Tecnologia. Mundo digital. Robótica. Internet das coisas. Big Data. Impressão 3D. Esses são conceitos que poderiam estar ligados a um setor produtivo específico. A uma indústria. Ao futuro do mercado de trabalho. Mas estamos falando aqui de uma das missões mais antigas da humanidade e que se mostra cada vez mais importante: a Educação.
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Mas o que esses elementos da tecnologia têm a ver com a tarefa do professor em sala de aula? Segundo especialistas em educação consultados pela reportagem, tudo a ver. “Quando falamos dessa nova revolução industrial, desse mercado de trabalho que está se modernizando, nós vamos precisar de um novo profissional. E ele não vai ser mais um ‘repositório’ de informação, não vai se destacar por ter uma grande quantidade de informações, e sim por ter uma quantidade de habilidades necessárias para o que o mercado de trabalho está precisando hoje”, afirma a professora Giovana Chimentão Punhagui, gerente de Educação do Sesi/Senai e mestre em Educação.
O doutor em Educação e líder do Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagogia, Complexidade e Educação da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Antunes de Sá, lembra também que a tecnologia trouxe a convergência de diferentes mídias para a plataforma digital. “O professor ou o educador precisa considerar que as tecnologias digitais trouxeram para dentro dos computadores e dos dispositivos móveis digitais todas as mídias e suas respectivas linguagens. Acho que essa seria a característica da Educação para o século XXI que a escola, os governos e os planos de Educação deverão levar em consideração”.
Não é novidade que a internet ampliou o volume de informações acessível a qualquer pessoa e o aluno hoje sabe que pode buscar o conhecimento onde quiser. Neste sentido, a escola não vai mais simplesmente transmitir o conteúdo. Na opinião de Giovana, a escola e o professor vão precisar se tornar centros de treinamento de habilidades para que o aluno possa não apenas aprender conteúdos, mas aprender a aprender. “É como se a gente ensinasse cada aluno a ser um autodidata para que ele possa continuar de forma autônoma o aprendizado que começou na escola”.
As competências que podem ser trabalhadas em sala de aula para formar este novo perfil de estudante vão desde o desenvolvimento do pensamento crítico, resolução de problemas, liderança, a consciência cultural até a flexibilidade para lidar com pessoas diferentes.
Metodologias
Existem diferentes métodos de ensino atuais e em consonância com o que pede a Educação do Século XXI. Não há um considerado mais correto. Existem, sim, metodologias que vão se adaptar melhor ao momento pelo qual passa a sociedade. “Penso que as iniciativas chamadas de metodologias inovadoras procuram readequar a prática docente em relação às demandas atuais da sociedade, bem como, estabelecer uma nova forma de mediar o processo de ensino e de aprendizagem para as novas gerações. Para as gerações ‘conectadas’”, analisa Antunes de Sá.
Quando se fala sobre as novas metodologias educacionais, um conceito muito presente é o de colocar o estudante como protagonista de seu próprio aprendizado. “O protagonismo, penso, tem-se dado por atividades que levam o estudante a pensar, a criar estratégias para resolução de problemas, para lidar com a incerteza, etc. Acredito que toda metodologia que possibilite ao estudante analisar, contextualizar, compreender, aprender e articular o conhecimento à vida, à realidade, precisa ser acolhida criticamente pela escola que, hoje, não é mais o centro do conhecimento”, avalia o professor.
“Algumas metodologias têm se destacado mais. Como a metodologia por resolução de problemas – o aluno vai trabalhar por meio de desafios o tempo todo, ele vai desenvolver projetos para resolver problemas da realidade. A realidade não está descolada da escola e o professor vai ter que trabalhar essas habilidades para que o aluno possa aprender a resolver problemas reais. Outra metodologia atual é do ‘ensino híbrido’, em que o aluno tem a aula com professor na escola e depois continua online. Um é a continuação do outro e o aluno estuda num ciclo. ‘Microlearning’ é uma metodologia para trabalhar com conteúdos curtos. O aluno acessa o conteúdo em formato de vídeo de 3 minutos, 5 minutos e ele pode formar o seu próprio itinerário de estudo. Além do EAD, que é muito bom, mas o aluno tem que estar preparado para isso e o papel do professor é ensiná-lo como estudar a distância”, aponta Giovana.
Perfil do professor
Uma coisa é certa: o professor vai precisar cada vez mais se reinventar. Mesmo colocando seu aluno como o protagonista do processo de aprendizagem, o papel do professor continua sendo muito importante, mas não mais como um transmissor de conteúdo. “Ele não vai precisar ficar lá na frente explicando o conteúdo porque isso o aluno já vai saber. Ele pode acessar esse conteúdo de qualquer lugar. O professor vai precisar ser um mediador, um facilitador para ensinar ao aluno habilidades de como estudar, como aprender melhor, como buscar informação, como pesquisar, como é que ele desenvolve pensamento crítico para ser mais analítico. O professor vai precisar ter ferramentas para que ele possa ensinar isso em sala de aula”, afirma a mestre em Educação, Giovana Chimentão Punhagui.
O Projeto Ler e Pensar e a utilização do jornalismo em sala de aula
Na opinião do professor Ricardo Antunes de Sá, o projeto tem um papel importante para incentivar a leitura em sala de aula. “É uma iniciativa de uma instituição da sociedade civil que precisa ser valorizada pela sociedade. Não é apenas o Estado ou os governos da ‘hora’ que têm a obrigação de garantir uma educação de qualidade para as novas gerações. A sociedade civil precisa entender que ela tem um papel importante para a formação das novas gerações e para a nossa Democracia. O Projeto Ler e Pensar é uma grande contribuição à cidadania”.
Giovana destaca que o novo momento da Gazeta do Povo – agora voltada para o digital – está conectado com essa revolução que acontece em sala de aula também “A gente sabe que a Gazeta do Povo está se destacando no digital e isso é ótimo. Porque o aluno precisa ter acesso a informações, mas as pessoas precisam tomar cuidado com a fonte que elas acessam. Então o Projeto Ler e Pensar tem uma fonte fidedigna, que é a Gazeta do Povo, e que o professor pode confiar para fazer o trabalho em sala de aula com a informação sem estar enviesada, uma informação que a gente confia na fonte que tem. As iniciativas do projeto são inovadoras, aproximando o aluno do jornalismo”. Mais informações e inscrições neste link.