Leonardo Bassani da Silveira: “A economia colaborativa é uma realidade da situação econômica mundial”| Foto: /

Ele criou uma rede social que tem mais de 15 milhões de cadastrados e hoje desenvolve um sistema de prestação de serviços que facilitará o acesso das pessoas ao sistema bancário: mais do que tecnologia, o que sustenta o colaborativismo são as relações humanas.

“Eu vivencio a economia colaborativa há muitos anos, antes mesmo de saber o que era. Ainda em 2001 eu tinha um grupo de trabalho que teve a ideia de propor o compartilhamento daquilo que não era usado. Por exemplo: se meu carro vai ficar parado por um tempo, por que não compartilhar? Se não vou usar meu apartamento, não posso deixar que ele seja usado por outra pessoa? Naquela época pouco se falava em economia colaborativa.

Para o jovem a economia é colaborativa por uma questão de sobrevivência. Se não tem dinheiro para morar sozinho, o jovem se reúne com outras pessoas e compartilha. Se tem um apartamento que não usa, ele o aluga para ajudar no seu sustento em outra cidade e assim por diante. É mais uma questão de economia de consumo do que de sustentabilidade.

Mais do que tecnologia aplicada, serão sempre as questões humanas que permitirão os relacionamentos

Leonardo Bassani da Silveira fundador do Couch Surfing

Couch Surfing, uma rede social que faz a ponte entre viajantes que querem hospedagem grátis durante uma viagem e pessoas que gostariam de receber esses visitantes, surgiu quando éramos apenas jovens que queriam viajar o mundo. Além de não termos grandes gastos com a viagem, queríamos hospitalidade. A ideia era estar num lugar onde poderíamos fazer amigos e trocar experiências. Assim, a rede foi crescendo e ganhando novos membros a cada dia. Começamos com 200 pessoas. Hoje o Couch Surfing chegou a 15 milhões de usuários cadastrados.

 

Nesse meio tempo a rede mudou bastante. Nós a vendemos para um grande grupo americano e hoje estou à frente de outros projetos. Trabalho em projetos que vão facilitar o acesso das pessoas a bancos do mundo todo. Nossa proposta é tornar possível abrir uma conta bancária online, com avaliações mais ágeis e sem a necessidade da presença física. Isso valerá também para validação de documentos. Há bem pouco tempo aqui em Berlim, onde eu moro, se eu precisasse fazer um depósito para um banco no Brasil, tinha que ir pessoalmente à agência e passar um fax com a comprovação. Uma enorme burocracia. Por isso lançamos o B2BPay. As pessoas poderão ter uma única conta, que pode ser acessada de qualquer parte do mundo, com transações na moeda local. Se estiver em Berlim, Euro. Se estiver no Brasil, Real. E assim por diante. 

Acredito que a economia colaborativa é uma realidade da situação econômica mundial. As demandas das pessoas não são mais suportadas só pelas formas tradicionais. Por isso, haverá um aumento constante nessa forma de produzir e consumir.

15 milhões de usuários cadastrados na plataforma. 

O avanço da tecnologia abrirá muitas oportunidades na área colaborativa. Imagino um sistema onde eu abro minha casa para um jantar e uma pessoa dentro do meu perfil de interesse profissional, por exemplo, recebe uma mensagem porque está próxima, aceita o convite e traz uma garrafa de vinho. 

Mas mais do que tecnologia aplicada, serão sempre as questões humanas que permitirão os relacionamentos. A maioria das pessoas está disposta a trocar, a empreender, a conhecer mais. Vale a pena experimentar e ser colaborativo”.