O paradoxo sobre uma das atuais tendências no meio empresarial, as práticas de ESG (Governança Ambiental e Social) e o conceito de empresa, cujo objetivo principal é a lucratividade, foi o ponto de partida do Fórum Ambiensys de Sustentabilidade, realizado pela Gazeta do Povo na segunda quinzena de julho, em Curitiba, no auditório da UniCuritiba.
A reflexão foi lançada pelo presidente do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), Guilherme Döring Cunha Pereira, logo na abertura do evento. O objetivo, destacou, era estimular os mais de 250 participantes do fórum a ponderar sobre os desafios das organizações ao conciliar o ESG com uma visão conservadora da economia e dos costumes.
Cunha Pereira fez uma análise de como está o debate sobre a agenda ESG no cenário internacional, onde existem várias linhas de discussão sobre o assunto que vêm sendo analisadas e praticadas dentro da dinâmica das sociedades democráticas. E citou como exemplo o caso dos Estados Unidos, onde o debate está bastante avançado e vem levantando alguns questionamentos no meio empresarial. “Qual é a finalidade da atividade empresarial? É a geração e a otimização do lucro do empresário, do acionista?”, pontuou. Ele ainda questionou se a colocação de um propósito mais transcendente ao ambiente empresarial seria incompatível e não impactaria em minimizar as responsabilidades dos gestores.
Para o presidente do GRPCOM, é possível conciliar uma visão liberal da economia e de defesa da liberdade de expressão com as práticas de governança ambiental e social. No entanto, ele revelou que sua grande preocupação se dá a partir da imposição legal que esse tipo de agenda possa vir a causar no ambiente corporativo brasileiro, a partir de debates pouco aprofundados. “É importante perceber que já existe a conscientização do papel que uma organização empresarial pode ter numa sociedade, que ela pode ser veículo para o avanço de teses ou políticas que não tenham sido suficientemente debatidas ou que tenham sido impostas de uma maneira quase acrítica, quase não permitindo discordância, o que é fundamental numa sociedade livre”, reforçou.
Em sua palestra, Cunha Pereira salientou ainda o impacto que esse movimento deve causar no meio empresarial, estimulando empresários e gestores a empenhar todo talento e potencial em temas mais relevantes e que terão impacto no próprio desenvolvimento do negócio.
O presidente do GRPCOM observou, no entanto, que todos os protocolos devem ser calculados, considerando inclusive o que ele considera os “riscos da descalibragem”, como uma agenda empobrecida de debates, a padronização de uma política ESG baseada apenas em estratégias de marketing e poucas necessidades concretas dos envolvidos nas operações ou ainda por uma exigência cultura impositiva dos players que estão atuando no mercado. “Vão sendo criados discursos, políticas, narrativas que acabam penalizando as empresas que ainda não amadureceram esse debate”, enfatizou.
Empresários e profissionais de diversas companhias brasileiras acompanharam o Fórum Ambiensys de Sustentabilidade, realizado pela Gazeta do Povo e correalizado pela Ambiensys no dia 19 de julho. O evento contou com o patrocínio de empresas e instituições como BRDE, RAC Engenharia, Sistema Fiep e Centro de Inovação Sesi, e apoio de Sebrae, Prefeitura de Curitiba, Grupo ABL, Klabin, Sistema Ocepar e UniCuritiba.