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Opinião/Política Internacional

10 conflitos para prestar atenção em 2018

Pedestre em Tóquio vê transmissão do pronunciamento do ditador da Coréia do Norte, Kim Jong Un, durante um programa de notícias que informa sobre o lançamento de mísseis da Coréia do Norte em 29 de novembro de 2017. | Keith Bedford/Bloomberg
Pedestre em Tóquio vê transmissão do pronunciamento do ditador da Coréia do Norte, Kim Jong Un, durante um programa de notícias que informa sobre o lançamento de mísseis da Coréia do Norte em 29 de novembro de 2017. (Foto: Keith Bedford/Bloomberg)

Nem tudo é sobre Donald Trump. 

Essa é uma afirmação que é mais fácil escrever do que acreditar, considerando o comportamento errático do presidente dos EUA no cenário mundial – os seus tweets e provocações, o seu desprezo cavalheiresco por acordos mundiais, a sua prontidão para prejudicar os seus próprios diplomatas, as suas escolhas estranhas de inimigos e as suas escolhas ainda mais estranhas de amigos. 

Ainda assim, um olhar mais interno para os Estados Unidos e uma maior difusão internacional de poder, uma política externa cada vez mais militarizada e um espaço cada vez menor para o multilateralismo e a diplomacia são características de uma ordem internacional que precede o atual ocupante da Casa Branca e parece pronta para permanecer além dele. 

A primeira tendência – a retração dos EUA – vem ocorrendo há anos, impulsionada pela guerra no Iraque em 2003, que, com a intenção de mostrar o poder americano, serviu mais para mostrar as suas limitações. 

Excessos no exterior, fadiga em casa e um reequilíbrio natural após um período relativamente curto da supremacia geralmente incontestada dos EUA nos anos 90 significam que o declínio era provavelmente inevitável. 

O slogan de Trump, “America first” (“América em primeiro lugar”, em português) cultiva uma visão de mundo tóxica, nativista, exclusiva e intolerante. O seu fracasso em reconhecer o valor das alianças para os interesses dos EUA e a sua depreciação ocasional de parceiros tradicionais é particularmente autodestrutiva. Às suas lamentações sobre a intervenção dos EUA em outros países faltam qualquer instrospecção acerca do preço pago pelos povos sujeitos a essas intervenções, focando apenas no preço pago por quem as perpetua. 

Mas não podemos esquecer que o senador Bernie Sanders, na mesma corrida eleitoral, e Barack Obama, enquanto candidato nas eleições anteriores, rejeitaram os enredamentos estrangeiros e menosprezaram a construção da nação. Trump não estava moldando a opinião pública. Ele estava refletindo-a. 

A retração é uma questão de intensidade, é claro, considerando que aproximadamente 200 mil soldados americanos foram enviados em todo o mundo. Mas em termos de habilidade de manipular ou moldar os eventos ao redor do mundo, a influência dos EUA foi minguando conforme o poder se espalha para o leste e o sul, criando um mundo mais multipolar em que agentes bélicos não estatais estão desempenhando um papel muito maior. 

A segunda tendência, o crescimento da militarização da política externa, também representa continuidade, assim como saída. Trump demonstra uma preferência por generais e desprezo por diplomatas; o seu secretário de estado tem uma inclinação ainda mais curiosa para desmembrar a instituição que lhe garante poder. 

Mas eles estão ampliando um padrão mais extenso e mais antigo. O espaço para diplomacia estava diminuindo muito antes do governo de Trump cortar o Departamento de Estado. Em zonas de conflito, os líderes parecem cada vez mais dispostos a lutar do que conversar – e a lutar violando normas internacionais, em vez de respeitá-las. 

Isso se deve muito a como a retórica do contraterrorismo está dominando a política externa em teoria e prática. Essa retórica deu licença para os governos primeiramente rotularem os seus oponentes como terroristas e então tratá-los como tais. Mais de uma década de operações militares ocidentais intensivas contribuíram para um ambiente mais permissivo para o uso da força. 

Muitos conflitos recentes envolveram um espaço geopolítico valioso, aumento de rivalidades de poder regional e global, maior envolvimento externo em conflitos e a fragmentação e proliferação de grupos armados. Há mais espaços para jogo, mais jogadores e menor sobreposição de interesses principais desses grupos. Todos esses desenvolvimentos representam obstáculos presentes para os acordos negociados. 

A terceira tendência é a erosão do multilateralismo. Enquanto o ex-presidente Obama buscou (com sucesso limitado) gerenciar e proteger o relativo declínio da América ao reforçar acordos internacionais – como acordos de trocas, o acordo climático de Paris e as negociações nucleares com o Irã – o presidente Trump recua disso tudo. Onde Obama optou pela divisão do fardo, o instinto de Trump é derrubar o fardo. 

