Se no tempo em que as atividades escolares eram impressas em mimeógrafos a lição de casa já costumava causar conflitos, na era dos tablets, smartphones e outros gadgets, o atrativo precisa ser ainda mais convincente para atrair a atenção dos alunos. Para os estudantes que frequentam o período integral, trazer trabalho para casa, depois de horas na escola, chega a ser improdutivo. Por causa disso, algumas instituições de ensino já estão revendo a forma de usar esse recurso.
Este ano, a empresária Deborah Zanon Russo colocou os dois filhos, Cauã, 7 anos, e Lara, 4 anos, no período integral no Colégio Medianeira. Até o ano passado, os dois só tinham frequentado o regular e, às vezes, os pais – que são donos de um restaurante – só tinham condições de auxiliá-los nas tarefas depois de encerrar o expediente. Com a mudança para o integral, as crianças têm um horário exclusivo para isso no contraturno na escola, onde contam inclusive com acompanhamento pedagógico. Deborah conta que agora, quando chegam em casa, podem brincar e se dedicar a outras atividades.
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A professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Veronica Branco, doutora em Alfabetização e com pós-doutorado em Educação Integral, defende que os estudantes do período integral não deveriam ter mais uma atividade extra. “A criança passa o dia na escola. Tudo o que ela deveria fazer e aprender era na escola. Isso só vai deixar o aluno mais cansado. Ele precisa de um momento para relaxar, brincar e passar o tempo com a família”, argumenta.
Para Veronica, até mesmo o contraturno deve ser dedicado exclusivamente às atividades extracurriculares, como dança, esportes ou mesmo outro idioma. “As crianças não deveriam usar esse período para completar o que foi ensinado durante o dia. Esse tempo deveria ser usado para desenvolverem outras atividades que vão ampliar as experiências do currículo da escola”, afirma.
Já a pedagoga Acedriana Vicente Sandi, diretora pedagógica da Editora Positivo, considera que o dever de casa é necessário mesmo para alunos de ensino integral. Segundo ela, é uma forma de os pais acompanharem o conteúdo que o aluno está estudando, mas isso deve ser feito de forma equilibrada. “A lição enviada para casa tem como objetivo fazer com que os pais estejam cientes daquilo que seu filho está aprendendo”, destaca.