Estudantes também se engajam em iniciativas para desenvolver habilidades que não estão no currículo escolar| Foto: Albari RosaGazeta do Povo
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Eles são adolescentes e, como é típico da idade, querem mudar o mundo. Suas preocupações não se limitam a entender o que acontece ao seu redor para poder explicar na prova. Estão preocupados com as intempéries do ditador norte-coreano Kim Jong-un, as articulações políticas do presidente norte-americano Donald Trump, a sustentabilidade do turismo em Curitiba e na Região Metropolitana e em como potencializar esse mercado sem impactar o meio ambiente. 

Querem aprender Matemática, Física e Português, mas também desenvolver habilidades que não são obrigatórias no currículo escolar e nem exigidas no vestibular. Pensam no futuro do planeta e no deles como profissionais, não apenas como técnicos, mas como pessoas engajadas em um mundo que não aceita mais passividade. 

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Francisco da Silva Guimarães, 16 anos, Cássio Ricci II, 15, Mariana Barbosa dos Santos, 14, e Maria Eduarda Cordeiro, 15, são alunos do 1.º ano do Ensino Médio do Colégio Dom Bosco, em Curitiba, e participam de atividades que a escola oferece justamente para desenvolver outras habilidades como liderança, gestão de conflitos, oratória e outras. 

As meninas, engajadas em executar um roteiro sustentável para o turismo na região de Curitiba, relatam as iniciativas e descobertas com as quais se depararam ao longo do trabalho, iniciado no primeiro bimestre. Do vocabulário, que está mais aprimorado, à necessidade de trabalhar em equipe, debater as ideias e colocá-las em prática, a evolução é notável, afirmam. “É possível perceber os avanços ao longo do ano”, garante Maria Eduarda. 

Heloisa Ferraro Severino, professora de Química e uma das organizadoras do Projeto Interdisciplinar, explica que o objetivo é justamente esse, desenvolver habilidades e competências extras no aluno. Segundo ela, os conteúdos trabalhados no projeto são baseados nos temas que as Organizações das Nações Unidas (ONU) sugerem todos os anos e vêm substituir e complementar os conteúdos tradicionais, além de buscar novas situações de aprendizagem. A ONU declarou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento. Por isso, o tema foi o escolhido pela escola. 

Delegados internacionais 

Já entre os garotos, a preocupação é com a política e a resolução dos conflitos mundiais. Envolvidos na Simulação da ONU que o Dom Bosco realiza já há alguns anos, Francisco e Cássio demonstram não só desenvoltura e articulação ao expor suas ideias, mas principalmente conhecimento sobre os mais variados países e a forma de se posicionar em um cenário político como esse, que exige todo um gestual e um linguajar próprios. 

As simulações da ONU são eventos que acontecem em algumas instituições no Brasil e seguem os moldes dos encontros de alunos de Ciência Política e Relações Internacionais de algumas universidades norte-americanas, como Harvard e Berkeley. Nessas simulações, os estudantes assumem o papel de delegados dos países integrantes da ONU. 

Para Francisco, é uma oportunidade de aprendizado e, principalmente, para olhar o mundo sob outro ponto de vista. “São situações que colocam os alunos em perspectivas bem diferentes. É necessário incorporar os ideais do país que você está representando”, comenta. 

Cássio complementa que, além de aprender questões de oratória, posicionamento e disciplina, é necessário conduzir a resolução dos conflitos de uma forma diplomática, respeitando inclusive a ordem do debate. 

A médica Denise Maria Loyola Zolet, mãe de dois jovens, um que já está na faculdade e outro que ainda está no Ensino Médio – Joel Santos Neto, 18 anos, e Eduardo Zolet Santos, 15 anos –, destaca a importância dessas iniciativas na formação do estudante. “A participação nesses projetos é muito importante, porque torna as pessoas mais compreensíveis, mais preocupadas com o mundo e com o outro”, analisa a mãe, que conta interagir e aprender com o filho mais novo, que ainda participa das simulações da ONU.