Até mesmo essa dinâmica, entretanto, tem raízes mais profundas. Em questões de paz internacional e segurança em particular, o multilateralismo foi maltratado por anos. A animosidade entre a Rússia e as potências ocidentais tornaram o Conselho de Segurança da ONU impotente em grandes conflitos desde, pelo menos, a intervenção na Líbia em 2011; essa animosidade agora infecta os debates na maioria das crises na agenda do conselho. Trump não é o único líder acentuando acordos bilaterais e alianças ad hoc acima de diplomacia multilateral e instituições intergovernamentais. 

Então muito disso é sobre Trump, inevitavelmente. 

As ameaças mais graves de 2018 – guerra nuclear na península coreana e um conflito crescente que coloca os Estados Unidos e seus aliados contra o Irã – poderiam ser agravadas pelas ações, inações e idiossincrasias de Trump. As demandas dos EUA (no caso da Coreia do Norte, desnuclearização; no Irã, uma renegociação unilateral do acordo nuclear ou a ameaça regional de Teerã) não são realistas sem muito envolvimento diplomático e concessões recíprocas. 

No primeiro caso, Washington poderia enfrentar a possibilidade de provocar uma guerra nuclear para evitar outra, e no segundo há a possibilidade de prejudicar um acordo nuclear que está tendo sucesso pelo bem de um confronto com o Irã que certamente não acontecerá. 

(Um terceiro potencial ponto de ebulição que não entrou no nosso top 10 – porque surgiu tão tardiamente e foi tão inesperado e gratuito – é o barril de pólvora de Jerusalém. Quando escrevemos a lista, ele ainda não havia explodido, talvez porque quando as pessoas são tão desesperançosas quanto os palestinos, sobra pouca esperança para ser minada. Assim, a decisão do governo de Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel simplesmente por motivos políticos internos, sem qualquer ganho em política externa e um risco de explosão, deve ser listada como um grande exemplo de negligência diplomática.) 

Assim como ocorre com todas as tendências, há contrapontos geralmente impulsionados pelo desconforto que as tendências dominantes provocam. Os europeus estão defendendo o acordo nuclear do Irã e podem acabar aprofundando a sua própria segurança compartilhada e independência estratégica, o presidente Emmanuel Macron está testando o alcance da diplomacia francesa e um consenso internacional na ação contra a mudança climática foi estabelecido. 

Talvez os Estados africanos, já na liderança de esforços para controlar as crises no continente, tomarão uma posição na República Democrática do Congo ou em outros dos grandes conflitos no continente. Talvez eles ou outro grupo de agentes possam demonstrar a importância de maior envolvimento e diálogo para neutralizar crises em vez de intensificá-las. 

Essas podem parecer cordas bambas nas quais as nossas esperanças são depositadas. Mas, como a seguinte lista do International Crisis Group dos 10 principais conflitos para prestar atenção em 2018 infelizmente ilustra, pelo menos por enquanto, elas podem ser as únicas cordas que temos. 

Coreia do Norte 

Os testes nucleares da Coreia do Norte, juntamente com a retórica belicosa da Casa Branca, deixam a ameaça de guerra na península coreana – ou até mesmo um confronto nuclear catastrófico – maior do que nunca na história recente. O sexto teste nuclear de Pyongyang em setembro de 2017 e o alcance crescente dos seus mísseis demonstram claramente a sua determinação em avançar o seu programa nuclear e poder de destruição intercontinental. Os Estados Unidos, enquanto isso, enviam sinais descuidados e confusos sobre diplomacia. 

O esforço de Kim Jung Un por alcance nuclear é motivado em parte por um medo que, sem essa dissuasão, ele corre o risco de ser deposto por forças externas e parcialmente por ameaças percebidas dentro da Coreia do Norte, principalmente as rivalidades das elites, o impacto minuciosamente gerenciado, mas ainda assim imprevisível, da reforma econômica, e a sua dificuldade em controlar o fluxo de informações – incluindo canais de mídia estrangeiros. 

O tom agressivo de Washington reflete uma urgência igual na direção oposta. Pelo menos alguns representantes de maior destaque no governo acreditam que a Coreia do Norte deve ser impedida a qualquer custo de avançar o seu programa nuclear, e principalmente de ser capaz de atingir a porção continental dos Estados Unidos com um míssil com poder nuclear. Depois de cruzar esse limite, segundo eles, Kim Jong Un concluirá que ele pode impedir Washington de proteger os seus aliados e assim estabelecerá as suas exigências – de retirar restrições comerciais a expulsar tropas americanas, até a reunificação da Coreia nos seus próprios termos. Esses mesmos oficiais parecem convencidos de que ele pode ser dissuadido de retaliar na ocasião de uma ação militar limitada e direcionada. 

