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O cérebro humano toma milhares de decisões todos os dias – e, se duvidar, até mesmo durante o período de repouso, naquele sonho em que precisa decidir entre a viagem de férias ou o curso de intercâmbio para qualificar o inglês. Para um estudante, que no auge da adolescência e da ebulição dos hormônios precisa responder qual profissão quer seguir (teoricamente) para o resto da vida, a pressão por desempenho na trajetória acadêmica tem um peso ainda maior com a aproximação do vestibular.

Tanta exigência acaba refletindo não só no desempenho, mas inclusive na saúde dos estudantes. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o número de pessoas que sofrem de depressão cresceu 18,4% entre 2005 e 2015. Não há estatísticas específicas por faixa etária, mas um estudo da John Hopkins University, nos Estados Unidos, revela que entre os adolescentes norte-americanos os casos de depressão aumentaram 37% entre 2004 e 2014.

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Compromisso

Para a psicóloga Maísa Pannuti, professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo (UP) e doutora em Educação, é necessário mudar a cultura que envolve todo o processo educacional, incluindo aí a família e a escola. Ela destaca que, dentro de casa, as crianças precisam aprender desde pequenas a criar uma rotina e a ter responsabilidade com os estudos. “Eles precisam entender a importância de estudar para aprender e não para passar de ano ou no vestibular”, argumenta.

A psicanalista Barbara Ferraz de Campos, especialista no atendimento a crianças e adolescentes, comenta que o atual sistema de ensino cobra resultados das escolas que, por sua vez, exigem desempenho dos alunos. “O sentimento de não cumprimento das expectativas e de inadequação pode gerar estresse e desencadear depressão e desorganização psíquica. É importante que os pais e professores possam acompanhar e incentivar o desempenho escolar, mas sem criar expectativas irreais”, orienta.

De olho nos sintomas

A psicanalista Barbara Ferraz de Campos enfatiza que cada criança e adolescente apresenta um potencial particular. Barbara explica que quando há algo errado ou em descompasso, eles costumam dar sinais e cabe aos pais e também à escola prestar atenção a esse quadro.

Veja algumas orientações da psicanalista:

- Preste atenção aos sinais de depressão. Isolamento social, vivência de solidão extrema e a perda pelo interesse em atividades corriqueiras;

- O adolescente pode perder o interesse por atividades que o proporcionavam prazer e satisfação, como praticar esportes, encontrar os amigos ou ir ao cinema;

- Crises de ansiedade, tristeza e medos que aparecem repentinamente devem ser monitorados;

- Vale prestar atenção no padrão de sono e apetite. Qualquer mudança brusca ou radical no comportamento do adolescente deve ser levada em consideração;

- Observe se o adolescente passa a apresentar agressividade acentuada, em diferentes contextos;

- O espaço para o diálogo familiar é fundamental, mas a família também pode e deve buscar apoio profissional no momento que julgar necessário. Acolher o filho em suas particularidades é fundamental.