Em vez de pregar o Apocalipse climático, Carlos Monroy Sampieri inventou torres de algas que substituem 368 árvores.| Foto: Reprodução/ Instagram
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Reclamações e discursos não vão salvar o planeta. Mas ações concretas podem, sim, garantir a continuidade da vida na Terra. Conheça dez pessoas que não se tornaram famosas porque fazem discursos apocalípticos agressivos – elas estão trabalhando, com sucesso, no desenvolvimento de invenções capazes de resolver alguns dos maiores problemas do século 21.

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Carlos Monroy Sampieri

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Onde mora: Cidade do México (México)

O que criou: Torre de microalgas

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Quais as vantagens: As algas têm a capacidade natural de transformar monóxido e dióxido de carbono em oxigênio. Sabendo disso, o empreendedor mexicano, fundador da empresa Biomitech, desenvolveu, com mão-de-obra local, uma espécie de planta artificial, uma torre com microalgas nos filtros. Batizada de Biourban, a estrutura é capaz de fazer o mesmo trabalho de fotossíntese de 368 árvores. O invento venceu um prêmio de inovação em 2019 e está disponível para instalação em indústrias, shoppings, condomínios ou praças. Com a vantagem adicional de que o processo gera biomassa, que pode ser utilizada para produzir biocombustível.

Boyan Slat

Onde mora: Roterdã (Holanda)

O que criou: Um veículo que coleta plástico dos oceanos

Quais as vantagens: O inventor holandês tinha 16 anos, em 2011, quando, de férias na Grécia, ficou inconformado ao perceber que o mar na região estava cheio de plástico. Aos 18, fundou uma empresa, a The Ocean Cleanup, cujo objetivo é colocar nos mares um veículo capaz de coletar esse material das águas. O empreendedor, que hoje tem 25 anos, mantém um protótipo em funcionamento na Indonésia e outro na Malásia – eles têm capacidade de retirar aproximadamente 50 toneladas de lixo da água por dia e atuam nos rios (a proposta atual da empresa é coletar o plástico antes que ele chegue ao mar). O objetivo de Slat é ambicioso: limpar os oceanos até a década de 2040.

Claudio Bastos

Onde mora: Rio de Janeiro (BR)

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O que criou: Embalagens a partir de mandioca

Quais as vantagens: Ao longo dos últimos 18 anos, o empreendedor brasileiro desenvolveu e colocou no mercado copos e embalagens produzidos a partir da mandioca, que depois do descarte podem ser reutilizados como adubo. O impacto dos produtos produzidos pela empresa de Claudio, a CBPak, é enorme: uma empresa de 500 funcionários consome, em média 80 mil copos de plástico todos os meses, o suficiente para produzir 3,5 toneladas de lixo. Com a vantagem de que a matéria-prima está disponível em todo o Brasil, o que reduz as emissões provocadas pelo transporte. A CBPak também retira os copos usados, o que garante que eles cheguem ao campo.

Kevin Kumala

Onde mora: Bali (Indonésia)

O que criou: Uma linha de sacolas biodegradáveis

Quais as vantagens: Para lidar com o problema que incomoda Boyan Slat, o empreendedor indonésio encontrou uma solução semelhante à do brasileiro Claudio Bastos. Cansado de ver moradores e turistas carregando sacolas plásticas, que eventualmente acabariam no mar, Kevin Kumala desenvolveu sacolas plásticas a partir da raiz da mandioca. A linha de sacolas e bolsas biodegradáveis Avani pode ser reaproveitada como adubo e também ser digerida por animais terrestres ou marinhos. A mesma tecnologia deu origem a capas de chuva, um item importante para a úmida Indonésia. Até agora, os produtos da Avani substituíram mais de 8 mil toneladas de plásticos.

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Carlos Gomez Andonaegui, Gabriel Parisi-Amon e Philip Winter

Onde moram: São Francisco (Estados Unidos)

O que criou: Chuveiros e torneiras que reduzem o consumo de água em 70%

Quais as vantagens: Tecnologias utilizadas em foguetes e em equipamentos médicos foram adaptadas e aplicadas a chuveiros e torneiras. O resultado é a Nebia, uma linha de aparelhos para banheiro e cozinha que reduz o consumo de água em 70%, na mesma medida em que aumenta a pressão e a área coberta pelo jato. Tim Cook, o CEO da Apple, comprou o seu no dia em que tomou um banho com um Nebia na academia. Os chuveiros, que podem custar R$ 500, viraram moda no Vale do Silício. A empresa estima que seus produtos já garantiram a economia de 450 milhões de litros de água, o equivalente a 182 piscinas olímpicas.

Yair Teller, Oshik Efrati e Erez Lancer

Onde moram: Beit Yanai (Israel)

O que criou: Um digestor de resíduos orgânicos que gera gás de cozinha

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Quais as vantagens: Demorou cinco anos até que os três empreendedores israelenses ficassem satisfeitos com seu sistema doméstico de compostagem, capaz de fornecer gás para um fogão. Projetado para comunidades afastadas, o HomeBiogas acabou por encontrar mercado nos centros urbanos porque é extremamente eficiente: o coletor de resíduos comporta resíduos que vão desde resto de comida até fezes de animais e garantem duas horas diárias de cozimento de alimentos. Assim, o sistema reduz o consumo do gás de cozinha, combustível fóssil que costuma manter acesas as chamas dos fogões de todo o mundo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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