Por enquanto, os Estados Unidos estão implementando uma “estratégia de pressão máxima”: cercar o Conselho de Segurança em seções mais sólidas, pressionar a China a tomar mais ações para sufocar a economia do seu vizinho, conduzir grandes simulações navais e das forças aéreas, e sinalizar diretamente ou por meio de aliados do Congresso que o país não teme um confronto militar. Apesar das mensagens contraditórias do Secretário de Estado, Rex Tillerson, o governo de Trump está deixando claro que não está interessaddo em diálogos cujo objetivo seja qualquer coisa menos do que a desnuclearização da Coreia do Norte, um objetivo tão válido quanto delirante. Na visão da Casa Branca, a abordagem está funcionando: a ação militar dos EUA não é mais algo inimaginável nem para a Coreia do Norte, nem para a China. Eles esperam que o primeiro seja forçado a recuar e o segundo contribua para isso. 

Mas essa abordagem representa uma guerra contra o tempo – com Washington certamente no lado perdedor. Medidas de retração não serão imediatas e chegarão por último à liberança norte-coreana; cidadãos comuns sofrerão mais cedo ou mais tarde. Se sentindo ameaçado, será mais provável que Pyongyang acelere o desenvolvimento de armas nucleares do que pare ou desacelere. 

Tanto a China quanto a Coreia do Sul apoiam sanções mais rígidas e estão frustrados com Pyongyang na mesma proporção em que temem a possibildiade de uma ação militar dos EUA. Mas a Coreia do Sul tem pouco poder para mudar a situação, a disposição da China para pressionar a Coreia do Norte pode estar chegando ao fim e a sua influência em um vizinho com força independente e ressentido pela sua dependência em Pequim é facilmente superstimada. Enquanto o presidente chinês, Xi Jinping, teme o caos trazido pela possibilidade de guerra na península, um regime possivelmente alinhado com os EUA e tropas americanas na sua porta, ele também teme que pressionar Pyongyang possa precipitar uma agitação que poderia atingir a China. 

Sem uma alternativa diplomática viável, Washington arrisca se empurrar para uma ação militar. Até mesmo um ataque com alvo preciso pode provocar uma resposta norte-coreana. Apesar de Pyongyang pensar duas vezes antes de iniciar um ataque convencional em Seul, isso poderia seguir outros caminhos: um ataque em um alvo sul-coreano frágil; um ataque assimétrico contra ativos dos EUA ou na península; ou ataques cibernéticos incapacitantes. Isso talvez não desencadeie um conflito regional imediato, mas pode provocar uma cadeia de eventos imprevisível. 

Uma iniciativa diplomática de sucesso deverá tocar em duas preocupações conflitantes: os medos internacionais e dos EUA do que o regime de Pyongyang faria com um aumento da sua capacidade nuclear, e o medo do regime do que poderia acontecer se ele não tiver isso. O governo dos EUA deveria combinar as suas sanções e as da ONU para um objetivo político claro e realista. Uma solução adicional poderia incluir pausas nos testes norte-coreanos de sistemas de mísseis e armas nucleares, antes que Pyongyang ultrapasse o que a Casa Branca considera um limite; os Estados Unidos concordarem em exercícios militares menos provocantes; e consenso em apoio humanitário mesmo que as sanções sejam aprovadas. Isso pode não satisfazer todo mundo. Mas pelo menos ofereceria o espaço necessário para explorar uma resolução mais durável. 

Rivalidade EUA x Irã 

Essa rivalidade provavelmente encobrirá outros problemas no Oriente Médio em 2018. Ela é permitida e exacerbada por três desenvolvimentos paralelos: a consolidação da autoridade de Mohammed bin Salman, o assertivo príncipe coroado da Arábia Saudita; a estratégia mais agressiva do governo de Trump em relação ao Irã; e o fim do controle territorial do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, que permite que Washington e Riad tenham um foco mais firme no Irã. 

Os contornos de uma estratégia EUA/Arábia Saudita (com uma assistência importante de Israel) estão se tornando claros. A estratégia é apoiada em uma presunção primordial de que o Irã explorou agentes regionais e internacionais para reforçar a sua posição na Síria, Iraque, Iêmen e Líbano. Washington e Riad buscam reestabelecer um senso de dissuasão convencendo Teerã de que pagará pelo menos um preço tão alto quanto as ações que possa infligir nos seus adversários. 

A estratégia parece envolver diversas formas de pressão para conter, pressionar, exaurir e finalmente fazer o Irã recuar. Isso tem uma dimensão econômica (por meio das sanções dos EUA); diplomática (testemunha vocal das denúncias dos EUA e da Arábia Saudita de que o comportamento regional do Irã e a tentativa de Riad para forçar a renúncia do primeiro-ministro libanês, Saad Hariri); e militar (até agora exercida principalmente pela Arábia Saudita no Iêmen e por Israel na Síria). 

