A concorrência para o curso de Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba sempre foi acirrada, mas chegou a 73 candidatos/vaga em 2014 e, no vestibular deste ano, está em 66 candidatos/vaga. Esse cenário se repete em outros cursos e instituições de ensino, mesmo que em menor proporção. Para os vestibulandos que pretendem garantir alguma dessas vagas, estratégia e organização são duas aliadas na hora de estudar para conseguir o diferencial necessário.
Para auxiliar os estudantes, colégios e cursos pré-vestibular estão recorrendo aos recursos oferecidos pela tecnologia. Robótica, inteligência artificial e outras ferramentas se transformam em “materiais didáticos” dos vestibulandos da geração Z, aqueles que desconhecem o mundo sem a conexão à internet e a tecnologia.
No Dom Bosco, que hoje conta com cerca de 1,8 mil alunos no terceirão e no cursinho em Curitiba, a inteligência artificial é um instrumento a mais para apoiar os estudantes a partir de 2019. Segundo o diretor da unidade Dom Bosco Mueller, Marcos Antonio Souza Crozetta, exercícios, dúvidas serão solucionados a partir da plataforma digital, fator que contribui com o aprendizado por ser uma linguagem que a atual geração de estudantes domina e utiliza com frequência. “A plataforma, que é acessada pelo celular, traz vídeos, explicações e diversos outros recursos para dar suporte ao aluno na hora de estudar”, comenta.
Metas acadêmicas
A iniciativa é a mesma que a do curso A a Z, um dos mais tradicionais pré-vestibulares Rio de Janeiro, que adotou há quatro anos esse modelo. Na instituição carioca, o programa de inteligência artificial é conhecido como “MAPA” – metas acadêmicas para aprovação. O diretor da Rede AZ, Felipe de Castro Sundin, explica que, ao iniciar as aulas no curso, o aluno responde a um questionário sobre os seus objetivos com relação a faculdade e o curso pretendidos e ainda as matérias nas quais têm maior ou menor afinidade.
Sundin esclarece que, a partir dessas respostas, o MAPA indica os conteúdos e o tempo que deve ser dedicado a cada matéria ou assunto. Essa programação ocorre de forma automatizada a partir dos interesses apontados no questionário. “Cada aluno é único e tem suas habilidades específicas, mas ele precisa saber o que priorizar na hora de estudar” salienta o diretor.
Outra vantagem do MAPA é o fato de apresentar os exercícios a serem trabalhados conforme a universidade pretendida. Por exemplo, para um vestibulando que tenha como opção Engenharia Civil na UFPR, os conteúdos a serem desenvolvidos serão baseados nos vestibulares dessa instituição. Já se o foco for a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) ou a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), os desafios serão outros, baseados nas propostas dessas faculdades.
Atendimento personalizado
Carolina de Caiado Asseff, 19 anos, é acadêmica do 2.º período de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e utilizou o programa de inteligência artificial no ano passado, quando se preparava pela segunda vez para o vestibular. De acordo com ela, o programa se comporta conforme a necessidade pessoal de cada um. “Vestibular é também uma questão de estratégia. É muito conteúdo, desde o fundamental. Por isso é necessário se organizar, para não perder tempo”, argumenta a universitária, que afirma que o sistema a auxiliou para aprender a organizar o tempo, inclusive depois de entrar na faculdade. “No curso de Medicina, é muita matéria e a gente precisa saber administrar isso”, comenta.
O grupo editorial britânico Pearson divulgou recentemente um relatório onde uma das constatações é a de que a inteligência artificial transformará positivamente a educação nos próximos anos graças à atenção individualizada que se poderá dar aos alunos, em tempo real. Segundo o estudo, o papel do professor, nesse novo contexto da educação, é usar os recursos oferecidos pela tecnologia de forma mais eficaz e eficiente para que seus conhecimentos possam ser aproveitados ainda mais.