Depois de muitas tentativas frustradas de empreender na lavoura e na pecuária, o casal Gryczynski criou o espaço perfeito para o descanso do corpo e da alma, a vivência do campo com entrega de hotelaria cinco estrelas. Conceito intimista, de valorização da simplicidade e da natureza o Hotel se destaca no Centro-Sul do Paraná, perfeito para todos os tempos, inclusive para os de pandemia.
Muitos empreendedores se desesperam quando tudo parece dar errado e não se vê luz no fim do túnel. Foi assim para o jovem casal Ieda e David Gryczynski, ele agrônomo, ela bancária, que na década de 90 tentaram empreender na propriedade rural herança da família na pequena cidade de Fernandes Pinheiro, na região Centro-Sul do Paraná. Nem sonhavam que seriam empresários referência no segmento da hotelaria rural, com o Hotel Virá Charme Resort.
No ano de 1992, Ieda trabalhava em um banco na cidade de Irati, David já acumulava funções agrícolas na área de produção de erva-mate e plantio de feijão. Em 1994 fizeram um grande plantio de feijão, mas por instabilidade do clima a safra brotou antes de ser colhida e o seguro que haviam feito não garantiu a cobertura. Perderam toda a safra e ficaram com uma dívida enorme, que posteriormente foi questionada na justiça.
Além desse episódio, outros tantos fizeram muitas vezes o casal se questionar, mas jamais pensar em desistir. Tinham a terra, mas precisavam acertar algum outro negócio. Resolveram tentar a pecuária. Ieda conta que foram em uma feira agropecuária em Guarapuava, com a intenção de criar gado, mas como não eram membros da cooperativa não puderam assistir as palestras. E foi andando pela feira que parou em um stand da Paraná Tur ( atual Paraná Turismo) que incentivava os pequenos agricultores a diversificarem suas culturas e seu negócios. E foi aí que surgiu a idéia! E se transformássemos a fazenda em um empreendimento turístico?
E aquela ideia que parecia loucura há 22 anos, deu certo! Fernandes Pinheiro tem pouco mais de 5 mil habitantes, nenhum atrativo que justifique a atração de turistas, dificuldade para atrair mão de obra e longe de grandes centros urbanos, mas passou a ser o destino de famílias e casais que buscam aconchego, descanso e uma hospitalidade que surpreende nos detalhes. Não só do Paraná, mas de outros estados e até estrangeiros que veem na fazenda um refúgio.
Boa vontade e mãos à obra
Disposição para o trabalho o casal sempre teve. Ieda deixou o trabalho no banco se mudaram para a fazenda. Na época a primeira filha do casal, Marina, tinha 2 anos. A casa sede da fazenda foi transformada em uma hospedaria. Os três quartos e um banheiro recebiam hóspedes e o casal e a bebê, ficavam com o mezanino da casa. "Desde o início nossos hóspedes buscavam esse aconchego, e nós queríamos proporcionar esse bem receber. Sempre primamos muito pelo conforto e pela hospitalidade, nos primeiros anos torcíamos para a Marina não chorar e não incomodar os hóspedes", relembra Ieda.
Nos primeiros anos o casal Ieda e David se desdobravam entre os afazeres da propriedade e a recepção dos hóspedes. Ieda era a governanta, camareira, cozinhava, recepcionava, e quando não estava com hóspedes aproveitava a "folga" para costurar e bordar o enxoval e as roupas de cama. Enquanto David trabalhava na carpintaria, cuidava da jardinagem, fazia a horta, levava os hóspedes para a cavalgada e era responsável dos cuidados gerais da propriedade. Foram alguns anos até que conseguiram contratar os primeiros colaboradores que estão com eles até hoje.
E foram os anúncios de classificados da Gazeta do Povo que levaram os primeiros hóspedes à Fazenda Virá. "Lembro que tínhamos que controlar a quantidade de letras do anúncio porque nosso recurso era limitado, e foi assim que vieram nossos primeiros hóspedes. Pessoas que sem ver uma foto, sem ter referências acreditavam naquelas poucas linhas e vinham até a Fazenda", conta Ieda.
