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O sucesso improvável de um compositor do interior do Maranhão. Uma modelo que aprontou mil e uma confusões em Paris. Um ex-procurador que lançou um livro pouco lido, mas muito comentado. Um YouTuber de cabelos coloridos. Um diretor de teatro que estava com a carreira arruinada. E, por fim, uma menina de olhar raivoso e que, do alto de seus 16 anos, pretende salvar o mundo.
O ano de 2019 foi marcado por personagens que nos fizeram rir ou chorar, que causaram indignação e, sobretudo, que serviram de matéria-prima para muita reflexão. Selecionamos 15 dessas pessoas que, ao longo do ano, fizeram por merecer seus proverbiais 15 minutos de fama.
Manoel Gomes
O compositor maranhense Manoel Gomes conheceu o estrelato com seu improvável sucesso Caneta Azul. A música, de uma simplicidade quase insuportável, alcançou milhões de brasileiros que passaram dias repetindo o refrão grudento. E, para certa elite intelectual, a música também serviu para que eles percebessem que não, o brasileiro não passa o dia ouvindo bossa nova e recitando poesia.
Fábio Assunção
O galã das telenovelas dos anos 1990 expôs todo o drama do seu envolvimento com drogas e, por isso, alcançou o status de meme – glória máxima para alguns, mas não para Fábio Assunção. Motivo de piadas, o ator reclamou de estarem usando o seu vício para fazer rir, o que gerou mais um capítulo no interminável debate sobre o que é lícito ou não no humor.
Najila Trindade
A modelo Najila Trindade se envolveu com o jogador Neymar, dando origem não a uma comédia, e sim a uma “tragédia romântica” que tomou o Brasil de assalto. Ao acusar o atleta do Paris Saint Germain de estupro às vésperas da Copa América, num episódio que misturava música golpel, vinho rosé e funk em Paris, Najila chamou a atenção para a vida íntima de Neymar, expondo-o ainda mais ao escrutínio público..
Henrique Fogaça
O cozinheiro-metaleiro Henrique Fogaça foi a Roma e, ao lado de duas freiras, posou com uma camiseta que mostrava um beijo lésbico entre... duas freiras. O gesto pretendia ser uma manifestação de rebeldia, mas não deu muito certo. Diante da reação raivosa de parte do público, Fogaça pediu perdão. Alguns dias mais tarde ele caiu acamado num hospital de São Paulo.
Roberto Alvim
Depois de dar uma entrevista para a Gazeta do Povo na qual se dizia boicotado pela classe artística por ser conservador e cristão, o diretor Roberto Alvim assumiu o cobiçado cargo de Secretário da Cultura do governo de Jair Bolsonaro. Mais tarde, o diretor ainda se envolveria em outras situações controversas, incluindo uma discussão pública com a atriz Fernanda Montenegro.
Petra Costa
Determinada a ter a palavra final sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a cineasta Petra Costa lançou o documentário Democracia em Vertigem, aclamado pela esquerda e igualmente rejeitado pela direita. Meses mais tarde, a narrativa de Costa serviu como contraponto a Não Vai Ter Golpe, documentário do grupo Movimento Brasil Livre sobre o mesmo assunto.
Glenn Greenwald
Vencedor do Prêmio Pulitzer, casado com o deputado federal David Miranda e militante, o jornalista Glenn Greenwald chamou a atenção por dois motivos. Primeiro por ter se apoderado de mensagens supostamente tiradas de celulares de importantes autoridades envolvidas na Operação Lava Jato. Depois, por ter trocado socos com o também jornalista Augusto Nunes durante um debate num programa de rádio.
Felipe Neto
O YouTuber de cabelos coloridos deixou as piadas e memes que o tornaram famoso e milionário de lado e resolveu falar sério. Assim, ele se tornou o queridinho dos progressistas, defendendo causas como o veganismo e lutando, durante a Bienal do Rio de Janeiro, contra o que ele viu como censura a “livros LGBT” – na verdade uma história em quadrinhos com um beijo entre dois meninos.
Rodrigo Janot
O ex-procurador geral da República Rodrigo Janot escreveu um livro de memórias. Ele pretendia que seu livro fosse um documento histórico revelador, daqueles capazes de fazer tremer as bases institucionais do país. Para tanto, Janot deu uma entrevista desastrada na qual dizia que tinha ido armado ao STF para matar o ministro Gilmar Mendes. O golpe publicitário deu errado. O livro caiu na Internet e Janot acabou tendo de esclarecer o episódio.
Silvio Santos
O octogenário apresentador e animador Silvio Santos continua vivendo numa época em que tudo o que fazia era motivo de aplauso. Ele deu motivo para a esquerda usar politicamente seu mau gosto travestido de espontaneidade ao exibir crianças usando trajes de banho e lhes fazendo perguntas capciosas durante um concurso de beleza infantil.
Megan Rapinoe
A jogadora de futebol da seleção dos Estados Unidos foi eleita a melhor do mundo pela Fifa. Insatisfeita com a glória em campo, contudo, Megan Rapinoe passou a usar sua habilidade com a bola para se fazer politicamente ouvida. Opositora do presidente Donald Trump e ativista LGBT, ela também acusou Cristiano Ronaldo e Leonardo Messi de serem ótimos jogadores, mas sem a devida atuação social.
O sniper do governador Wilson Witzel
Em agosto, um louco sequestrou um ônibus na ponte Rio-Niterói. Imediatamente se instalou o temor de que uma tragédia semelhante à do “ônibus 174” se repetisse. O lunático, contudo, foi contido por um sniper – o que gerou pulinhos de comemoração por parte do governador Wilson Wilson e revelou o quão indignada a população está com a epidemia de violência no Brasil.
Gregório Duvivier
O humorista Gregório Duvivier faz de tudo para aparecer – e consegue. Quando convém, ele grita contra a censura de que se considera vítima. Mas, também quando convém e o censurado é um inimigo ideológico, ele não se manifesta. Sua mais recente tentativa de se firmar na constelação de intelectuais-humoristas do Brasil (ao lado de Felipe Neto) é o especial de Natal do grupo Porta dos Fundos, no qual Jesus é retratado de uma forma nada decorosa.
Olavo de Carvalho
De intelectual influente nas eleições de 2018, Olavo de Carvalho passou a ser intelectual influente no governo de Jair Bolsonaro. Ele foi responsável por indicações polêmicas de ex-alunos seus, bem como por tuítes cheios de palavrões e ataques pessoais contra seus inimigos. Seu discurso é marcado por certo caráter revolucionário, quase jacobino.
Greta Thunberg
A furiosa adolescente Greta Thunberg decidiu faltar à aula uma vez por semana para lutar pelo meio ambiente. Em pouco tempo, ela se transformou no maior símbolo da causa. Thunberg ganhou mais notoriedade ainda quando, depois de um discurso na ONU, ela ousou repreender todos os adultos malvadões pela extinção da Humanidade – o que ela acredita que acontecerá em breve.