A construção civil nacional despontou entre os anos de 2011 e 2012 com o “boom imobiliário” e a concessão de crédito para aquisição da casa própria que oportunizou a realização do sonho de muitos brasileiros e fortaleceu a economia. Com total superior a 247 mil engenheiros civis em exercício no país, de acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o setor busca alternativas para renovar a confiança dos investidores e da população.
Diante do PIB negativo e do desemprego, os esforços das entidades de classe são direcionados para a retomada do crescimento, que favorece não somente os profissionais com ensino superior completo, sendo a área que mais emprega mão de obra com baixa qualificação. Conforme avaliação do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, os engenheiros civis entendem a necessidade do momento e contribuem de forma conjunta para o futuro do Brasil.
“O segmento responde por mais de 50% dos investimentos feitos no Brasil. Por isso, temos observado a mobilização de todos os engenheiros da nossa indústria, em um ambiente de coesão e na defesa de uma agenda comum. Assim, reforçamos nossa capacidade de trabalhar pelo coletivo e a postura madura de empresários, dirigentes e trabalhadores”, explica Martins.
Entre as especialidades da engenharia, a construção civil reúne o maior número de registros, porém, a atividade envolve um conjunto de setores como agronomia, agrimensura, elétrica, florestal, industrial, química, segurança do trabalho, geologia e minas. No total, são 1,2 milhão de profissionais dessas áreas, segundo levantamento do Confea, ratificando a representatividade para a economia nacional.
Segmento de avaliações e perícias incentiva capacitação continuada
No campo profissional, o desafio para os engenheiros é ultrapassar a barreira da formação lógica, que inclui, por exemplo, matemática e física, assumindo o papel dentro da sociedade. “Os profissionais da engenharia e da agronomia nem sempre têm o entendimento de qual é o papel dele dentro de uma sociedade organizada”, avalia o vice-presidente de relações institucionais do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), Wilson Lang. Para driblar esse cenário, a entidade incentiva a capacitação dos profissionais na área de avaliações e perícias. “No entanto, precisamos de um maior número de pessoas participando, e das demais organizações para trilharmos esse caminho”, reflete Lang.
“Sabemos que a engenharia tem uma contribuição fundamental porque permeia todos os setores da sociedade. Por isso, precisamos estar juntos, lutando para superar esse momento e retomar o desenvolvimento do país”, avalia o presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), engenheiro civil Clovis Francisco Nascimento Filho.
Nos debates que vem organizando, a Fisenge reforça junto aos sindicatos e profissionais que a reação ao mercado precisa ser conjunta. “Temos aproveitado esses debates localmente para conscientizar o maior número de profissionais que a união é primordial nessa hora”, destaca o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), engenheiro civil Joel Krüger.
Mobilização nacional
Outra iniciativa é o projeto “Engenharia Unida”, da Federação Nacional de Engenharia (FNE), que motiva o espírito de unidade com ações que passam pelo incentivo à formulação de propostas, a cobrança do protagonismo dos profissionais e a busca de sustentabilidade no desenvolvimento da profissão. “A engenharia tem um fator fundamental para crescimento e desenvolvimento do país na área econômica e tecnológica”, ressalta o presidente da FNE, engenheiro eletricista Murilo Celso de Campos Pinheiro.
Segundo o presidente Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc), engenheiro civil Francisco Teixeira Coelho Ladaga, um passo importante nesse cenário é a resolução do impasse político atual. “O Brasil precisa rapidamente definir uma posição forte para recuperarmos os financiamentos para casa, para edificação, e o capital de giro para as pequenas empresas, anteriormente liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É preciso incentivar as empresas em atividade, motivando o crescimento novamente”, avalia Ladaga.