Mais de uma a cada cinco cidades do Brasil (20,8%) teve problemas de racionamento de água, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no ano passado com dados de 2017. Isso equivale a 1.146 municípios que encararam crise hídrica no período pesquisado, situação que a região metropolitana de Curitiba conviveu ao longo do último ano.
No pior momento da estiagem, os reservatórios de Curitiba e região chegaram a cerca de 25% de sua capacidade. Em 2020, o acumulado de chuvas em Curitiba foi de 1.049 mm, enquanto a média anual é de 1.424 mm. O baixo nível das represas faz com que haja a necessidade de rodízio para garantir a continuidade do fornecimento para a população e, mais do que isso, um cuidado ainda maior com um dos principais bens necessários para a manutenção da vida.
“Há uma diferença entre rodízio e racionamento. O rodízio é algo programado e controlável. No caso de racionamento, não há esse controle”, explica o diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Julio Gonchorosky. De acordo com ele, a situação encarada pela RMC no último ano escancara a importância da água em nossas vidas.
“Se é que podemos ver um lado bom de uma crise hídrica, é a importância de valorizar a água. Se faltou luz, eu acendo uma vela e dou um jeito. Sem água, vê-se a importância do insumo em nossas vidas. Com um período tão longo de falta de água, a população aprende a conservar este recurso, que está tão enraizado em nossos hábitos”, analisa Gonchorosky.
A escassez de água está longe de ser uma realidade apenas do Brasil: segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), cerca de 40% da população do planeta já sofre com a falta de água. Até 2050, aproximadamente dois terços dos habitantes do globo devem ter alguma limitação referente ao abastecimento hídrico.
Preservação precisa se manter
Entre os anos de 2014 e 2016, São Paulo também viveu uma grande crise hídrica. Em média, o consumo de água por unidade era de 13 m3 e, na época, foi derrubado para 9 m3. Em 2019, o paulistano consumia, em média, entre 10 a 11 m3 – menos do que antes do racionamento, segundo Gonchorosky. “Em Curitiba, a economia de água neste período chegou a 20%, mas a média é de 15% e deve se manter desta forma por um ou dois anos”, avalia o diretor da Sanepar.
De acordo com ele, os momentos de escassez permitem uma reavaliação da situação das unidades consumidoras e se refletem em investimentos que otimizam o consumo. Imóveis que aportaram recursos em benfeitorias como estações para a captação da água da chuva e redutores de vazão para pia, além de reformas para impedir vazamentos e outros problemas, vão continuar a colher este benefício.
Outro ponto importante está na mudança de hábito. “Os hábitos de economia adquiridos ao longo deste tempo devem ser mantidos, incorporando-se ao seu modo de vida”, afirma.
Veja dicas para economizar água
Valorize a importância da água – Segundo o IBGE, 9,6 milhões de domicílios não tinham abastecimento de água por rede em 2017. Para o diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, os períodos de dificuldade ensinam a reconhecer e desfrutar deste insumo com cuidado e valorizar o conforto que ele nos traz.
Cuide com os pequenos hábitos – Evite o desperdício: use as máquinas de lavar louças e roupas, de acordo com o seu limite. Guarde a água gelada do aquecimento do chuveiro ou da torneira em baldes para ser usada posteriormente.
Tome banho com uma música – Dificuldade para controlar o tempo do banho? Coloque uma música e conclua o seu banho antes de ela acabar. Se for escovar os dentes, lembre-se de fechar a torneira.
Modifique sua cultura – Já passou o tempo de usar água filtrada para lavar o carro ou a calçada. Faça captura de água de chuva ou reaproveite o enxágue da máquina de lavar para este tipo de atividade.
Evite mangueiras para cuidar das plantas – Conheça os seus vegetais e os molhe somente quando houver necessidade – de preferência com um regador em vez da mangueira. “Se cada um mantiver os seus bons hábitos, vamos ter água para atender ainda mais pessoas e trazer mais conforto a todos”, diz Gonchorosky.
Descarga no vaso sanitário – As caixas de descarga acopladas ao vaso sanitário têm vazão de 6 litros. Uma sugestão da Sanepar é colocar uma garrafa PET de 1 litro com terra, pedra ou água da máquina de lavar. Essa atitude resulta na economia de um litro de água por descarga, sem comprometer a eficiência. Em uma casa com quatro pessoas, estima-se uma economia de 480 litros de água por mês.
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