Estimular o hábito da leitura desde cedo ajuda o estudante a formar um vocabulário rico e o auxilia na interpretação de texto| Foto: Bigstock
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Se a lição de casa fosse uma pessoa, seria aquele aluno rebelde, incompreendido e que chega sempre com uma série de perguntas fora de hora, só para chamar a atenção. Para os estudantes, é encarada como uma obrigação, praticamente um castigo. Para os pais, um desafio a ser resolvido entre a aula de inglês e a natação. Para os professores, uma tentativa de avaliar se os alunos compreenderam o conteúdo do dia.

A pedagoga Scheila da Silva Manhães, que atuou por 27 anos em escolas e hoje se dedica às aulas particulares, afirma que a tarefa de casa é uma importante ferramenta para consolidar a matéria, além de servir como instrumento para a criança criar o hábito de estudar, que deve ser levado para a vida acadêmica. 

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Scheila observa que a maior dificuldade que os estudantes enfrentam é a falta de atenção, problemas de interpretação de textos que exigem raciocínio. “São questões que, se não forem resolvidas, serão levadas para o vestibular e para toda a vida adulta”, pondera. 

De acordo com uma pesquisa da Fundação Lemann, que usou como base os resultados e as respostas do questionário preenchido pelos alunos que realizaram a Prova Brasil em 2007, apenas 8% dos estudantes que afirmaram não realizar as tarefas de casa apresentaram desempenho adequado em Matemática e Língua Portuguesa. Entre os que tinham esse hábito, 30% conseguiram boas notas. 

Para as gêmeas Mariana e Manuela, 7 anos, que estão no 2.º do Ensino Fundamental, a execução da lição de casa é uma das atividades obrigatórias depois que elas chegam da escola, no final da tarde. Como estão em salas diferentes, as tarefas também são diversas e exige uma certa logística dos pais. A mãe, a farmacêutica e bioquímica Giselle Kosiak Poitevin Pirih, costuma orientar as meninas nesse trabalho. Mas, quando o assunto é Matemática, elas preferem o auxílio do pai, o engenheiro Eduardo Pirih. “A gente busca desenvolver as atividades de uma forma mais lúdica, para não ficar tão pesado para elas. É importante criar essa rotina de estudo, mas melhor se elas gostarem do que estão fazendo”, comenta. 

A psicóloga Luciana Finger, mãe do Enzo, 6 anos, também do 2.º ano, conta que normalmente o garoto faz a maior parte das atividades na escola, pois frequenta o período integral e há um horário exclusivo para isso. Entretanto, há dias em que os professores solicitam conteúdos que ela considera incompatível com a idade da criança. “Nessa fase, a escola deve dar mais prioridade aos momentos lúdicos do que ao conteúdo. Não me incomoda a existência das tarefas, mas o seu excesso e o grau de dificuldade que faz com que a criança sequer tenha prazer em executá-las”, pondera.

Para tirar o melhor da lição de casa:

 - Rotina: estabeleça uma rotina de estudos, um horário para a lição de casa. A tarefa de casa é uma forma de estimular a criança a criar um hábito de estudo, além de ser uma oportunidade para retomar o conteúdo que viu em sala de aula. Determine um horário no dia – de preferência sempre o mesmo ao longo da semana – para isso. 

- Ambiente: o estudante precisa de um local agradável e tranquilo para poder se concentrar. Pode ser o quarto, a sala ou o escritório da casa, desde que a iluminação e o mobiliário (mesa e cadeira) estejam adequados para a criança ou adolescente. Televisão, videogame e celular não fazem parte desse mobiliário. 

- Leitura: estimule o hábito da leitura desde cedo. Isso ajudará o estudante a formar um vocabulário rico e o auxiliará na interpretação de texto, que é necessária inclusive para resolver questões matemáticas. Quando a leitura é estimulada dentro de casa e encarada como um lazer, é mais fácil para o estudante mergulhar nos estudos. 

- Vínculo: acompanhe e participe da vida escolar do seu filho, mesmo que ele já seja adolescente. Acompanhe a agenda, as notas das avaliações, questione sobre os trabalhos e provas, ofereça ajuda. Quando necessário, procure o colégio para conversar, não deixe para querer saber tudo o que acontece apenas nas reuniões de pais e professores ou perto do final do ano, quando já não dá mais tempo para recuperar as notas.