Se isso funcionará é outra questão. Apesar de protestos recentes no Irã terem introduzido uma variável nova e imprevisível, Teerã e seus aliados ainda parecem estar em uma posição sólida. O governo de Bashar Al-Assad, apoiado pela força aérea russa, está prevalecendo na Síria. Em todo o Iraque, milícias xiitas apoiadas pelo Irã estão entrando em instituições estatais. No Iêmen, o investimento relativamente pequeno de Teerã nos Houthis está ajudando-os a enfrentar a campanha saudita e até mesmo lançar mísseis de alcance sem precedentes no território saudita. 

Apesar de demonstrar a sua resolução em confrontar o Irã e seus aliados, Riad não foi capaz de alterar o equilíbrio de poder. Forçar a renúncia de Hariri foi um tiro que saiu pela culatra, não apenas porque ele voltou atrás depois, mas também porque todo o Líbano se uniu contra a decisão e então Hariri se aproximou do presidente libanês Michel Aoun e do Hezbollah. 

No Iêmen, Riad colocou os Houthis e o ex-presidente Ali Abdullah um contra o outro, mas isso fragmentou ainda mais o país e complicou a busca por um acordo e uma saída segura da Arábia Saudita de uma guerra que custou muito, não só ao Iêmen, mas também à posição internacional de Riad. O governo de Trump enfrenta obstáculos similares. Até agora, a sua beligerância, a recusa em confirmar o acordo nuclear, ameaças de novas sanções e realização de diversos ataques a alvos do governo ou próximos a eles na Síria fez pouca coisa para reverter o alcance de Teerã. 

Com tantos pontos de impacto, e tão pouca diplomacia, o risco de um ciclo crescente é grande: qualquer ação – novas sanções dos EUA que o Irã poderia ver como violações ao acordo nuclear; um ataque de míssil dos Houthis em Riad ou Abu Dhabi, pelo qual Washington e Riad culpariam Teerã; ou um ataque israelita na Síria que matasse iranianos – poderia desencadear um confronto maior. 

A crise rohingya: Myanmar e Bangladesh 

A crise rohingya em Myanmar entrou em uma nova fase perigosa, ameaçando a transição democrática difícil de Myanmar, a sua estabilidade e de Bangladesh e da região como um todo. 

Um ataque feito em agosto pelo Exército de Salvação Rohingya Arakan (ARSA), grupo militante no estado de Rakhine em Myanmar, levou a uma resposta militar brutal e indiscriminada contra a comunidade islâmica Rohingya. O ataque levou a um grande êxodo de refugiados, com pelo menos 655 mil rohingyas saindo de Bangladesh. 

A ONU disse que a operação foi uma limpeza étnica. O governo restringiu fortemente ajuda humanitária na região, e a boa vontade internacional para Aung San Suu Kyi, conselheira de Estado de Myanmar e ganhadora do Nobel da Paz, acabou. Seu governo mantém uma posição rígida em relação ao povo Rohingya e resiste a concessões mesmo nas questões humanitárias mais urgentes. Nesse sentido, ela tem o apoio da população, que abraçou a nacionalista budista e a retórica anti-Rohingya disseminada pelo Estado e pelas redes sociais. 

A pressão do Conselho de Segurança da ONU é crítica, e os governos ocidentais estçao se movendo em direção a sanções específicas, que são um sinal chave de que tais ações não podem ficar impunes. Infelizmente, essas sanções não devem ter um impacto significativo nas políticas de Myanmar. 

O foco está acertadamente nos direitos dos refugiados de retornarem de modo voluntário, seguro e digno. Na realidade, entretanto, e apesar de um acordo de repatriamento feito entre Bangladesh e Myanmar em novembro, os refugiados não retornarão a menos que Myanmar restaure a segurança para todas as comunidades, ofereça liberdade de movimento ao povo Rohingya e acesso a serviços e outros direitos, e permita o acesso irrestrito de agências humanitárias e de refugiados. 

Apesar de publicamente o governo de Bangladesh estar tentando persuadir Myanmar a receber novamente os refugiados, de modo privado ele reconhece a desesperança daquele esforço. O governo não definiu políticas nem tomou decisões operacionais em como lidar com mais de um milhão de rohingyas no sudeste do país, na fronteira de Myanmar, em médio e longo prazo. 

Um financiamento internacional para uma operação de emergência com poucos recursos será realizado em fevereiro. Tudo isso – aliás, a própria presença de uma grande população de refugiados sem Estado – cria um grande perigo para Bangladesh. Conflitos entre refugiados e uma comunidade anfitriã que é grandemente superada em volume populacional em partes do sudeste do país e enfrenta aumento da inflação e queda de salários como riscos imediatos. A presença dos refugiados também poderia ser usada para alimentar um conflito de comunidades ou agravar divisões políticas antes das eleições esperadas para o final de 2018. 

