Compostagem de resíduos orgânicos foi solução apresentada para diminuir o volume de lixo nos aterros sanitários| Foto: Ezequiel Prestes
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Em um esforço para promover práticas sustentáveis e discutir as alternativas de gestão de resíduos, gestores empresariais e representantes de setores do varejo se reuniram em Curitiba, na última quinta-feira (06), para participar de um encontro promovido pela Composta +, startup que atua com serviços de coleta e compostagem de resíduos orgânicos, em parceria com a Gazeta do Povo.

Com a temática Inovação e Sustentabilidade: ESG e a Gestão de Resíduos, o evento, realizado na sede da Gazeta do Povo, em Curitiba, contou com a presença do superintendente do Shopping Curitiba Allos, Luciano Koiti Abe; da gerente de qualidade da Romanha Alimentos, a engenheira de produção Leandra Andrade Rosa; da advogada e consultora Dirlene Rosar, que integra Câmara Setorial ESG da Associação Comercial do Paraná (ACP) e também é coordenadora Estendida do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa no Paraná, no Pilar Diversidade e Inclusão; do diretor de Novos Negócios da Composta +, Igor Oliveira; e do diretor comercial da startup, Ricardo Bruner.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os resíduos orgânicos constituem aproximadamente 50% do total de resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil.

Isso inclui restos de alimentos, cascas de frutas e vegetais, resíduos de jardinagem e outros materiais biodegradáveis. Igor Oliveira, da Composta +, destacou que quando não são gerenciados adequadamente, esses resíduos podem causar impactos ambientais que vão desde a emissão de gases de efeito estufa, contaminação do solo e águas subterrâneas, além de problemas sanitários. “Boa parte dos resíduos enviados aos aterros sanitários poderiam ser transformados e reaproveitados, minimizando o impacto ambiental”.

Legislação

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010, estabelece as diretrizes para o gerenciamento adequado dos resíduos, incluindo a promoção da reciclagem e a compostagem de resíduos orgânicos.

A compostagem é uma das soluções propostas pela PNRS, uma vez que se trata de um processo biológico que transforma resíduos orgânicos em composto, um adubo natural rico em nutrientes. Atualmente, a Composta + atende mais de 800 empresas e instituições, além de mais de 550 residências em Curitiba e Região Metropolitana.

Varejo

Segundo Luciano Koiti Abe, Shopping Curitiba adotou o processo de compostagem orgânica há menos de um mês. O local produz, em média, 60 toneladas de resíduos por mês| Foto: Ezequiel Prestes

Na capital paranaense, o Shopping Curitiba é o primeiro empreendimento de lazer e compras a adotar o processo de compostagem como alternativa para a gestão dos resíduos orgânicos. Luciano Koiti Abe, superintendente do shopping, disse que a operação ainda está em fase inicial – vai completar um mês no dia 15 de junho – mas já é possível observar resultados bastante satisfatórios no processo de manejo dos resíduos.

Segundo Abe, a adoção da compostagem se deu em virtude do grande volume de resíduos que era enviado ao aterro sanitário. De uma média de 60 toneladas de resíduos produzidos mensalmente no shopping, apenas 10 toneladas eram recicláveis. O restante, cerca de 50 toneladas, material orgânico que, até então, não recebia nenhum tipo de tratamento adequado. “Reduzir o volume de lixo encaminhado aos aterros foi uma das metas estabelecidas pelo grupo gestor do shopping para este ano”, comentou. A previsão, afirmou, é de que pelo menos metade desse volume passe pelo processo de compostagem a partir de agora.

Industria

Leandra Andrade Rosa afirmou que, além de reduzir o impacto ambiental, modelo contribui para combater os vetores| Foto: Ezequiel Prestes

Leandra Andrade Rosa, gerente de qualidade da Romanha Alimentos, contou que, na indústria de alimentos, a parceria com a Composta + se deu pelo desejo de trabalhar mais fortemente a questão da sustentabilidade. Em nove meses de trabalho, o resultado é visível: mais de 7 toneladas de resíduos orgânicos foram compostadas – ou seja, deixaram de ser encaminhados aos aterros sanitários e

foram transformados em adubo orgânico e 11,19 toneladas de CO2 (gás carbônico) deixaram de ser emitidos na atmosfera. Além disso, com o uso das bombonas – recipientes de 50 litros para a coleta dos resíduos que substituem as tradicionais lixeiras – ocorreu uma economia de 756 sacos plásticos.

De acordo com Leandra, outra grande vantagem do processo de compostagem é a melhoria do controle de pragas. Como as bombonas são vedadas e bastante resistentes, problemas com roedores e outros vetores praticamente desapareceram. “Com o armazenamento dos resíduos em sacos plásticos, a chance de acontecer incidente é muito maior. Com as bombas, não há restos de comida e os vetores desapareceram”, afirmou.

Dirlene Rosar contou que a adoção de iniciativas de processamento adequado dos resíduos é uma das pautas recorrentes dentro da Câmara Setorial ESG da Associação Comercial do Paraná (ACP). No entanto, trabalhar a conscientização ambiental e a importância de adotar as novas práticas é um desafio entre uma parcela dos 14 mil associados, segundo ela. “Ainda existem muitas pessoas que consideram o assunto pouco relevante, que não percebem os impactos ambientais para o planeta”, analisou.

Logística

Igor Oliveira explicou que a logística envolvendo o processo de compostagem é adequado à necessidade de cada empresa atendida| Foto: Ezequiel Prestes

Igor Oliveira, da Composta +, explicou como é a logística adotada com as empresas atendidas pela startup e relatou como ocorre o processo de

compostagem termofílica, modalidade que permite que diversos tipos de materiais orgânicos sejam descartados juntos – inclusive guardanapos, cítricos e outros.

O diretor salientou que, além de ser um processo de fácil implementação tanto em empresas como em residências, é financeiramente acessível e contribui para ampliar a vida útil dos aterros sanitários existentes no Brasil, reduzindo o impacto ambiental.

Fundada em 2018, a Composta + atua visando à redução dos impactos ambientais e sociais junto a empresas de diversos segmentos, instituições e residências. Nesse período, 9.615 toneladas de resíduos orgânicos deixaram de ser enviadas aos aterros sanitários e passaram pelo processo de compostagem; 5.576 toneladas de adubo orgânico foram produzidas; 15.249 toneladas de CO2 (gás carbônico) deixaram de ser emitidas e mais de 1 milhão de sacos plásticos deixaram de ser consumidos.