O fornecimento de energia limpa e renovável, a absorção de milhares de trabalhadores, empregados direta ou indiretamente em atividades ligadas à usina e os investimentos nos municípios da região estão longe de ser as únicas contribuições da Itaipu Binacional para a qualidade de vida dos paranaenses. Embora seja um dos pilares para a economia do Paraná, com a segurança energética, Itaipu, em seus 45 anos, tornou-se um destaque no setor socioambiental.
A atuação da empresa nessa área é destaque até mesmo nas Nações Unidas. A Binacional coordena e participa de inúmeros projetos para a conservação da qualidade da água, a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento rural sustentável, a saúde e a educação das comunidades próximas à região de instalação da usina.
Para o superintendente de Gestão Ambiental, Ariel Scheffer, o investimento na área vai muito além da responsabilidade socioambiental da empresa, passando a ser, efetivamente, parte do negócio – afinal de contas, a água é um dos principais ativos da Binacional.
“É claro que a empresa tem responsabilidade socioambiental, mas ela vive do elemento da água, que é extremamente importante para geração de energia, essencial. Sem água, não existe a hidroeletricidade. A Itaipu investe nisso e tem um histórico de realizações nesta área, que é praticamente único no mundo”, diz.
Parceria Itaipu-UNDESA
O Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (Undesa) e a Itaipu Binacional lançaram a parceria Soluções Sustentáveis em Água e Energia, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em março de 2018. A iniciativa, prevista inicialmente para os próximos quatro anos, tem o objetivo de promover de forma coordenada os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de números 6 e 7 (água e energia, respectivamente), que compõem a Agenda 2030.
“Sem integrar programas e sistemas sustentáveis de água e energia, não é possível erradicar a pobreza”. Liu Zhenmin, subsecretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais da ONU.
A parceria Soluções Sustentáveis em Água e Energia pretende construir capacitações, diálogos e cooperação para promover o desenvolvimento sustentável. “Sem integrar programas e sistemas sustentáveis de água e energia, não é possível erradicar a pobreza”, disse Liu Zhenmin, subsecretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais da ONU. “Estamos honrados por ter essa oportunidade de trabalhar com a Itaipu Binacional, que é um exemplo mundial de como dois países podem atuar juntos e em harmonia para prover energia limpa e confiável”, completou.
Respeito à biodiversidade
Por meio das ações do programa Biodiversidade, Nosso Patrimônio, pretende-se dar proteção e conservação à biodiversidade regional, comprometida pela intensa interferência do homem na região ao longo do avanço da fronteira agrícola, principalmente nas décadas de 60 e 70. Isso acarretou o esgotamento e a destruição de grande parte dos recursos naturais, reduzindo os ambientes nativos a uma fração do que eram originalmente e criando um isolamento que ameaça a fauna e a flora.
Quando a Itaipu foi instalada, mais de 60% da borda de onde está o reservatório hoje havia sido desmatada por conta da expansão do agronegócio. Itaipu se preocupou em recuperar essa borda, que hoje tem mais 1,7 mil quilômetros de extensão e cerca de 215 metros de largura. É um corredor ecológico, que ajuda a conectar o Parque Nacional do Iguaçu com o corredor Santa Maria (criado para ligar o PNI à faixa de proteção do reservatório) e com o Parque Nacional de Ilha Grande, perto de Guaíra.
“Essa é uma reconstrução do ecossistema e é uma floresta fantástica. Os animais estão voltando. Esse é um dos feitos históricos da Itaipu”, acrescenta Ariel Scheffer. Ao todo, entre reservas e refúgios, a Itaipu preserva mais de 100 mil hectares de florestas em ambas as margens (no Brasil e no Paraguai).
De acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, produzido pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 1985 e 2015, o Paraná foi o estado que mais contribuiu para a restauração da Mata Atlântica no Brasil, com 75.612 hectares (ha) regenerados. Dessa área, 28% (ou 20.957 ha) correspondem às ações da Itaipu na margem brasileira do reservatório.
Itaipu também conta hoje com zoológico e um criadouro científico de animais em extinção, nos quais se trabalha a reprodução assistida de espécies ameaçadas, principalmente mamíferos e aves.