Há riscos, também, para Myanmar. O ARSA poderia se reagrupar. O grupo ou até mesmo grupos transacionais explorando a causa Rohingya ou recrutando entre os desabrigados poderiam lançar ataques transfronteiriços, aumentando tanto a tensão entre muçulmanos e budistas no estado de Rakhine quanto os conflitos entre Myanmar e Bangladesh. Qualquer ataque fora de Rakhine poderia provocar maior tensão entre muçulmanos e budistas e violência no país. Reconhecer a crise, implementar as recomendações da Comissão Consultiva liderada por Kofi Annan no estado de Rakhine e desautorizar as narrativas divisórias colocariam o governo de Myanmar – e o seu povo – em um caminho melhor. 

Iêmen 

Com 8 milhões de pessoas na eminência da fome, 1 milhão de casos declarados de cólera e 3 milhões de pessoas internamente deslocadas, a guerra no Iêmen pode se agravar em 2018. Após um período de tensões crescentes, manifestações conflitantes e ataques armados, o ex-presidente Ali Abdullah Saleh anunciou em dezembro que o seu Congresso Geral do Povo estaria abandonando a sua parceria com os Houthis em favor de uma coalizão liderada pela Arábia Saudita. Saleh pagou por isso com a sua vida; ele foi morto imediatamente pelos seus antigos parceiros. 

A Arábia Saudita e os seus aliados – acreditando que a separação do Congresso Geral do Povo com os Houthis abriria novas oportunidades e ainda se convencendo de que existe uma solução militar – provavelmente intensificará a sua campanha a um alto custo para civis. O Irã continuará encontrando grandes oportunidades para manter os sauditas impedidos, e quanto mais anárquica a região norte do Iêmen se torna, mais provável que a violência ultrapasse a fronteira. Os Houthis continuarão a levar a disputa para o fronte saudita, lançando mísseis contra Riyadh e ameaçando outros Estados do Golfo. 

As negociações, que já são uma possibilidade distante, se tornaram mais complicadas. Os Houthis, se sentindo simultaneamente encorajados e preparados para o combate, podem adotar uma posição menos comprometedora. O Congresso Geral do Povo, um grupo centrista pragmático, poderia se fragmentar ainda mais. O sul está dividido, devido em parte a uma ruptura cada vez mais entre as forças leais ao presidente do Iêmen, Rabbo Mansour, e os separatistas do sul apoiadas pelos Emirados Árabes Unidos. 

Há sinais de um desconforto cada vez maior dos EUA com os bombardeios sauditas indiscriminados e o bloqueio dos territórios controlados pelos Houthis. Mas a retórica beligerante do governo de Trump em relação ao Irã incentiva todas as tendências erradas em Riyadh. Em vez disso, a Arábia Saudita e os seus aliados deveriam retirar o bloqueio ao Iêmen e reabrir os aeroportos civis. Politicamente, deveria haver uma nova resolução do Conselho de Segurança oferecendo um acordo balanceado. Os sauditas são relutantes em conceder qualquer coisa a um grupo que eles consideram um canal para o Irã, mas se eles aceitassem uma iniciativa de paz realista, o ônus mudaria para que o Houthis aceitassem. 

Afeganistão 

A guerra no Afeganistão parece que vai se intensificar em 2018. A nova estratégia dos Estados Unidos para o Afeganistão acelera o ritmo das operações contra uma revolta do Talibã, com mais forças dos EUA, ataques aéreos americanos mais poderosos e ofensivas terrestres mais agressivas por forças afegãs. O objetivo, segundo oficiais de alto escalão, é impedir o impulso do Talibã e, eventualmente, forçá-lo a um acordo político. Por enquanto, porém, a estratégia é quase exclusivamente militar. 

Essa estratégia enfrenta grandes obstáculos. Apesar de que atingir o Talibã com mais força possa trazer ganhos táticos, é improvável que mude o andamento da guerra ou os incentivos de uma revolta potente com raízes locais. O Talibã atualmente controla ou contesta mais territórios do que nunca desde 2001; está mais bem equipado e, mesmo se pressionado por meio de combates convencionais, manteria a habilidade de montar ataques urbanos espetaculares para desgastar a confiança no governo. Além disso, entre 2009 e 2012, o Talibã resistiu a mais de 100 mil soldados dos EUA. 

Líderes militares afirmam que dessa vez será diferente porque Trump, diferentemente de Obama, não estabeleceu uma data de retração. Esse argumento não tem muita base. Isso também interpreta mal a revolta: perdas de campos de batalha no passado não impactaram a disposição dos líderes do Talibã em negociar. As eleições que se aproximam no Afeganistão (uma votação parlamentar está marcada para julho de 2018; uma votação presidencial deve ocorrer em 2019) roubará o fôlego da campanha militar. Cada voto desde 2004 provocou alguma forma de crise, e as desavenças políticas hoje são mais severas, com o presidente Ashraf Ghani sendo acusado por seus opositores de centralizar o poder nas mãos de alguns assessores. 

