Há preocupações cada vez maiores de que as pessoas estejam perdendo alguma noção em comum sobre o que é a verdade.
Sites que oferecem manchetes sensacionalistas e de alta carga emocional e espalham boatos infundados disfarçados de “fatos” têm pipocado como ervas daninhas e ameaçado as fontes de notícias tradicionais. No que acreditar? Os cidadãos ficam perdidos. Como Pôncio Pilatos, na Bíblia, que se indaga em seu julgamento de Jesus: “O que é a verdade?”.
Alguns anos atrás, um “âncora de noticiário falso” chamado Stephen Colbert em seu programa de comédia “The Colbert Report” cunhou a palavra “truthiness” [que poderia ser traduzida como “verdaditude”] para descrever como as pessoas preferiam acreditar no que elas querem que seja verdade e evitar informações que possam ir contra as suas crenças. Esses são os impulsos que podem ser alimentados por notícias falsas.
São legítimas as preocupações em torno das notícias falsas que se espalham online. Cada vez mais e mais pessoas recebem a maior parte das suas notícias e informações, quando não todas, de fontes online, muitas vezes em redes sociais como o Facebook e o Twitter.
Censurar notícias ou apontar para algum árbitro que declare o que é ou não verdade não só não funciona como ameaça os direitos dos cidadãos à liberdade de imprensa.
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Então, o que se pode fazer?
As pessoas já aprenderam que, ao entrarem na internet, elas devem proteger suas informações pessoais, tais como senhas, dados financeiros e de documentos. Não faltam lembretes para não clicar em links suspeitos. Essas medidas de precaução precisam se estender também para o consumo de notícias e informações.
Os pais precisam ajudar as crianças a se tornarem usuários da internet capazes de ter esse discernimento, e as escolas precisam dar aos alunos uma “alfabetização de mídia” online. Pessoas de todas as idades precisam aprender como evitar o joio no meio do trigo (para usar outra analogia bíblica) no consumo de notícias.
Esforços já estão em andamento para criar listas de casos evidentes de sites de notícias falsas, muitos dos quais não têm nenhuma outra motivação além de fazer dinheiro escrevendo textos que sejam revoltantes o suficiente para atrair cliques.
Há boas intenções por trás da criação de listas de sites de notícias falsas, mas elas são problemáticas também. Sites de notícias falsas podem desaparecer rapidamente e depois reaparecer sob um novo nome. E o mais importante é que o próprio processo de listagem pode levar os criadores de listas a discussões sobre como decidir quais sites qualificam como falsos.
É provavelmente mais produtivo oferecer aos indivíduos as ferramentas para ajudá-los a decidir sozinhos a veracidade de um site ou uma história compartilhada. E já há organizações de pesquisadores, bibliotecários e jornalistas se esforçando para fazer justamente isso.
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O leitor ao encontrar uma notícia online, por exemplo, pode se perguntar:
1. Qual é a fonte dessas informações? Até mesmo um olhar rápido na seção de “Sobre” no site (ou a ausência de uma tal seção) pode ser uma pista sobre a legitimidade da história.
2. Qual o nível de cuidado da edição do site? Sites de notícias falsas costumam conter erros frequentes de grafia e gramática.
3. A notícia ou o site apelam mais às emoções do que ao pensamento ponderado e a redação foi composta de modo a despertar sentimentos de raiva? Esse é um dos principais sinais que denunciam notícias falsas.
4. Tem mais algum lugar que esteja cobrindo a mesma história? O site oferece links para as fontes originais, como algum estudo, que dê credibilidade ao que está sendo dito? Se uma história alega algo que você não viu em nenhum outro lugar, reserve algum tempo para triangulá-la.
O jornal “Christian Science Monitor” foi fundado há mais de um século para combater a chamada “imprensa marrom” da sua época, que criava sensacionalismo em torno das matérias ou até mesmo chegava a alegar coisas falsas para distorcer a verdade. Hoje, os leitores de notícias online precisam ser seus próprios editores de jornal pessoais e rejeitar o apelo das notícias falsas, em busca da visão mais precisa dos eventos.
Cuidado
Leitores responsáveis de notícias também devem pensar antes de compartilhar algo numa rede social. Uma manchete falsa pode oferecer confirmação dos seus sentimentos sobre um dado tema, mas você mesmo leu a história e a considerou suficientemente bem pesquisada a ponto de valer a pena compartilhar? Repassar notícias falsas só ajuda a espalhar desinformação.
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