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Cultura do cancelamento: como sobreviver ao ódio das redes?
Cultura do cancelamento: como sobreviver ao ódio das redes?| Foto: Pixabay

Como mulher negra e conservadora há mais de 40 anos, sou especialista em ser cancelada. Fui cancelada pela esquerda política muito antes de a cultura do cancelamento estar na moda. Se há uma coisa que os progressistas e esquerdistas detestam mais do que um conservador, é um conservador negro.

A América progressista não quer ouvir os conservadores afro-americanos porque contrariamos sua narrativa de que os negros precisam de salvadores progressistas, especialmente aqueles que trazem mais intervenções do governo de presente.

Mas não fomos cancelados apenas pelos progressistas. Por décadas, eles trabalharam para colocar uma barreira entre os conservadores negros e nossas próprias comunidades. Como resultado, muitos líderes afro-americanos não nos convidaram para a mesa e não nos permitiram oferecer nossas ideias para ajudar a resolver problemas em nossas próprias comunidades. Não éramos considerados "verdadeiramente negros" — seja lá o que for isso.

E assim continua até hoje.

Progressistas negros, mas especialmente os brancos, tiveram a audácia de me dar um sermão sobre ser uma traidora de minha raça quando comecei a pensar por mim mesma como uma jovem de 20 anos — quando comecei a questionar por que pensávamos que o governo sempre foi a resposta para nossos problemas.

Eles me chamaram de traidora quando me tornei a porta-voz nacional do Comitê Nacional pelo Direito à Vida e falei sobre o trágico problema do aborto, especialmente na comunidade afro-americana. Eles enlouqueceram quando fundei um centro para ajudar mulheres negras grávidas a manterem seus bebês.

E quando liderei o esforço para reformar a previdência social na Virgínia na década de 1990 — tentando reformar um sistema que desencorajava o casamento e o trabalho, que enfraquecia a família negra e fomentava a dependência perpétua — eles realmente explodiram!

Aparentemente, eu não sabia meu lugar.

Como alguém que é uma figura pública há quatro décadas, aprendi a navegar tanto por esse tipo de cultura do cancelamento quanto pela cultura “woke” que permeia a sociedade atual.

Aqui estão sete lições que aprendi:

  • 1. Em primeiro lugar, não dê a mínima para a cultura de cancelamento. Se fizer isso, você estará dando a pessoas mesquinhas um controle que elas não merecem. Perceba que muitas vezes são pessoas que querem silenciar suas ideias porque temem que, se outras pessoas as ouvirem, elas concordem.
  • 2. Sempre seja honesto. A melhor defesa é sempre a verdade. Além disso, certifique-se de ter os fatos claros antes de falar e de que você é capaz de sustentar o que diz.
  • 3. Quando você estiver errado, tenha a coragem de admitir que errou. Mas quando você estiver certo e adotando uma postura baseada em princípios inegociáveis, tenha a coragem de defender esses princípios, mesmo diante de críticas acirradas. Outros verão sua força e serão encorajados por ela.

Mas se você estiver certo e ceder, você só servirá para encorajar a cultura do cancelamento. Você alimentou o apetite voraz dos canceladores e o tornou mais forte, dando-lhe mais energia para procurar sua próxima vítima. Você tornou mais difícil para os outros defenderem a verdade e, como resultado, muitos continuarão a se encolher em silêncio.

  • 4. Não tente cancelar outros. Não há necessidade de ser cruel e adotar a tática de cancelamento. É aqui que eu volto às minhas raízes baseadas na fé. Todos nós estamos muito aquém da perfeição. Precisamos mostrar graça e perdão para com os outros, especialmente se esperamos a mesma misericórdia dos outros quando inevitavelmente tropeçamos.
  • 5. Tenha princípios e não seja um hipócrita. Os hipócritas são alvos fáceis de cancelamento e são divertidos para que todos os lados derrubem alguns pinos.
  • 6. Tenha ciência de que qualquer coisa que você escrever ou disser na frente de uma câmera (até mesmo o celular de um amigo) pode acabar viralizando nas redes sociais ou chegar à primeira página de um jornal. Se você não está de acordo, pense duas vezes antes de dizer ou fazer qualquer coisa.
  • 7. Há uma quantidade enorme de pessoas que estão dispostas a, deliberadamente, tirar as coisas do contexto para prejudicar os outros. Portanto, sempre inclua o contexto do que você diz e escreve publicamente, mesmo que isso signifique escrever um tweet um pouco mais longo ou levar 30 segundos extras para explicar completamente o seu ponto. As pessoas ainda podem interpretá-lo fora do contexto, mas você sempre terá provas.

Por fim, você não pode ter medo de falar sobre o que você sabe que é certo. Você vai inspirar outras pessoas a seguir sua liderança e, quando mais pessoas se manifestarem, alcançaremos massa crítica suficiente para, eventualmente, cancelar a cultura do cancelamento.

Lembra dos velhos tempos quando era possível debater e discordar e ainda ser civilizado? O debate honesto tem sido a base para os americanos encontrarem as melhores soluções para nossos maiores problemas por quase 250 anos. Para o bem da nossa sociedade, é hora de voltar àquela época.

*Kay C. James é presidente da Heritage Foundation

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