A estratégia também subestima as mudanças regionais. Ate agora, a diplomacia regional dos EUA foi centrada em pressionar o Paquistão, mas os cálculos que motivaram o apoio do Islamabad à insurgência provavelmente não mudarão. 

O Talibã também desfruta agora de ligações com o Irã e a Rússia, que alega ver como um baluarte contra um ramificação do Estado Islâmico no Afeganistão que é pequena, mas resiliente – e capaz de grandes ataques. A abordagem militarizada de Washington e a diminuição da diplomacia arriscam mostrar àqueles países que não busca estabilizar o Afeganistão e sair do país, mas manter a sua presença militar. 

Considerando que eles provavelmente considerarão tal presença uma ameaça aos seus interesses, isso poderia levá-los a um aumento do apoio aos insurgentes. A diplomacia dos EUA nem do Afeganistão atualmente envolvem a China, cuja influência crescente em partes do sudeste da Ásia será crítica para qualquer acordo. 

É verdade que demonstrar o apoio contínuo dos EUA pode reforçar a moral do exército afegão; uma retração precipitada, por outro lado, poderia causar o caos. Mas conforme o ritmo dos campos de batalha se intensifica, o governo de Trump deveria manter as linhas de comunicação com a revolução abertas e explorar os contornos de um acordo com os vizinhos do Afeganistão e outras potências regionais, mesmo que as possibilidades agora pareçam pequenas. Os aliados dos EUA no Afeganistão deveriam pedir um componente político diplomático maior na estratégia dos EUA. Do modo é hoje, a estratégia lança um espaço para mais violência enquanto fecha os caminhos para uma diminuição do conflito. Os civis afegãos pagarão preço. 

Síria 

Após quase sete anos de guerra, o regime do presidente Bashar Assad tem vantagem, graças, em grande parte, ao apoio russo e iraniano. Mas a batalha não acabou. Grandes partes do país continuam fora do controle do governo, potências regionais e internacionais não chegam a um acordo e a Síria é uma arena para a rivalidade entre o Irã e os seus inimigos. Conforme o Estado Islâmico é expulso pelo leste, aumentarão as perspectivas de agravamento em outra região. 

No leste da Síria, campanhas rivais de forças a favor do governo (mantidas por milícias apoiadas pelo Irã e pelas forças áreas russas) e as Forças Democráticas Sírias lideradas pelos curdos (a SDF, apoiada por uma coalizão liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico), obrigaram uma retração do Estado Islâmico. Na Síria e no Iraque, remanescentes do Estado Islâmico se retiraram para o deserto para esperar por novas oportunidades. 

Para o governo e a SDF, a luta contra o Estado Islâmico foi um meio para um fim. Ambos visavam ganhar territórios e recursos, mas também construir nesses ganhos – o governo ao consolidar controle; os curdos ao pressionar para autonomia máxima. Até agora, os dois lados, em sua maioria, evitaram confrontos. Com a retração do Estado Islâmico, os riscos aumentarão. 

O leste também é perigoso devido a uma maior rivalidade entre os EUA e o Irã e a proximidade dessas duas forças rivais. As conquistas iranianas, principalmente o corredor que liga as partes da Síria conquistadas pelo regime ao território iraquiano controlado pelo governo, poderiam levar os EUA a tentar bloquear o que enxergam como uma ponte territorial perigosa do Irã ao Mediterrâneo. O Irã pode colocar um alvo sobre as forças americanas para retaliar contra as ações dos EUA em outros lugares ou para expulsar de vez os Estados Unidos. 

No sudoeste, Israel pode enxergar as milícias apoiadas pelo Irã operando na região das Colinas de Golã como uma ameaça direta e iniciar ações militares para expulsá-las. Se Moscou pode impedir qualquer presença iraniana ou do Hezbollah na região, como prometeu fazer, não está claro. Israel talvez tome a iniciativa, atacando forças aliadas do Irã. Esse padrão – iniciativa do Irã, reação de Israel – pode perdurar por algum tempo. Mas um confronto maior está a apenas um erro de cálculo de se espalhar rapidamente para além da Síria, até o Líbano. 

Um dos perigos iminentes mais graves, no entanto, é a possibilidade de uma ofensiva pelo regime de Assad no noroeste da Síria, onde áreas controladas por rebeldes abrigam cerca de dois milhões de sírios e para onde a Turquia enviou observadores militares como parte de um acordo de retração com o Irã e a Rússia. O regime e forças aliadas parecem ter desviado atenção do leste para essas áreas, colocando pressão sobre o acordo. Uma ofensiva do regime no noroeste poderia provocar destruição em massa e êxodo. 

O Sahel 

Estados enfraquecidos na região do Sahel estão com dificuldades para lidar com uma sobreposição de conflitos intercomunitários, violência jihadista e disputas por rotas de contrabando. A predação dos líderes e as respostas militarizadas geralmente agravam a situação. 