Uma referência de hospitalidade e bom gosto
Aos poucos, com a própria receita das hospedagens, começaram a investir na construção dos chalés, sempre prezando por construções de alto padrão porque miravam atingir um público que exige bom gosto e qualidade. Hoje são 38 chalés,ampla área de lazer, centro de eventos, restaurante com capacidade para 300 pessoas e a antiga casa sede hoje abriga um charmoso spa assinado pela L’Occitane.
Durante a pandemia, onde muitas famílias que moram em apartamentos e não suportam mais o confinamento de seus lares, e também não podem fazer viagens de longas distâncias, tem buscado lugares como o Virá. A privacidade e o distanciamento entre as acomodações que foi pensado há mais de uma década, é hoje um sonho de consumo e fator que faz com que o hotel tenha lista de espera.
"Desde que começou a pandemia estamos sempre com muita procura, chegamos a parar as atividades completamente por um mês. Foi horrível ver o hotel com todas as luzes apagadas pela primeira vez.Trabalhamos com capacidade reduzida, mas durante todo esse período atendendo com todas as regras de segurança sanitária e vimos que o que apostamos há duas décadas foi certeiro. Antecipamos uma tendência.", conta Ieda.
O que surpreende os hóspedes é a liberdade de estar no campo, mas com o conforto e comodidade de uma hotelaria cinco estrelas. Construções em toras de madeiras, decks privativos, ofurôs e algumas unidades sobre o lago com privacidade e vistas deslumbrantes.
A propriedade que já viveu experiências de lavoura de feijão, tentaram a pecuária, criaram búfalos, hoje é focada na preservação da natureza, buscando a interação dos hóspedes com o meio ambiente em atividades em meio as paisagens. Entre as atividades que a Virá oferece estão passeios a cavalo ao pôr do sol, caiaque e stand up paddle, pesca, pedalinho, trilhas de caminhada e ciclismo em mais de 170 hectares da fazenda.
Durante a pandemia, Marina, responsável pela área de marketing, aproveitou para fazer uma pesquisa com os hóspedes e planejar um novo conceito para a gastronomia da Fazenda Virá que será implantada nos próximos meses. "Aqui desenvolvemos o conceito farm to table e vamos investir ainda mais na cozinha autoral, trazendo alimentos da nossa horta para pratos da culinária típica do Paraná com a herança gastronômica dos nossos imigrantes", conta.
A família é toda envolvida na operação do negócio e moram na propriedade. Marina que vive no Virá desde bebê, Iago tem 19 anos estuda piscicultura na Universidade Federal do Paraná e já empreende na área, aproveitando o potencial dos tanques da propriedade e a pequena Valentina de 10 anos, que encanta os hóspedes com sua hospitalidade.
Os hóspedes se tornam recorrentes na Fazenda Virá e acabam fazendo parte da história, muitos se tornam amigos da família. "Nosso negócio é de família e para família, agora com o meu envolvimento e do meu irmão estamos trazendo sempre coisas novas e agradando todos os públicos. Mas temos clientes que vêm aqui há vinte anos, já são da família ! Aqui é um negócio de família para família" conta Marina.
Uma das maiores dificuldades hoje do segmento de turismo rural é mão de obra qualificada nas localidades onde os empreendimentos estão instalados. Ieda conta que mesmo promovendo qualificação, trazendo cursos para a região é muito difícil ter profissionais focados em serviço de alto padrão. "Os empresários do segmento precisam de um olhar para a qualificação por parte dos governos e entidades de classe. Se tivermos pessoas capacitadas temos empregos certos, as vagas existem, precisamos contratar, infelizmente pessoas é o ponto mais delicado da operação" destaca a empresária.
A Virá Charme Resort é filiada ao LIDE Paraná. Semanalmente nesta coluna o LIDE Paraná trará exemplo de empresas e empreendedores paranaenses que venceram momentos de adversidades e são exemplos a se inspirar em um momento como o que estamos vivendo e elevam a marca do estado para outros territórios.