A taxa de desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos no Brasil atingiu um nível recorde de 25,7% no terceiro trimestre de 2016, segundo o IBGE. No mesmo período de 2014, esta taxa era de 15,3%. O alto índice de desocupação tem feito com que os jovens enfrentem um dilema adicional no momento da escolha do curso superior: entre os cursos ofertados, quais aqueles que podem trazer melhores resultados em termos de emprego e salário?
25,7%
É a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos no Brasil registrada pelo IBGE no terceiro trimestre de 2016
A escolha pragmática é compreensível e tende a se acentuar em épocas de crise financeira, mas isso não significa que critérios e vocações pessoais possam ser ignorados, sob pena da escolha se revelar inadequada e se tornar frustração. “Não existe uma escolha profissional única e definitiva. O que vai existir é uma escolha possível, dentro de determinadas possibilidades e contingências”, afirma a psicóloga Anna Heller, especialista em orientação profissional e planejamento de carreira. A escolha de uma profissão, diz Anna, não é apenas a escolha de um curso, mas sim de um trabalho que responda às necessidades e interesses sociais do sujeito. “O jovem deve buscar um curso que esteja dentro dos seus limites e que o faça feliz. Dinheiro é apenas uma consequência de um trabalho bem feito”, completa.
Leila Lima, 35, é técnica em Enfermagem e decidiu fazer sua primeira graduação em Ciência Política. Ela se interessou pela área a partir de sua experiência como participante do Conselho Municipal de Saúde de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, órgão que faz o controle social da execução das políticas públicas de Saúde do município. “Existe uma relação maior da Saúde com a Ciência Política do que a gente imagina”, diz. “O processo de formação do SUS, por exemplo, foi extremamente democrático e político”, explica.
Leila conta que desde 2009 procurava um curso na área. Sabia da existência do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná, até que conheceu o curso superior de Ciência Política da Uninter. Avaliou a grade e conseguiu ingressar. Hoje, tem a expectativa de realizar um concurso público. “A graduação em Ciência Política consegue unir várias profissões. Na minha turma tem que trabalhe com arte, economia e direito. O curso amplia bastante a visão de quem não quer ficar só no básico da profissão que escolheu”, afirma.
Formação profissional adequada pode melhorar remuneração
“A grande maioria dos alunos procura um melhor resultado financeiro”, diz o reitor da Uninter, Benhur Gaio. “A OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico) publica relatórios que mostram que no Brasil a realização de um curso superior pode aumentar em 156% os rendimentos de uma pessoa”, afirma. Segundo Gaio, muitos jovens acabam entrando no mercado de trabalho por necessidade e somente mais tarde sentem a necessidade de fazer um curso superior para melhorar sua remuneração: “Uma formação profissional qualificada pode fazer com que o indivíduo melhore sua posição no mercado de trabalho. As empresas tendem a oferecer mais ganhos ao profissional a partir do momento que ele ingressa num curso superior”.
Alice Gonçalves tinha 17 anos quando iniciou seu primeiro curso de graduação. Ao terminar o ensino médio, sentia uma certa pressão para iniciar rapidamente um curso superior. “Não podia terminar o ano sem fazer o vestibular”, conta. “Fiz testes vocacionais, escrevi sobre tudo o que gostava e pesquisei”, diz. Acabou escolhendo o curso de Jornalismo, por se identificar com a grade.
Mesmo sabendo que a imprensa passa por uma crise com a diminuição do consumo de papel, Alice diz ter descoberto, ao longo do curso, que Jornalismo é realmente o que ela gosta de fazer. “Todas as áreas têm concorrência. Se for para fazer um curso, faça o que gosta. Dinheiro é imprescindível, mas, ao fazer o que se gosta, ele vem como consequência”, afirma ela.
A dica que a recém-formada em Jornalismo dá aos que estão escolhendo seu curso é: falar com estudantes de cursos pretendidos e procurar não ser influenciado por ninguém de fora: “Pode atrapalhar”, conclui.