A crise de Mali em 2012 – que viu o exército maliano derrubado no norte do país, um golpe que derrubou o governo e jihadistas ocupando as cidades do norte por quase um ano – ilustra como as coisas podem se desenrolar rapidamente. Desde então, a implementação de um acordo de paz que buscava encerrar a crise foi parado, enquanto a instabilidade se espalhou do norte para a região central de Mali, além de regiões do Níger e Burkina Faso. 

As dinâmicas são diferentes em cada região, mas a falta de autoridade do governo e a sua incapacidade de impedir – e, às vezes, dão sua contribuição para o aumento de – violência é um tema comum. Armas se tornaram abundantes na região enquanto a Líbia entrou em colapso após a derrubada de Muammar Al-Qaddafi tornar as disputas locais mais mortais. A instabilidade abriu uma grande fonte para os jihadistas, que se apoiam em conflitos intercomunitários ou usam o Islã para colocar a culpa por dificuldades nas autoridades tradicionais. 

Conforme a situação se deteriorou, a resposta local e internacional focou excessivamente em soluções militares. Os europeus, especificamente, enxergam a região como uma ameaça à sua segurança e uma fonte de migração e terrorismo. No final de 2017, uma nova força apoiada pela França, conhecida como o G5 do Sahel – composta de tropas de Mali, Níger, Chade, Burkina Faso e Mauritânia – começou a se preparar para ser enviada para uma região já ocupada pelas operações contraterroristas da França, as Forças Especiais dos EUA e forças de paz da ONU. 

Apesar da ação militar dever desempenhar um papel na redução da influência dos jihadistas, a força do G5 levanta mais questões do que respostas. Ela não tem um inimigo definido; em vez disso, planeja operações contra uma variedade de jihadistas, traficantes e outros criminosos. Derrubar o tráfico em regiões onde esse negócio representa a base da economia local poderia alienar as comunidades. Os líderes regionais também parecem propensos a utilizar erroneamente o apoio militar para aumentar o seu próprio poder. 

Para evitar maior deterioração, os esforços militares devem ser acompanhados de uma estratégia política que se apoia na conquista do suporte de populações locais e neutralização, em vez de agravamento, de conflitos locais. A abertura ou restauração de linhas de comunicação com alguns líderes militantes não deve ser descartada, se isso ajudar a diminuir a violência. 

República Democrática do Congo 

A determinação do presidente Joseph Kabila de manter o seu poder ameaça aumentar a crise no Congo e uma emergência humanitária que já está entre as piores do mundo. No final de 2016, o acordo de São Silvestre parecia oferecer uma saída, pedindo eleições até o final de 2017, após as quais Kabila deixaria o poder (o seu segundo e, de acordo com a Constituição Congolesa, último mandato que deveria ter terminado em dezembro de 2016). 

Ao longo do último ano, no entanto, o seu regime retrocedeu, explorando a desordem da oposição congolesa e diminuição da atenção internacional e renegando um acordo de divisão do poder. Em novembro, a comissão eleitoral anunciou um novo calendário – com votação ao final de 2018, estendendo o regime de Kabila por pelo menos mais um ano. 

O caminho mais provável para 2018 é uma deterioração gradual. Mas há cenários piores. Conforme o regime se enfraquece, fracassando em assegurar algumas regiões do país, e inflige instabilidade em outras, o risco de um decaimento mais rápido para o caos continua – com graves implicações regionais. 

Já há sinais preocupantes. Um descontentamento popular aumenta o risco de agitação em centros urbanos; nos últimos dias, a dispersão violenta de manifestantes em Kinshasa e em outras cidades levou a várias mortes. Em outras regiões, milícias locais atacam diversas províncias. Combates no último ano na região de Kasai deixou mais de três mil mortos, e o conflito no leste do país mata dezenas de vítimas por mês. 

O envolvimento internacional foi impreciso. Discordâncias entre a África e o ocidente não ajudam: as potências ocidentais são mais críticas e sancionaram parte do grupo de Kabila e líderes africanos e organizações regionais estão relutantes em criticar o governo abertamente, mesmo que alguns reconheçam os perigos de modo privado. Apenas uma diplomacia mais ativa, forte e unificada – e, idealmente, mais envolvida com a oposição congolesa – tem chances de influenciar Kabila para uma transição pacífica. Os princípios de São Silvestre (eleições legítimas, sem um terceiro mandato para Kabila, uma abertura do espaço político e respeito aos direitos humanos) ainda oferecem o melhor caminho para sair da crise. 

Ucrânia 

O conflito no leste da Ucrânia tomou mais de 10 mil vidas e constitui uma grave crise humanitária em andamento. Enquanto perdurar, as relações entre a Rússia e o ocidente não devem melhorar. Áreas ocupadas por separatistas são disfuncionais e dependentes de Moscou. Em outras áreas da Ucrânia, uma raiva crescente da corrupção e do acordo de Minsk II em 2015, que a Rússia e os aliados ocidentais da Ucrânia insistem ser o caminho para resolver o conflito, cria novos desafios. 