Agricultura familiar
Outra linha de atuação é o fortalecimento do processo de certificação e comercialização de produtos orgânicos e da agricultura familiar, por meio do associativismo e do cooperativismo. O programa também promove a divulgação dos benefícios da produção orgânica à população, buscando a criação de vínculos sociais, ambientais e comerciais diretos do meio rural com o urbano. Também estimula a comercialização de produtos via programas institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar e Programa Nacional de Aquisição de Alimentos.
O produtor rural Luiz Antônio Arruda, 62 anos, é parceiro da Itaipu desde 2002, quando começou a se interessar pela agricultura orgânica. A guinada para a produção orgânica há 17 anos fez de Arruda um modelo para o Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável da Itaipu. Sua propriedade de 4,8 hectares, em São Miguel do Iguaçu, serve de exemplo para visitantes que querem aprender sobre a produção agrícola livre de agrotóxicos. “Com a ajuda dos técnicos da Itaipu, troquei os agrotóxicos por defensivos naturais que eu mesmo produzo”, diz.
Sustentabilidade das comunidades indígenas
Itaipu desenvolve também iniciativas voltadas a garantir o modo de vida dos índios Avá Guarani em sua área de influência. Essas iniciativas fazem parte do programa Sustentabilidade das Comunidades Indígenas, que atende a cerca de 290 famílias (aproximadamente 1.450 pessoas), distribuídas em três aldeias (Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, e Añetete e Itamarã, em Diamante D’Oeste), com apoio financeiro e humano, além de capacitações voltadas a esse público.
Para o vice-cacique Luiz Martines, da aldeia Ocoy, a formação contribuiu para adquirir novos conhecimentos e técnicas de produção de alimentos a serem postas em prática em prol das comunidades. “Nos demos conta de que há como resgatar algumas áreas, onde as famílias muitas vezes já deixaram de utilizar por pensar que não havia mais como produzir ali", afirmou. "Com esse sistema, percebemos que é possível, sim, recuperar este solo para produzir novamente sem problemas. Basta levar todo o nosso aprendizado à prática aqui no Ocoy”, destaca.
Saneamento básico e gestão do lixo
Uma das atuações mais fortes de Itaipu nos 55 municípios de sua área de atuação e de influência é quanto ao saneamento básico, buscando melhorar a qualidade da água e reduzir o risco de epidemias. “Atuamos em parceria com as prefeituras para a promoção de saneamento básico e da gestão de resíduos dos municípios”, destaca o superintendente Gestão Ambiental da usina. “Temos resultados fantásticos em certas prefeituras, que conseguiram reciclar cerca de 93% a 95% de seu potencial”, conta.
Moradora de Santa Helena, a catadora Elisabete de Almeida, que trabalha com coleta seletiva há 12 anos, é atendida pelo programa Coleta Solidária. Com as primeiras capacitações, a organização do trabalho e o apoio dos municípios, a renda dos catadores triplicou nos últimos cinco anos: saindo de R$ 450 mensais para R$ 1,6 mil.
“No início, eu passava o dia todo na rua recolhendo os materiais com carrinho. Ganhava no máximo R$ 500. Hoje, aqui no Centro de Triagem de Santa Helena, minha renda chega a R$ 1,5 mil” . Elisete de Almeida, trabalhadora de coleta seletiva há 12 anos.
Hospital Ministro Costa Cavalcanti
Inaugurado em julho de 1979, o Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) foi construído pela Itaipu Binacional inicialmente para atender seus trabalhadores durante a construção da usina. Em 1994, foi instituída a Fundação de Saúde Itaiguapy para administrá-lo. A Binacional participa da gestão da Fundação, por meio dos conselhos Diretor, Fiscal e Curador da entidade. O hospital conta com 202 leitos, 35 vagas em UTI, 400 médicos, 1.100 colaboradores e atende a 50 planos de saúde. No total, foram realizados 250 mil atendimentos nos últimos quatro anos.
Em 2018, o HMCC teve 75% de taxa de ocupação de leitos. Foram 13.561 internações e 6.762 cirurgias. Realizou 4.421 partos, 170.647 exames de imagem e 1.615 procedimentos de hemodinâmica, além de 23.166 sessões de quimioterapia e radioterapia. Também atendeu 253.658 consultas eletivas e 89.573 consultas de urgência e emergência. Foram feitos ainda 8.834 procedimentos de hemodiálise. No ano passado, a Fundação registrou 64% de pacientes-dia (internações) provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS).