O ambiente brasileiro de negócios despontou nos anos 2000, influenciado por fatores como o estabelecimento de uma legislação tributária favorável às micro e pequenas empresas (MPEs), o fortalecimento do mercado interno consumidor e o aumento da escolaridade dos empresários. Em 2013, segundo relatório da Global Entrepreneurship Monitor, 21 milhões de pessoas estavam envolvidas na criação ou administração de negócios iniciais no país, enquanto outras 19 milhões eram proprietárias ou administravam empreendimentos já estabelecidos, com existência superior a 3,5 anos.
“Temos uma alta demanda por produtos e serviços que facilitem a mobilidade e a conectividade, aliando tecnologia a preços acessíveis. A engenharia e a agronomia têm muito a contribuir no suprimento dessas necessidades. Assim, poderemos alcançar o status de país desenvolvido para se integrar às principais nações mundiais”, avalia a superintendente executiva da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Sheila Oliveira Pires.
Segundo a entidade, o Brasil apresenta oportunidades para a criação de soluções nas áreas de moradia, saneamento, acesso à informação, educação, saúde, transporte e alimentos. “Vencer obstáculos como a desigualdade sócio-econômica requer investimento intensivo em educação, ciência e tecnologia. Por outro lado, temos um grande contingente da população na classe média, cada vez mais ávida por produtos e serviços sofisticados, que lhes permitam estar conectados com o mundo”, observa Sheila.
Atualização no ensino
Um estudo realizado este ano aponta que o Brasil tem 369 incubadoras em operação, com 2.310 empresas incubadas e 2.815 empresas graduadas, gerando 53.280 postos de trabalho. Juntas, todas as empresas apoiadas apresentam um faturamento que ultrapassa os R$ 15 bilhões. O estudo foi conduzido pela Anprotec em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Apesar do cenário promissor, o empreendedorismo esbarra em desafios como a atualização curricular das universidades, que precisam expandir seu caráter multidisciplinar e prático para desenvolver competências focadas em negócios. “Não existe uma educação empreendedora sem que o aluno se baseie na sua própria história e no que acredita. Ele precisa conceber um projeto ‘do zero’ e mensurar os aprendizados da experiência”, avalia o professor Rafael Araujo Leal, fundador do Management Experience Program (MEP), da FAE Business School.
No campo da engenharia, uma referência mundial é a Olin College, em Needham (EUA), fundada há 19 anos com o propósito de formar profissionais criativos e inovadores. O curso tem três pilares relacionados a conceitos do design: a desejabilidade (as pessoas querem?), a factbilidade (é factível tecnicamente?) e a viabilidade (se sustenta financeiramente?). Inspiradas nesse modelo, instituições brasileiras também estão implantando novas propostas de ensino para os futuros engenheiros. Dois exemplos são o Insper, localizado em São Paulo (SP); e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).