Joe Biden aplaude a si mesmo por seus primeiros 100 dias de governo.| Foto: Fotos Públicas
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A natureza humana se mantém a mesma ao longo do tempo e do espaço. Por isso era usada para prever comportamentos políticos, econômicos e sociais que todos os países entendem.

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A oferta de dinheiro controla a inflação. Imprima-o sem aumentar a produtividade ou a oferta de bens e serviços e a moeda perde valor. Ainda assim, os Estados Unidos parecem rejeitar esse truísmo primordial.

Os Estados Unidos têm um débito de mais de US$ 28 trilhões — cerca de 130% do PIB do país. O governo prevê um déficit de US$ 2,3 trilhões em 2021, depois de registrar um déficit recorde de US$ 3,1 trilhões no ano anterior.

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A administração Biden ainda quer emprestar mais US$ 2 trilhões em programas sociais e de “infraestrutura”.

Na loucura dos últimos 100 dias, o preço de todas as coisas, da madeira aos alimentos, passando pela gasolina, carros e casas, disparou. Ainda assim, muitas das taxas de juros permanecem abaixo dos 3%.

Os empregos são abundantes; os trabalhadores, não. Surpreende alguém que as transferências do governo desestimulem os desempregados a procurar emprego?

Depois de 13 meses de quarentena, os norte-americanos estão gastando. Mas essa demanda repentina está provocando a escassez de alguns produtos. Os fabricantes temem o papo de Biden sobre aumento de impostos, maior regulamentação e cortes no desenvolvimento de energia.

Os velhos princípios são mesmo obsoletos? Devemos imprimir dinheiro e aumentar o débito do governo? É inteligente manter as taxas de juros próximas de zero, desestimulando o emprego, a produção e a inovação? Esse comportamento perigoso é garantia de inflação, acompanhada pela desastrosa estagflação.

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Criminalidade e política externa

Depois que George Floyd foi morto nas mãos da polícia em Minneapolis, algumas cidades norte-americanas diminuíram os gastos com o policiamento. A reação policial foi retardada em vários lugares, talvez também porque os policiais temessem ser demitidos por usarem a força.

O resultado? Em grandes cidades como Nova York e Los Angeles, os homicídios e outros crimes violentos dispararam.

Os governos municipal e estadual acreditam que não se enquadram nas leis básicas da criminalidade que dizem que, quando os criminosos percebem que não serão pegos nem punidos, eles tendem a cometer mais crimes.

O mesmo perigo de se ignorar alguns aspectos imutáveis da natureza humana se aplicam à política externa.

Antagonistas agressivos como Irã, Coreia do Norte, China e Rússia acreditam que a administração Biden vai reduzir os gastos com defesa. E o presidente Joe Biden soa até mais crítico da política externa de Trump do que os inimigos do país. Por que não assumir riscos que antes eram injustificados?

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Assim, as tropas russas ultrapassam a fronteira com a Ucrânia. A China aumenta o assédio sobre Taiwan. A Coreia do Norte lança mais mísseis. O Irã ameaça navios norte-americanos no Golfo Pérsico. E, agora, o Hamas dispara foguetes contra Israel.

Aparentemente, a administração Biden não sabia que as ditaduras e teocracias interpretariam sua sinalização de virtude como um sinal de fraqueza a ser explorado, e não magnanimamente retribuído.

O velho ditado do escritor romano Vegécio — "Si vis pacem, para bellum", se você quer paz, prepara-se para a guerra — era deprimente demais para ser levado a sério.

Antigamente, quanto maior o impedimento para se avançar sobre a fronteira de um país — muralhas e leis —, menos improvável era que houvesse imigração ilegal. Neste caso também a administração Biden aparentemente rejeitou os alertas dos antigos.

A interrupção da construção do muro, a promessa de anistia antecipada e a menosprezo à aplicação das leis geraram mais imigração ilegal.

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A recusa em chamar o caos na fronteira sul de “crise” não significa que a situação não seja um desastre.

Tensões raciais

A sabedoria antiga também alerta que os humanos preferem criar alianças dentro da própria tribo, definida por raça, etnicidade ou religião. Que o perigo à própria existência é o que leva nações multirraciais a sempre tentarem diminuir as diferenças tribais, dando ênfase a laços comuns como cidadania e interesses transcendentais. De outra forma, um país diverso acaba como o Líbano, Ruanda e a ex-Iugoslávia, onde as lutas tribais resultaram em derramamento de sangue e barbárie.

Ainda assim, durante três meses a administração Biden deu ênfase às diferenças raciais, e não aos nossos aspectos comuns. Ele estereotipa a população branca dos EUA — que não é nada uniforme em termos de classe e etnicidade — como um grupo que goza uniformemente de privilégios e que é sistemicamente racista.

Em meio a esse debate, o perigo é o de que as tensões raciais aumentem, os crimes de ódio disparem, os demagogos racialistas dominem o discurso, a meritocracia desapareça e a solidariedade tribal a substitua. Assim, a antiga ideia responsável pela formação dos Estados Unidos desaparecerá.

Quando um presente arrogante ignora a sabedoria do passado, o futuro previsível se torna assustador.

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Victor Davis Hanson é classicista e historiador no Hoover Institution da Stanford University.

© 2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês