O reitor da PUCPR, Waldemiro Gremski, durante evento no Hard Rock Cafe Curitiba.| Foto: João BorgesPUCPR

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) anunciou, nesta quarta-feira (16), a maior mudança de seu sistema educacional em 58 anos de história. A apresentação do novo modelo de ensino foi feita em evento para professores, colaboradores da universidade e convidados no Hard Rock Cafe Curitiba.  

Com um investimento de R$ 36 milhões em três anos, a PUCPR se transforma inspirada na abordagem canadense para a aprendizagem no ensino superior. Com  novos cursos e mudanças na metodologia de ensino e nos currículos, além da opção de graduação internacional, o foco da instituição passa a ser a formação de um egresso que desenvolva diferentes competências para saber agir diante dos desafios impostos pelo mundo atual. 

O foco, diz o reitor Waldemiro Gremski, está em formar cidadãos preparados para enfrentar as exigências que o mundo moderno está impondo: “Acreditamos no poder da formação por competências para tornar os estudantes conscientes do seu protagonismo na construção dos próprios saberes ao longo de toda sua vida”, diz.  

“Na formação, o que importa é o que o estudante é capaz de fazer com o que aprendeu. O foco dos planos de ensino das disciplinas deixa de ser transmitir conteúdo. Com diferentes metodologias, os professores vão planejar as aulas visando alcançar resultados. A aprendizagem passa a ser ativa. Exemplo: se o resultado esperado é análise, a metodologia apropriada pode ser um estudo de caso. Se é criação, não cabe aula expositiva, mas o desafio de desenvolver um projeto de verdade”, explica o vice-reitor Vidal Martins. 

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Para os estudantes que ingressarem a partir de 2018, o ponto de partida para a mudança será o Projeto Vida Universitária, que passa a ser trabalhado em todos os cursos de Graduação na disciplina de Filosofia. Em um semestre, o recém-chegado criará um plano cujo tema é o seu próprio desenvolvimento universitário. A partir dessa reflexão, a PUCPR apresenta uma série de caminhos nas áreas de pesquisa, empreendedorismo, cultural, espiritual, esportiva e de liderança, além de certificações por trilhas de aprimoramento profissional.  

O sistema vai permitir que estudantes de cinco escolas da PUCPR possam fazer incursões entre diferentes áreas, com eixos de empreendedorismo e inovação. “Se o estudante tem o senso crítico aguçado, vai encontrar na trilha de pesquisa a oportunidade para resolver problemas globais e pode, inclusive, conquistar o título de mestre logo após a graduação. Se é um aluno com o perfil empreendedor, ele segue uma trilha de estudos específica na Escola de Negócios e pode incluir um projeto na incubadora da universidade”, exemplifica Martins.  

As novidades também serão sentidas pelos atuais estudantes da PUCPR, que já se familiarizam com alguns dos novos processos desde 2014. Entre elas, estão os espaços alternativos às salas de aula tradicionais. Para que os estudantes desenvolvam atividades práticas, foram criados os “Espaços Maker”. Salas diferenciadas com o uso de metodologias para aprendizagem ativa foram concebidas por professores e estudantes da Escola de Arquitetura e Design da própria universidade.  

Novos cursos e internacionalização  

 

Novos cursos serão abertos em 2018, incluindo graduações como a de Engenharia BiomédicaProdução Digital Multiplataformas. A internacionalização recebeu novo impulso da instituição para o próximo ano letivo. Em parceria com a Kent State University, dos EUA, a PUCPR passa a oferecer graduações no modelo de educação americano, o liberal arts, em uma iniciativa que será conhecida como American Academy. Com período integral e disciplinas modulares ministradas por professores da Kent em inglês, os alunos fazem parte do curso no Brasil e complementam os estudos nos Estados Unidos, recebendo o diploma da PUCPR e da universidade americana.  

Em 2018, a implantação das mudanças começa de forma plena em cinco das oito escolas da PUCPR. Mais de 40 cursos já iniciam o semestre no novo modelo e, em 2019, a metodologia será aplicada em todos os cursos da universidade.  

“A transição para o novo modelo educacional tem uma forte vertente na formação dos professores. A PUCPR investe expressivos recursos em capacitação. Temos uma equipe de especialistas em contato com o que há de mais inovador em educação em todo o mundo. Nosso centro de ensino e aprendizagem, o CrEAre, é um espaço de formação que sustenta toda a proposta metodológica de ensino por competências”, afirma a pró-reitora de Graduação, Maria Beatriz Balena.  

Para a diretora de Suporte à Graduação, Cinthia Spricigo, as mudanças devem colocar a instituição em uma posição de vanguarda no país. Com um currículo desenhado por competências, todas as disciplinas passaram por uma revisão detalhada. E a adequação foi feita com foco no desenvolvimento integral dos estudantes de todas as áreas. O projeto teve suporte de pesquisadores da Université du Québec à Montreal e da McGill University, ambas canadenses, com participação dos professores Alenoush Saroyan e Anastassis Kosanitis, referências em ensino superior. Além desse suporte, os docentes da PUCPR receberam formações ministradas por pesquisadores de outras universidades mundialmente reconhecidas como Harvard, MIT, Minerva e Olin College. 

“Muito se fala sobre aprendizagem ativa, mas a maior parte das ações neste sentido é pontual e permanece focada nos conteúdos. Essa transformação que estamos fazendo é sistêmica e não está limitada ao conteúdo ou metodologia. A proposta é formar pessoas capazes de mobilizar os seus recursos para agir”, avalia Spricigo.  

De acordo com Martins, o objetivo da transformação é o desenvolvimento integral de profissionais competentes e cidadãos solidários. “O que queremos é formar um estudante reflexivo e autônomo, que saia da universidade sabendo agir em situações complexas e que não foram exploradas no período da sua formação. O contexto é um mundo que muda muito rápido e exige capacidades cognitivas de mais alta ordem (análise, julgamento, criação). Formar profissionais capacitados para atuar apenas em situações conhecidas não faz mais sentido. É importante desenvolver a capacidade de se explorar e repensar”, conclui.