É na primeira infância (período do nascimento até os 6 anos) que os pais e responsáveis manifestam preocupações extras com a escolha da instituição de ensino, pois nessa fase ocorre o desenvolvimento da linguagem e formas de se expressar na criança.
E é justamente nesse momento que os pequenos absorvem inúmeras informações e aprendem nos mais diferentes contextos: em casa, na escola, na igreja e todos os outros ambientes que frequentam. As dúvidas dos responsáveis, porém, incluem questões como proposta político-pedagógica, infraestrutura, localização e formação dos professores.
Pela legislação brasileira, a partir dos 4 anos todas as crianças devem estar frequentando a escola. Conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se e construir sua identidade são direitos de toda criança durante a primeira infância, segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A escolha da primeira escola do filho
O pequeno Breno, hoje com 2,8 anos, frequenta a escola desde quando tinha só seis meses. Para a mãe, a funcionária pública Carla Germana Lima Lucio, esse processo foi “doloroso” justamente por conta da pouca idade da criança. Com o fim da licença-maternidade, Carla e o marido, o empresário Josney Rodrigues Lara fizeram uma ampla pesquisa entre as escolas de Curitiba. Para eles, as preocupações eram higiene, alimentação natural e balanceada, a forma de acolhimento das professoras e o estímulo dedicado ao desenvolvimento da criança. Depois de muita pesquisa, optaram pela Escola Kids.
“O Breno evoluiu bastante. Está bem socializado e percebemos que a escola vem repassando o conhecimento que buscávamos em aulas de musicalização, artes e língua inglesa”, observa.
Preço é importante, mas adequação ao perfil da criança é essencial
Preço da mensalidade e localização são pontos importantes na hora da escolha. Mas a psicopedagoga Isabel Parolin, que é autora de 23 livros na área de Educação, ressalta que antes de escolher uma instituição de Educação Infantil, os pais precisam avaliar com atenção o perfil da criança e qual escola é mais adequada para ela. “Como psicopedagoga, eu diria que as escolas precisam oferecer espaços de criatividade.
"A forma como a sociedade está estruturada e como está caminhando vai exigir pessoas que sejam proativas, criativas, que saibam lidar com mudanças o tempo todo, além de ter os conhecimentos necessários para se inserir como cidadão em um mundo contemporâneo”, salienta.
Segundo a psicopedagoga, há várias formas de se descobrir isso, inclusive pela estrutura e a disposição dos materiais pedagógicos no ambiente. “A escola tem pátio, areia, grama? Ou usa grama sintética e os parques são estruturados? Tudo isso diz muito sobre a forma de trabalho na instituição”, explica.
Para Isabel, estimular a criatividade na primeira infância traz resultados significativos para a vida adulta. Isso se dá a partir de metodologias que favoreçam a construção, a experimentação, a manipulação, o convívio, a inteligência social. “Eu lamento ver crianças de 4 ou 5 anos preenchendo coisas em livros. Isso é uma perda de tempo enorme! A criança não consegue fazer a subjetivação necessária para entender que aquilo que ela está fazendo no livro tem a ver com o mundo que ela vive. O processo é ao contrário”, reforça.
LINK A escola ideal
Discurso compatível com a prática
A especialista em Educação Janaina Spolidorio ressalta a necessidade de os pais conferirem se a proposta metodológica é compatível aos recursos e à infraestrutura existente. “Se a escola explica, por exemplo, que usa uma metodologia mais ativa e o material traz exercícios exaustivos de repetição, é motivo de desconfiança. As informações não se relacionam”, observa.
Janaina destaca que crianças ativas se adaptam facilmente a uma metodologia mais livre, que lhes dá espaço para criar. Por outro lado, as mais passivas apresentam melhor desempenho com propostas tradicionais.
"As crianças ativas se adaptam facilmente a uma metodologia mais livre, que lhe dá espaço para criar. As mais passivas apresentam melhor desempenho com propostas mais tradicionais de ensino." Janaina Spolidorio, especialista em Educação.
Para definir a escola para Olívia (7), o casal de engenheiros Bruna e Rafael Tozzi visitaram diversas instituições levando em consideração critérios como a oferta de atividades extracurriculares, o ensino da Língua Inglesa e a preocupação com questões ambientais.
Olívia está há dois anos no Colégio Positivo, onde estuda em horário integral. O objetivo dos pais era concentrar todas as aulas – esportes, aulas regulares e até mesmo a lição de casa – no período em que ela está na escola e, dessa forma, garantir os momentos de folga e de lazer da menina. “Ela evoluiu muito. Está mais curiosa e atenta à comunidade como um todo”, argumenta Bruna.
Ensino em período integral: veja se ele é pra você
O consultor pedagógico Jones Brandão, da Agenda Edu, enfatiza que os pais devem analisar a instituição de ensino de forma global para ver se ela está alinhada às expectativas da família e não se deixar influenciar somente pela estrutura física ou recursos de entretenimento. Entender o projeto pedagógico e a estrutura de segurança e acesso também é essencial para o sucesso da escolha.
“A escola não pode mudar para agradar alguns. Ela precisa ser fiel ao seu projeto político-pedagógico. Cabe à família investigar antes para saber se aquilo que não concorda poderá gerar grandes insatisfações”, orienta o consultor pedagógico Jones Brandão, da Agenda Edu.
Sinais de alerta
O processo de escolha da instituição de ensino não é uma ciência exata e a resposta certa está sujeita a diversas variáveis. E é por isso que os pais devem estar sempre atentos aos sinais emitidos pela criança no decorrer do ano letivo.
Comportamentos agressivos, irritabilidade, recusa para ir à escola, mudanças bruscas na alimentação são alguns das formas que os pequenos encontram para demonstrar que não estão felizes e adaptados ao ambiente. A psicopedagoga Isabel Parolin enfatiza que essas manifestações não devem ser ignoradas. “A Educação Infantil é importantíssima. É o primeiro grupo que vai dar à criança a oportunidade de convívio social longe da família. É o contato com outras culturas, outras linguagens”, observa.
O consultor pedagógico Jones Brandão lembra, no entanto, que alguns desses comportamentos e reações podem estar relacionados à saudade de casa e da família, principalmente nas primeiras semanas, quando a criança ainda está se adaptando ao novo ambiente. “A adaptação é um processo com tempos diferentes para cada um. A família precisa ser parceira da escola. Não dá para achar que tudo será um passe de mágica.”