Especialista em economia criativa, disciplina que faz a interface entre tecnologia, criatividade e cultura, ela é cofundadora de iniciativas como a Desincubadora, que trabalha com mentoria de ideias, projetos e negócios em busca da revalorização de seus propósitos.
“Meu despertar para a economia criativa aconteceu em 2010, durante a Conferência Internacional de Cidades Inovadoras, em Curitiba, um evento que reuniu experiências de sucesso em planejamento urbano, sustentabilidade, mobilidade, gestão e políticas públicas. Estava terminando um mestrado, estudando a fundo o valor das relações institucionais para o desenvolvimento, e o que me instigava naquele momento era entender por que algumas regiões se desenvolvem e proporcionam qualidade de vida às pessoas e outras não.
A colaboração está evoluindo muito rápido ao mesmo ritmo das novas tecnologias. São incríveis as experiências de pessoas e grupos em cidades nas quais a pessoas criam os modelos de vida nos quais elas desejam viver, com soluções que resolvem problemas comuns
Percebia que existia um caminho a seguir e me apaixonei por esse olhar da economia criativa para o desenvolvimento de comunidades por meio da inclusão produtiva, revalorização de saberes e fazeres, valor do patrimônio. Apaixonei-me pela possibilidade de ir além e contribuir para que pudéssemos nos redescobrir em riqueza e abundância.
Conheci Lala Deheinzelin e Adriana Dias em 2011 e fui convidada a criar com elas a primeira pós-graduação em Economia Criativa e Colaborativa do Brasil, em Curitiba. Foi um projeto bem difícil de sair do papel no início, mas que deixou resultados marcantes na vida das pessoas que se envolveram. Ali nasceram projetos e negócios colaborativos como a Casa Base e o Movimento Laranja. Como se diz, foi um divisor de águas.
Essa formação evoluiu para uma comunidade em torno da Fluxonomia4D, uma metodologia que vê as relações, recursos, interações e resultados nas quatro economias exponenciais: economia criativa, economia do compartilhar, economia colaborativa e economia multivalor. Comecei a disseminar a Flux4D e a apoiar empreendedores a descobrir o valor do que fazem, a planejar, a olhar a estratégia. E me dei conta que o que me move é o apoio às pessoas a perceber o valor que vem se si mesmas e como isso se reflete no negócio ou projeto, de ativos como criatividade, conhecimento, experiência e também o valor que emerge das relações entre as pessoas, que vem da autonomia e da colaboração.
Hoje nosso esforço é mostrar às pessoas que elas não precisam anular seu propósito individual para colaborar. O que importa é usar talentos complementares para propor e executar ações positivas que tenham causas amplas e comuns. E as ferramentas tecnológicas estão ajudando muito nesse processo.
A colaboração está evoluindo muito rápido ao mesmo ritmo das novas tecnologias. São incríveis as experiências de pessoas e grupos em cidades nas quais a pessoas criam os modelos de vida nos quais elas desejam viver, com soluções que resolvem problemas comuns, sem imposição ou interferência de nada e nem ninguém, e muitas vezes usando a capacidade de escala da tecnologia. Isso é fantástico. São plataformas que estão exigindo um nível de confiança mais profundo. São novas trocas de um pouco de tudo, desde casas a conhecimento, jeitos de fazer juntos, de gerir, de se relacionar, de se organizar, de criar riqueza comum e cuidar uns dos outros, do coletivo e do planeta. E isso vai se adensando em uma dinâmica poderosa de fortes relações baseadas em confiança e autonomia, onde cada um sabe o seu papel e faz um pouco dentro do seu talento e habilidades. O que vale é fazer parte e contribuir para a causa comum, sem o usual apego à propriedade de qualquer coisa, pois como o acesso a informações e tecnologias é cada vez mais abundante e barato, as pessoas se dedicam mais ao que importa de fato, no valor gerado no processo de fazer juntos para melhorar a vida de todos.
Não faz mais sentido olhar somente para si. Eu acredito nisso, que está em curso a redescoberta da força da comunidade”.
