Lideranças éticas, inovadoras, que busquem soluções criativas e, principalmente, saibam inspirar são algumas das características que vêm sendo valorizadas pelas organizações. O conhecimento técnico hoje já não é mais suficiente como critério de seleção na hora de escolher nomes para compor uma equipe. Muito mais do que saber executar suas funções, no cenário atual, é necessário engajamento com a empresa e os projetos a serem desenvolvidos.
Na MadeiraMadeira, startup fundada em 2009 e que se transformou em um dos maiores e-commerces de móveis e produtos para residências do Brasil – atualmente, são 60 mil produtos cadastrados no site, mas a meta é chegar a 2 milhões de itens até 2021 –, o perfil do candidato se sobrepõe às qualificações do currículo na hora da contratação.
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Segundo o presidente e CEO da MadeiraMadeira, Daniel Scandian, características como proatividade, atitude e espírito de trabalho em equipe são decisivas. “Somos uma empresa jovem e que exige um perfil diferenciado de funcionário. Queremos aqui pessoas apaixonadas pelo que fazem”, enfatiza.
Visão empreendedora
Na FAE, as exigências para o novo perfil profissional estão integradas ao currículo dos mais diversos cursos de graduação para que o aluno chegue ao mercado de trabalho com uma visão empreendedora e com ideias sustentáveis para a sociedade. “O profissional do futuro precisa ser uma liderança inspiradora, que consiga compreender as necessidades do mundo e transformá-las em projetos reais”, enfatiza o pró-reitor acadêmico da FAE, Everton Drohomeretski.
O pró-reitor salienta a importância de, desde a faculdade, serem desenvolvidas competências como a capacidade de resolver problemas, o trabalho interativo em equipe e, em muitos casos, entre equipes de cursos diferentes, visando ao resultado conjunto, sem esquecer os valores éticos, que são essenciais para essa trajetória.
Na prática, essas adequações nos cursos vêm acontecendo por meio de projetos e situações que colocam os estudantes em situações reais para as quais eles precisam buscar ideias e soluções que possam ser implementadas de forma real. “Num futuro próximo, não haverá espaço para chefes e sim somente para líderes. Esse modelo hierárquico, que temos em muitas organizações hoje, estará obsoleto. Cada vez mais os profissionais que se encontram à frente de suas equipes devem inspirar pessoas”, destaca o pró-reitor.
O consultor de RH e fundador da De Bernt, Bernt Entschev, afirma que a formação técnica é considerada pelas empresas na hora da seleção, mas os diferenciais que mais chamam a atenção não estão descritos no currículo. “As empresas buscam, principalmente para os cargos de gestão, profissionais abertos ao aprendizado, com boa capacidade de relacionamento, valores que se identifiquem com os da empresa, flexibilidade para as mudanças – sejam elas de cidade ou de função – e maturidade para saber lidar com os conflitos”, complementa.
Mudança de concepção
A Tigre, conhecida do grande público por ser uma empresa de “tubos e conexões”, passou a oferecer não apenas o produto, mas também o serviço, com a criação da Tigre Solução para Água e Efluentes. Seu CEO, Otto von Sothen, afirma que a decisão de ampliar o leque de serviços na área da construção civil e investir nesse segmento surgiu a partir da troca de ideias e experiências com uma empresa brasileira instalada na região do Vale do Silício, nos Estados Unidos – local conhecido por ser fonte de grandes projetos. “Para a Tigre, foi um insight estratégico e um desafio importante, além de uma nova forma de fazer negócio”, analisa.
Hoje, a Tigre Solução para Água e Efluentes é uma startup dentro do grupo Tigre focada em soluções para tratamento de efluentes e reuso da água. “Foi necessário mudar a mentalidade de que, no lugar de entregar um produto, estamos entregando um serviço”, destaca Sothen, executivo com carreira sólida em empresas multinacionais.
Segundo ele, a nova empresa do Grupo Tigre trouxe, além de um novo produto final, uma nova forma de trabalho, que exige de todos os envolvidos no projeto mais rapidez nas tomadas de decisão, até em função do perfil do novo negócio.
Para o professor José Vicente Cordeiro, diretor de Pós-Graduação da FAE, essas mudanças fazem parte de um novo contexto do mundo do trabalho, em que é necessário criar coisas novas ou então reinventar o que já é feito hoje.
Cordeiro explica que na FAE essas mudanças já acontecem desde a sala de aula, para que o estudante universitário tenha acesso não apenas ao conteúdo teórico e à prática profissional, mas também desenvolva competências, habilidades e atitudes que serão exigidas dele como profissional. “Estamos trabalhando com projetos de casos reais e inovamos na forma de apresentar esses conteúdos aos estudantes. O objetivo é que isso seja um diferencial para eles”, comenta.