deve usar sua autonomia para traçar um melhor planejamento do tempo de estudo e das pausas, de acordo com a sua necessidade.
Praticar exercício físico, ter um hobby para ser uma válvula de escape e passar tempo com amigos e família ajudam a manter o aluno descansado e motivado.
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