A implementação do acordo está parada: Moscou aponta o fracasso de Kiev em manter as provisões políticas do acordo de Minsk, incluindo devolver o poder das áreas ocupadas por separatistas quando elas forem reintegradas à Ucrânia; Kiev argumenta que não pode fazer isso enquanto a interferência russa e a insegurança naquelas áreas persistirem. Ambos os lados continuam a trocar ataques ao longo da linha que divide as tropas ucranianas dos separatistas e das forças russas. 

Mas o leste não é a história toda. O Estado ucraniano permanece frágil até mesmo fora das áreas em que Moscou interfere diretamente. O governo do presidente Petro Poroshenko não tratou a corrupção que está na raiz de muitos dos problemas do país. Muitos ucranianos estão perdendo a fé nas leis, instituições e elites. O ressentimento contra o acordo de Minsk, que os ucranianos veem como uma concessão aos separatistas e a Moscou, está crescendo, inclusive entre reformistas. 

Considerando o impasse diplomático, a circulação da Rússia de um esboço da resolução do Conselho de Segurança da ONU em setembro de 2017 é uma surpresa. Há bons motivos para suspeitar das intenções da Rússia. Apesar do alto custo do seu envolvimento, pouco sugere que pretende afrouxar o seu controle sobre o leste da Ucrânia. As forças armadas com baixo poder bélico propostas, cujo mandato incluiria apenas oferecer segurança para o monitoramento da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, teria maior probabilidade de congelar o conflito do que resolvê-lo. 

Ainda assim, a proposta de Moscou abre uma janela para Kiev e seus aliados ocidentais explorarem como os pacificadores poderiam assegurar, não apenas a linha de separação, mas também a fronteira da Ucrânia com a Rússia e criar condições para as eleições locais e a reintegração de áreas ocupadas por separatistas. Eles deveriam, entretanto, considerar a animosidade crescente contra o acordo de Minsk. O envolvimento da Europa é essencial para o progresso de negociações pacificadoras e para promover um debate mais equilibrado na Ucrânia que possa superar a resposta nacionalista contra o acordo de Minsk. 

Venezuela 

A Venezuela teve mais uma mudança para pior em 2107, com o governo do presidente Nicolás Maduro sucateando ainda mais o país enquanto aumenta o seu controle político. A oposição implodiu. As chances de uma restauração pacífica da democracia parecem menores do que nunca. Mas com a economia em queda livre, Maduro enfrenta grandes desafios. A expectativa é que a crise humanitária aumente em 2018 com o PIB continuando a diminuir. 

No final de novembro, a Venezuela foi inadimplente em parte da sua dívida internacional. Sanções farão com que a reestruturação da dívida seja quase impossível. Um aumento do suporte russo é pouco provável, enquanto a China parece relutante em ajudar Maduro. Uma inadimplência poderia provocar uma crise nos ativos venezuelanos no exterior, prejudicando o comércio de petróleo que corresponde a 95% da receita de exportação do país. 

Manifestações e conflitos que mataram mais de 120 pessoas entre abril e julho de 2017 retrocederam após as eleições em julho de uma Assembleia Constituinte Nacional composta totalmente de aliados do governo. Votações subsequentes para governadores e prefeitos levaram a grandes derrotadas da oposição em disputas sobre a sua participação. Mas escassez de comida, colapso do sistema de saúde e aumento da violência significam que as condições para agitação persistem. 

Apesar de políticos da oposição enxergam a votação presidencial, marcada para o final de 2018, como uma oportunidade e um ponto de entrada para envolvimento estrangeiro, é pouco provável que o governo permita uma votação legítima. Ele talvez determine uma antecipação da votação, pegue os seus oponentes despreparados e utilize as mesmas táticas de supressão de votos usadas para ganhar eleições locais e regionais. Se a oposição começar a mostrar sinais de recuperação, Maduro pode tentar evitar as eleições alegando que ameaças externas pedem um estado de emergência. Um cenário menos provável é que o partido governista se divida na escolha de quem será o sucessor de Maduro; sem um mecanismo formal, o exército provavelmente seria o árbitro. Enquanto isso, o Estado venezuelano enfraquecido continuará a oferecer refúgio para redes criminosas e oportunidades para lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e de pessoas, inquietando ainda mais os países vizinhos da Venezuela. 

O prognóstico para 2018 é de maior deterioração, urgência humanitária e um aumento do êxodo de venezuelanos. Uma pressão doméstica e internacional constante – assim como garantias de imunidade futura – será necessária para levar o governo para eleições presidenciais legítimas. 

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Malley é presidente e CEO do International Crisis Group. Serviu como assistente especial do presidente Barack Obama e foi coordenador da Casa Branca para o Oriente Médio, África do Norte e a região do Golfo de 2015 a 2016.

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