O escritor Andrew Solomon, em seu livro Lugares Distantes, que reúne relatos de viagens por lugares pouco comuns, diz que "se todos os adultos jovens fossem enviados a passar duas semanas num país estrangeiro, dois terços dos problemas diplomáticos do mundo seriam resolvidos". Fazer um trabalho voluntariado no exterior talvez não solucione tantas questões referentes à política externa, mas que pode ajudar muita gente - incluindo a própria pessoa que se candidata a ajudar - isso pode.
Cinco semanas dando aulas de inglês em um orfanato no Nepal fizeram o administrador gaúcho Eduardo Mariano, então com 26 anos, mudar o rumo de sua carreira. De profissional na área financeira, fundou uma agência de intercâmbio social, a Exchange do Bem, com diversos projetos ao redor do mundo que vão desde programas com educação, saúde, proteção animal até programas relacionados a empoderamento feminino. A engenheira eletricista brasiliense Renata Scotti resolveu aproveitar seu período de férias para trabalhar com jovens na Indonésia, Filipinas e Singapura. E a jornalista recifense Luísa Ferreira, que hoje tem o blog Janelas Abertas para falar sobre viagens, acumula histórias de voluntariado com ONGs ligadas a direitos humanos na Hungria e Alemanha.
Em todas as experiências, por mais diferentes que sejam, há um ponto em comum: o inglês como forma de conexão, como ponte entre culturas diferentes. Luísa, por exemplo, só recebeu um convite para um evento por conta da fluência em inglês. “Eu já era ligada a uma ONG que trata dos direitos de crianças e adolescentes aqui no Brasil quando fui convidada para ser voluntária em um encontro internacional na Alemanha, na área de comunicação mesmo. Nesse caso, o inglês era um pré-requisito e foi essencial para que eu conseguisse essa oportunidade”, explica.
Em muitos países da Europa, mesmo os que não têm o inglês como primeira língua, o idioma é mais comumente falado. Mas e quando o voluntariado é em uma cidade no interior das Filipinas? “A maior parte das crianças e jovens tinha conhecimento muito básico da língua, mas esse era o único jeito que tínhamos para nos comunicar”, conta Renata, que ficou algumas semanas em Tavelara, nas Filipinas.
Vantagens do voluntariado
Topar participar de uma experiência como essa permite que o viajante pratique ou desenvolva habilidades que, muitas vezes, não têm relação direta com o que aprendeu na universidade ou na carreira. “Cada vez mais as empresas estão valorizando pessoas que 'pensam fora da caixa. Falar outro idioma conta muito e ajudar como voluntário em um projeto do 3º setor revela muito sobre você”, explica Rodolfo Montu, responsável pelo marketing do Worldpackers, uma plataforma que reúne e conecta viajantes, voluntários e projetos pelo mundo.
Em que área fazer?
As possibilidades são muitas e depende do foco e habilidades de quem quer se candidatar ao voluntariado. “Existem projetos contínuos, em que a pessoa pode determinar a data que quer ir e o número de semanas que quer ficar - como em um hospital, por exemplo, que nunca fecha - ou então viagens em grupo para um objetivo específico, como reformar e pintar um orfanato na Índia”, explica Eduardo, da Exchange do Bem.
Estar em um país completamente diferente é sair da zona de conforto - o que significa que mesmo quem tem medo de se comunicar em outra língua, precisará fazê-lo. Quem vai deve sempre ter em mente que, mais do que uma experiência de crescimento pessoal, o intuito é o de ajudar. “Pesquise muito bem para ter certeza que a instituição é séria e que faz um projeto a longo prazo naquela comunidade. Também tenha clareza quanto às suas motivações e escolha funções em que você pode realmente fazer a diferença”, ressalta Luísa Ferreira.
Como ser voluntário
Existem várias formas de conseguir um trabalho voluntário em outro país. Para quem já tem em mente em uma instituição, ONG ou iniciativa em específico que deseja ajudar, é possível entrar em contato diretamente com o projeto se apresentando, explicando o que gostaria de fazer, por quanto tempo gostaria de ficar e perguntando se voluntários são aceitos. A comunicação com os locais é, em sua maioria, em inglês. Outra alternativa é via agência especializada em intercâmbios culturais e voluntariado Neste caso, na inscrição, há indicação do nível de inglês que é pedido – dependendo da proficiência, o contato com o povo local e com os demais voluntários será mais próximo. Com inglês intermediário já é possível se candidatar a uma grande quantidade de vagas.
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